Boa notícia para mulheres

“Desde que entrei na USP, há 25 anos, faço o Papanicolaou com regularidade. Mas, já faz mais de um ano que não faço.” Aparecida dos Santos

Reprodução
“A principal preocupação das pacientes quando recebem a notícia de que possuem lesões no colo do útero é em relação ao tratamento e suas conseqüências.” Edson Luiz Campos Jr.


 

O câncer do colo do útero na fase inicial é assintomático. “Quando os sintomas aparecem já está avançado, podendo haver sangramento durante a relação sexual, corrimento que nunca melhora ou uma ferida no colo do útero que não cicatriza”, afirma Rezende, explicando que o combate ao vírus é feito com cauterização elétrica e química, tanto em homens como mulheres.

Uma das maneiras para evitar a contaminação pelo HPV é o uso de preservativo. Quanto aos fatores de risco, os principais são: início precoce da atividade sexual, ausência de método de barreira (camisinha), multiplicidade de parceiros (mais de três parceiros por ano o risco duplica e quintuplica após o 5º parceiro), tabagismo – os produtos inalados na fumaça reduzem a resistência do colo do útero e facilitam a ação do vírus – e as doenças que provocam queda da imunidade.

“Mesmo as mulheres vacinadas devem continuar fazendo o exame de Papanicolaou periodicamente, porque existem os outros subtipos do HPV e outras doenças transmissíveis, como o HIV”, salienta Ferriani. A vacina é uma maneira de diminuir muito a incidência de contaminação e favorecer a população carente com menos acesso ao exame. “Nosso objetivo, em termos de saúde pública, é cobrir todas as formas de prevenção”, completa.

HPV – da mãe para o recém-nascido

Existe a possibilidade da mulher grávida contaminada pelo HPV transmitir o vírus para a laringe do filho durante o parto. A via vaginal é a principal, mas os partos de cesariana também oferecem risco.

“O recém-nascido tem chance de ter uma lesão de laringe pelo vírus HPV contraído durante o parto.” Rui Alberto Ferriani

Reprodução
Imagem computadorizada do vírus HPV

“Existem trabalhos que mostram o aumento da incidência de câncer na região de cabeça e pescoço, como o câncer de amígdala, associados ao HPV. O vírus pode ser encontrado inclusive no líquido amniótico, então nem o parto de cesariana pode proteger o bebê”, afirma Rezende.

Os rumos das pesquisas

O desenvolvimento da vacina começou em 1994. Ao todo no mundo, cerca de 27 mil pacientes já foram vacinadas. “Na fase em que a FMRP participou, a vacina foi comparada a um placebo, com o objetivo de provar sua eficácia. Uma nova fase da pesquisa irá comparar esta vacina quadrivalente com um outro tipo octavalente”, conta Ferriani, que prevê a chegada da vacina no Brasil neste mês de novembro.

Em um amplo estudo, a vacina é testada em todos os continentes. “Foi liberada para comercialização, mas quem vai ter acesso agora é quem tem dinheiro”, avalia Ferriani. Nos Estados Unidos, a dose custa 120 dólares, cada paciente necessita de três doses. “A vacina já foi apresentada ao governo, mas sua inclusão no calendário de vacinação vai depender de uma política pública e econômica”, acredita o coordenador da pesquisa na FMRP.

“A idéia é usar a vacina antes da primeira relação, antes da paciente se expor, para evitar a contaminação. Porém, no nosso estudo não foi excluída a paciente que já teve o contato com o vírus, porque estamos analisando também o efeito terapêutico da vacina. Mas isso ainda está sendo estudado, por enquanto, a indicação da vacina é preventiva”, revela Ferriani.

O critério de inclusão das 140 pacientes que participaram da pesquisa na FMRP foi ter entre 16 e 23 anos e no máximo três parceiros sexuais, onde se espera uma população de baixo risco. “Mesmo nessas mulheres, 20% a 30% já tinham o vírus. Encontramos de 8% a 10% de lesões, sendo pelo menos 4% pré-cancerosas. Essas pacientes foram tratadas e não desenvolverão o câncer”, conta Ferriani.

As mulheres que se interessarem em participar da segunda fase da pesquisa – comparação com a vacina octavalente – podem entrar em contato com o Centro de Saúde Escola da FMRP pelo telefone (16) 3963-2791.

Serviço

Ambulatório de Ginecologia do Hospital das Clínicas
Fone: 3069-6000
Serviço de Ginecologia e Obstetrícia do Hospital Universitário
Fone: 3039-9468

< anteiror página 1 | 2

   





web
www.usp.br/espacoaberto