por Daniel Fassa
Fotos por Cecília Bastos e Francisco Emolo

Uma nova estratégia para um velho mal

Veja também:
Câmera na mão, foco na USP
Em experiência pioneira na América Latina, Universidade disponibiliza conteúdo audiovisual em site da internet

Foto crédito: Cecília Bastos
Mais que uma rede social na internet, a proposta do Stoa é ampliar no ambiente virtual as relações e idéias tecidas no cotidiano da Universidade


Criado há 1 ano, Stoa pretende reproduzir na internet a dinâmica do cotidiano da USP

Um corredor de intercâmbio de conhecimento, para os gregos. No mundo contemporâneo, a proposta de pesquisadores uspianos para a tendência de redes sociais na internet. Como todo bom sistema aberto da internet, a rede virtual Stoa, desenvolvida por pesquisadores do Centro de Ensino e Pesquisa Aplicada (Cepa) do Instituto de Física, em parceria com a Coordenadoria de Tecnologia e Informação (CTI), possui uma identidade multifacetada. Equipado com uma série de ferramentas colaborativas, a rede reúne em um só lugar as novidades da interação digital. Tudo feito sob medida para as necessidades do público USP.


Foto crédito: Cecília Bastos
“As pessoas perguntam porque uma universidade implementa um programa de rede social na internet, quando você já tem Orkut, Myspace, Facebook. A grande questão é que, ao gerenciar a sua própria plataforma, a USP pode adaptar o sistema às suas próprias necessidades”, argumenta o coordenador do projeto, Ewout ter Haar


“Nosso objetivo é utilizar tecnologia de rede moderna para apoiar o ensino”, explica o professor Ewout ter Haar, coordenador do projeto. Tanto que, a partir do primeiro semestre, o Stoa contará com uma ferramenta de gerenciamento de cursos. Os docentes poderão disponibilizar material didático, agendar atividades, entre outros. O professor Haar compara o novo software com uma sala de aula virtual. Já o ambiente dos blogs e outras comunidades, com os corredores da Universidade, onde os alunos interagem com seus pares. Por enquanto, a rede já é integrada à base de dados dos sistemas corporativos Júpiter e Fenixweb.

“A tendência de um aluno quando vem do Ensino Médio é de ser um consumidor de aulas. Mas a USP tem de combater isso”, opina Haar. Desta forma, segundo ele, é preciso fornecer as possibilidades para o aluno ser um ator ativo em seu próprio processo de aprendizado. Para ele, as novas tecnologias de comunicação digital são um prato cheio para isso. “Elas representam uma oportunidade importante para deixar o fluxo de informação menos vertical.”


 

 

Foto crédito: Cecília Bastos
A partir do início do primeiro semestre deste ano o Stoa oferecerá uma ferramenta de gerenciamento de cursos

 


O professor da Escola de Comunicações e Artes Luli Radfahrer apostou nesta idéia no último ano. Ele, que já disponibilizava o conteúdo das aulas em um blog, resolveu pedir que os alunos entregassem as tarefas da disciplina em formato wiki (ferramenta da internet que permite a edição coletiva de documentos) . “Os alunos são convidados a construir o conhecimento junto com o professor”, observa.

Além disso, a proposta permitiu que os trabalhos que antes eram jogados no lixo tornem-se conteúdo de acesso público. “A idéia é exatamente estimular o hábito de disponibilizar na web tudo aquilo que é produzido dentro da Universidade”, aponta Everton Zanello Alvarenga, um dos idealizadores do Stoa.

Os criadores acreditam que o sistema pode ainda servir como a ponte entre a Universidade e os antigos alunos. “A questão é criar uma identidade. Propiciar que mesmo fora dos muros da USP, os ex-alunos ainda possam criar e participar”, complementa Edgar Zanello Alvarenga, outro criador da rede.

E isso também vale para os funcionários. Além de ser um espaço para compartilhar idéias, o Stoa é um bom meio de comunicação. “Há a possibilidade de usar o sistema para fazer treinamentos, divulgar eventos”, palpita Haar.


 

 

Foto crédito: Francisco Emolo
“O aluno vai gostar mais da sua aula, você vai ficar com pose de moderno, vai ter uma condição melhor no lattes, isso vai te dar um trabalhão no primeiro mês e depois nunca mais. Falta argumento contra.”, afirma o professor Luli Radfahrer


A analista de sistemas da Prefeitura do campus Celina Hironaka por enquanto navega pelo Stoa apenas para descobrir quais as possibilidades de uso. No futuro, a idéia é aplicar a ferramenta no cotidiano da unidade. “Por enquanto, estamos apenas na fase de testes, mas já achei muito interessante para conhecer o que acontece na Universidade”, afirma.

Disponibilizado para o público a partir de fevereiro de 2007, o Stoa já contabiliza um total de 3.300 usuários. No entanto, ainda é subutilizado. Para se ter uma idéia, a comunidade mais popular da USP no Orkut conta com 37.948 membros. Não por acaso, os idealizadores da rede uspiana teimam em desvincular o Stoa desse site de relacionamentos do Google.

Para Radfahrer, professor da ECA, a questão é que apenas utilizamos aquilo que sabemos usar. Por isso, ele acredita que o grupo que coordena o Stoa deveria fazer uma melhor divulgação sobre as possibilidades do sistema. Ao mesmo tempo, ele afirma que as pessoas não podem ter medo de trabalhar com esses sistemas. “ Se desde o primeiro dia de aula você apresenta ferramentas interativas aos alunos, eles vão começar a demandar isso”, deduz. “Um clipe na mão do MacGyver é uma bomba, mas na mão de uma secretária é um prendedor de papel. Eu acho que as pessoas precisam desenvolver um pouquinho o espírito MacGyver com o Stoa, e a ferramenta permite isso”, pondera.

 
 
 
 
 
A Espaço Aberto é uma publicação mensal da Universidade de São Paulo produzida pela CCS - Coordenadoria de Comunicação Social.
Todos os direitos reservados®
e.mail: espaber@usp.br