arquivo pessoal

Leia também:
"O presidente matemático"
Marco A. Raupp chega à SBPC com bagagem de sobra

 

 

Ocupação da Amazônia

Não queremos que a Amazônia seja um santuário, mas também não queremos que seja um cemitério

“Para ocupar, adotando as melhores estratégias, é preciso ter o conhecimento científico básico sobre biodiversidade, clima, população, saberes tradicionais dos povos indígenas, medicina local, entre outras coisas.

Isso tudo precisa ser desenvolvido. Biodiversidade pode ser mais valiosa que a extração simples da madeira. Ao invés de queimar vários hectares, é mais valioso aproveitar cobras, insetos e folhas para deles retirar substâncias. Um miligrama disso vale mais que a madeira. Temos um exemplo concreto da necessidade de conhecer e explorar com racionalidade, respeitando nosso patrimônio.

Ciência na Amazônia é uma demanda para o desenvolvimento do País. Não é só da região. Estamos falando de ciência e recursos humanos desenvolvidos lá, não importados de outros países, que é para ampliar e manter a estrutura científica. A mesma postura vale para o semi-árido e para o Pantanal.”

 

Universidades públicas e empresas

Quem tem que gerar produtos é a empresa. Porém, ela precisa contar com o apoio da universidade

“A ciência no Brasil sempre foi desenvolvida por universidades, e o modelo de substituição das importações não demandou inovação tecnológica. As empresas eram filiais, já traziam a tecnologia de fora, ou contratavam escritórios estrangeiros.

Mas se quisermos competir no mercado global, nós temos que competir com produtos de alto valor agregado. As empresas têm que inovar e, para isso, dependemos da ciência e da tecnologia.

Portanto, é fundamental uma interação entre os produtores de conhecimento (universidades) e aqueles que querem transformar o conhecimento em bens de valores econômicos (empresas).

O quadro legal até era complicado para fazer esse tipo de cooperação. As instituições produtoras de conhecimento são públicas, enquanto as que transformam conhecimento em dinheiro são privadas. O quadro hoje está mudando. A Lei de Incentivo à Pesquisa (proposta pela Pró-Reitora de Pesquisa da USP, Mayana Zatz, esta lei abate impostos das empresas que financiarem atividades científicas. Foi promulgada em junho) é um exemplo disso.”

 

Ensino Médio

Tem minorias que sempre foram prejudicadas socialmente e eu sou a favor de cotas e políticas compensatórias

“Antigamente se tinha bons colégios públicos. Mas era só a classe média que ia para a escola. Aí, quando as classes menos favorecidas começaram a ir para a escola também, houve um colapso.Tinha muita gente matriculada e o nível de investimento não cresceu. Esse é um esforço que precisa ser retomado.

Em primeiro lugar vemos o impacto no nível superior. Você não pode ter uma porcaria de ensino médio e uma beleza de ensino superior. Nós temos uma boa pós-graduação, mas isso é exceção porque a maioria dos pós-graduandos são pessoas que se formaram em universidades da elite. Eu estou falando da USP. A USP é da elite, a Unicamp é da elite, a Uerj é da elite. Não é qualquer um que entra lá. Você precisa ter feito pré-vestibular, ter pago um bom ensino médio.

O que eu defendo é a massificação da qualidade. Não é qualidade para meia dúzia de pessoas. Tem minorias que sempre foram prejudicadas socialmente e eu sou a favor de cotas e políticas compensatórias. Isso é a minha posição, não sei qual é a posição da SBPC sobre isso.”

 

   







web
www.usp.br/espacoaberto