por Circe Bonatelli
Fotos por Cecília Bastos e Francisco Emolo

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“Hoje, 30% dos alunos que terminam a 8ª série em escola pública são analfabetos funcionais. Se não conseguem nem se alfabetizar, que dirá entrar numa boa universidade?” Mayana Zatz

 

 

 

 

 

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Secretário do Ensino Superior desde agosto, Vogt assumiu o posto no lugar de José Aristodemo Pinotti, que pediu demissão justificando questões pessoais


Como é possível resgatar a qualidade da escola pública?

Pouco mais de um mês após a Secretaria Estadual da Educação ter lançado o Plano de Metas até 2010, a USP adere e protagoniza outras ações para medicar o deficiente ensino público nos ciclos médio e básico.

Como recorda a pró-reitora de Pesquisa, Mayana Zatz, “na minha geração, quem estudava em escola pública como eu tinha muito mais chances de entrar numa boa universidade do que os alunos das escolas particulares. Cursinho, então, nem pensar!”.

Só que os tempos mudaram: segundo pesquisa da OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico), metade dos brasileiros na faixa dos 15 anos tem nível 1 de leitura, o mais baixo fixado pela Unesco, que habilita apenas a tarefas básicas diante da palavra escrita. Entre os 40 países avaliados, somente Macedônia, Albânia, Indonésia e Peru tiveram desempenho mais pífio. Levando em conta que 90% das crianças e adolescentes estão em escolas estaduais, a situação é um problema de Estado.

O tema entrou em pauta no encontro entre a alta cúpula da USP, Unesp, Unicamp e representantes da sociedade civil organizada, setor produtivo, governos estadual e federal. Na oportunidade, o Secretário do Ensino Superior, Carlos Vogt, compartilhou com reitores e autoridades presentes a mesma proposta já encaminhada ao governador José Serra: a criação da Univesp, Universidade Virtual do Estado de São Paulo.

O plano não é uma instituição feita de tijolo e concreto, mas sim um consórcio entre a TV Cultura e as três grandes universidades paulistas na esperança de expandir o ensino superior no Estado de São Paulo. A intenção do fermento é aprimorar os docentes da rede pública básica, secundária e superior.

Para os usuários da rede pública primária, o que mais pode interessar é a habilitação dos professores que dão aula da 1ª a 4ª séries. Muitos deles lecionam sem ter concluído sequer a 8ª série.

“Hoje, há uma estimativa de 20 mil professores nessa situação no Brasil. Estamos pensando em treinamento, educação continuada e programas de gestão para as escolas públicas,” aponta Vogt.

Sem o lançamento oficial da Univesp, as ações ainda não foram detalhadas pelo governo estadual, mas devem incluir cursos de língua e literatura portuguesa, inglês e informática aos professores. Num segundo momento, serão oferecidos cursos específicos de matemática, física, biologia, entre outras disciplinas.

O funcionamento será via encontros presenciais, acesso à internet e transmissão da própria TV Cultura. Segundo Vogt, a proposta já foi aprovada pelo governador e deve ser demonstrada em fevereiro de 2008. O orçamento prevê repasses de R$ 170 milhões nos próximos seis anos.

 

foto crédito: Cecília Bastos
A reitora Suely Vilela assina parceria para o Programa de Pré-Iniciação Científica


Iniciação antes de entrar na USP

Outro flanco na tentativa de resgatar os bons tempos da escola pública é o Programa de Pré-Iniciação Científica. Através dele, a USP abrirá os seus laboratórios para 400 alunos do ensino médio vindos da rede estadual. Duas vezes por semana, durante um ano, a moçada poderá desenvolver pesquisas nas três grandes áreas do conhecimento - exatas, humanas e biológicas - na capital e nointerior de São Paulo.

Ao desbravar a ciência, os jovens do 1º e 2º ano terão ajuda dos seus professores cotidianos, além dos novos colegas de estudo, desde o graduando ao pós-doutor.

Completa-se o incentivo com uma bolsa mensal de R$ 150, obtida pelo programa uspiano junto a parcerias privadas.

"O objetivo, a longo prazo, é aumentar as chances dos bons alunos de escolas públicas de entrar nas universidades ou escolas técnicas, desenvolver espírito crítico, aumentar a motivação para estudar, ou simplesmente ler", sintetiza a pró-reitora de Pesquisa, Mayana Zatz, coordenadora da iniciativa.

"A gente tem a percepção de que o aluno da escola pública não alcança a idéia de ser um aluno de uma universidade igualmente pública", pondera Alina Corrêa, diretora-geral do maior site com dicas para estudantes no Brasil, o Universia. "A universidade pública tem a missão de participar do desenvolvimento e formação do estudante."

Serviço

Programa de Pré-Iniciação Científica

Quem pode? Alunos do 1º e 2º ano do ensino médio da rede pública, onde houver unidades da USP. É preciso ter entre 15 e 18 anos, bom desempenho escolar e disponibilidade de oito horas semanais.

Os Anfitriões: Professores da USP, com doutorado concluído e recursos para receber os novos pesquisadores.

Como participar: enviar projetos para a Pró-Reitoria de Pesquisa, segundo especificações exigidas. Não serão aceitos projetos de caráter técnico ou administrativo.

Mais informações: acompanhe no site da revista Espaço Aberto ou no endereço: www.usp.br

 
 
 
 
 
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