Maestro Camaleão

OCAM

“Assim como a palavra precisa do branco do papel, o som precisa do silêncio.”

Crédito: Franciso Emolo
Giil Jardim com o CD Villa-Lobos em Paris e o livro O Estilo Antropofágico de Heitor Villa-Lobos, fruto de sua tese de doutorado e livre-docência.
 

A revisão de toda a grade curricular e reformas arquitetônicas estão incluídas nos planos do professor. O prédio ocupado pelo CMU não foi construído para abrigar um departamento de música, nenhuma das salas, a não ser um pequeno estúdio, possui tratamento acústico. “Muitas vezes percebemos que as condições do Estado são tão morosas que fazem com que parte do nosso plano de meta assuma uma figura utópica”, lamenta.

Ainda assim, para o chefe do departamento é inaceitável cruzar os braços. “Mais do que tudo na Universidade, precisamos de uma mudança de atitude, de um querer, sermos movidos por uma expectativa de futuro, sonhar, buscar o que está no futuro, senão não dá, um dia atrás do outro sem querer o dia que vem amanhã.”

Jardim está à frente da Ocam desde 2002. Quando assumiu, a grande mudança foi que a orquestra de 18 músicos passou a contar com 35 e a ter o apoio do programa Santander-Banespa Universidade. Além disso, passou a ter uma programação preestabelecida e a fazer mais concertos. São oito programas distintos por ano, cada um com três ou quatro récitas, ou seja, reapresentações.

Nos últimos oito anos, Jardim tem trabalhado com música clássica, especialmente Villa-Lobos. O CD Villa-Lobos em Paris, projeto em que foi diretor e regente, ganhou o selo de ouro de uma das mais importantes revistas de música, a francesa Diapason D'Or, quando esta lançou sua primeira edição no Brasil em 2005. O mesmo disco acaba de ganhar, em novembro, o Prime de Cultura da revista Bravo!

Os projetos particulares de Jardim incluem a realização de dois CDs e um encontro nacional por uma política de internacionalização da música clássica brasileira. O entusiasmo do regente não é menor ao falar de sua família. Há 17 anos casado com a publicitária Annelise Godoy, depois de seis anos ao lado da bailarina e coreógrafa Sonia de Alexandria, Jardim sorri largamente ao falar dos filhos, Alex e João Gabriel.

A música permeia a vida de Jardim, no trabalho e em casa. Os ídolos da juventude se tornaram parceiros de profissão e de vida. “O mais legal é que a gente convive muito com música, com artistas dentro de casa, e isso de alguma forma talha um pouco o perfil dos meus filhos”, observa o regente, que tem como padrinho de casamento e de seu filho mais velho, Milton Nascimento.

“O Alex estuda Jornalismo, mais para a área da mãe. E eu tenho outro filho que é uma graça também, de 10 anos, o João Gabriel. Ele tem duas opções: ser jogador de futebol ou pianista, está jogando cada vez melhor e tocando também, é muito sensível, tem um jeito para isso”, derrete-se. “O pequeninho está indo em um caminho mais parecido com o meu, o futebol e a música. Sempre adorei futebol, desde pequeno. Sou corintiano.” Aliás, Gil Jardim vem de Gilmar Roberto Jardim – Gilmar por causa de Gilmar dos Santos Neves, que foi jogador do Corinthians e da seleção.

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