por Talita Abrantes
fotos por Cecília Bastos e Francisco Emolo

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Foto crédito: Cecília Bastos
De acordo com Maria Aparecida Nagai, os diferentes tipos de câncer impedem a criação de um único tratamento. A idéia agora é criar perfis de cada espécie de tumor para desenvolver terapias específicas.


Cientistas acreditam estar no caminho certo para o controle do câncer

Para prevenir Aids, use preservativo. Gripe? Agasalho. Tétano? Ande calçado. Sarampo? Rubéola? Vacine-se. Os avanços da medicina e da farmacologia garantiram que a humanidade conseguisse driblar uma porção de patologias. Contudo, nosso progresso científico ainda não encontrou a solução para um mal que já tirava o sono de Heráclito (o pai da medicina) muitos anos antes do nascimento de Cristo. Ainda continuamos na saga pelo Santo Graal da ciência biológica: a cura para o câncer.

Esta busca, em seu sentido literal, contudo, é um pouco absurda. Isso porque se denomina câncer uma série de enfermidades que têm em comum o aparecimento da célula maligna. "Estamos falando de uma doença que é multifatorial. Que depende de fatores exógenos, endógenos, da suscetibilidade genética do indivíduo, do acúmulo de alterações genéticas", afirma Maria Aparecida Nagai, pesquisadora de oncologia genética do Hospital das Clínicas. Daí a dificuldade em encontrar uma fórmula eficaz para todos os tipos de tumor.


 

 

 

 

Foto crédito: arquivo pessoal
Marceli de Oliveira Santos, do Instituto Nacional do Câncer, aponta a prevenção e o diagnóstico precoce como melhor estratégia para driblar a doença hoje.


Maria Aparecida exemplifica com um medicamento usado em terapias de câncer de mama, o Herceptin. O remédio inibe o crescimento de um receptor celular chamado HER2 que, em proporções exageradas, pode contribuir para o desenvolvimento do câncer. A descoberta do medicamento, contudo, não determinou o fim deste tipo de tumor, que representa apenas 30% dos cânceres de mama. Mesmo nas mulheres que apresentam este desajuste o medicamento nem sempre é eficaz. "Muitas vezes, a paciente já tem uma série de genes alterados em outros locais", explica.

O Herceptin é um exemplo dos novos rumos da "cura" para o câncer. A idéia hoje é criar terapias mais específicas para cada caso. Para isso, as pesquisas atuais estão tentando construir um perfil de cada tumor, por meio das técnicas de chip DNA. Além de auxiliar as pesquisas farmacogênicas, tais perfis poderão identificar quais indivíduos podem desenvolver um câncer no futuro. Veja alguns exemplos de novas terapias aqui.

No entanto, ainda há um longo caminho para a concretização desta realidade. Enquanto isso, segundo a especialista, o melhor tratamento para o câncer é a prevenção. De acordo com a supervisora do Centro de Oncologia do Hospital das Clínicas, Maria Del Pilar, apenas 5% dos cânceres são hereditários. A porcentagem restante é de casos esporádicos, ou seja, que não têm predisposição genética e são originados, na maioria das vezes, por agressões que a célula sofre ao longo da vida. Em outras palavras, casos que poderiam ser prevenidos.


 

 


Marceli de Oliveira Santos, técnica da Divisão de Informação da Coordenação de Prevenção e Vigilância do Instituto Nacional do Câncer, explica que a estratégia hoje é garantir a prevenção primária e fazer o diagnóstico precoce dos cânceres. Investimentos em campanhas de conscientização e aprimoramento nas redes de atenção oncológica são alguns dos caminhos apontados por ela para vencer a luta contra a doença.

Saiba como prevenir o câncer em "Cortar o mal pela raiz". E conheça o que há de novo nas terapias contra a patologia em "Artilharia nova para a luta contra o câncer".

 
 
 
 
 
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