Aos 70 anos, a garantia: “Enquanto eu tiver forças, inteligência e capacidade, estarei aí.”
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Seu
uniforme de trabalho é o
jaleco branco com o brasão da
Faculdade de Medicina na manga esquerda.
O homem tem fala baixa e pausada. Cabelos
grisalhos. Calmo. Desse jeito ele explica
a importância em ser o primeiro
especialista latino-americano a receber
o prêmio Sidney Ingbar: “O reconhecimento
internacional não significa apenas
a minha projeção, mas de
todo o conjunto da Universidade, órgãos
financiadores de pesquisa e colegas que
trabalham comigo. Eles foram o suporte
para eu publicar 253 artigos em revistas
internacionais e os 15 livros”.
Entre as obras que escreveu, O Gordo
Absolvido é a mais famosa,
por se tratar de uma publicação
destinada ao grande público.
Nela, o médico destaca os fatores
genéticos como um dos grandes
responsáveis pela obesidade,
absolvendo as pessoas da culpa isolada
pelo excesso de peso. “Muitos obesos
que vemos na rua possuem antecedentes
genéticos fortes: 30% a 40%
têm parentes obesos ou diabéticos”,
afirma. “Um dos grandes passos que
a medicina vai dar nos próximos
anos é o início do tratamento
fármaco-genético: uma
terapia em que os remédios visam à correção
de proteínas produzidas e dos
genes defeituosos.”
Enquanto o escritor prepara o próximo
livro, que é uma revisão
de O Gordo Absolvido, ele conta
suas preferências como leitor.
Novelas históricas no tempo da
Grécia e Roma antigas são
um prato cheio. O interesse é grande
também por obras que mostrem a
aplicação da ciência
no cotidiano. Mas o principal é a
lista de biografias que admira: “A de
Napoleão, já li duas ou
três vezes”. Na lista de personagens
aparecem ainda os presidentes norte-americanos
Abraham Lincoln e Harry Truman, e os
brasileiros Getúlio Vargas e Juscelino
Kubitschek. |
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Medeiros é casado,
ou melhor, “casadíssimo”, como ele
próprio se define, há 47
anos. É quase a mesma idade que
tem de relacionamento com a medicina. Desde
o início da graduação,
já se passaram 52 anos. Hoje tem
quatro filhos e nove netos. “Quando me
casei, eu estava no primeiro ano de residência.
Minha mulher reclamava porque, a cada três
noites, uma eu passava fora. Mas, fazer
o quê?”, brinca.
Por coincidência, o especialista,
cujas pesquisas fazem intersecções
com os hábitos alimentares, tem
uma filha que é chefe de cozinha
diplomada. “Ela conhece uns pratos extraordinários”,
diz, em referência ao camarão
no papaya, uma das especialidades que
adora.
Apesar da vida corrida durante toda
a semana, o professor procura se dedicar à família
e aproveitar o tempo livre. “Na sexta à tarde,
já parto para casa.” Ao pensar
sobre os projetos futuros, a conciliação
se torna mais evidente: nos próximos
meses, vai produzir artigos para o site Gerente
da Tireóide (Thyroid
Manager), voltada para
profissionais da saúde. Outro
plano é se dedicar mais ao sítio
nos arredores de São Paulo, para
onde viaja com a família.
O que tem lá, professor?
“Ah, não tem muita coisa não” (com
um sorriso no rosto). “Fazemos feno para
cavalos, é uma coisa bonita e
gostosa de ver. O final de semana lá,
pra mim, é um bálsamo.” |