por Talita Abrantes
fotos por Cecília Bastos

 



Faculdade de Medicina e Hospital das Clínicas aliam proibição ao tratamento antitabágico no combate ao fumo

Agora é proibido fumar dentro dos edifícios da Faculdade de Medicina (FM) e do Hospital das Clínicas (HC). No último 29 de agosto, Dia Nacional de Combate ao Fumo, as unidades lançaram campanha de prevenção e combate ao tabagismo. O objetivo é tornar o complexo hospitalar e a faculdade em ambientes livres do tabaco, a exemplo do que já acontece no Hospital Universitário.

A proposta, contudo, não é novidade no campus de Pinheiros. Em 1996, o Instituto do Coração recebeu o selo de ambiente livre do tabaco, ao mesmo tempo em que se tornou pioneiro no tratamento antitabágico no Brasil. “Nós não queríamos apenas proibir o cigarro, mas também oferecer apoio aos dependentes da nicotina”, explica a cardiologista Jaqueline Scholz Issa, coordenadora do Ambulatório de Tratamento do Tabagismo do InCor.

“Apesar de a doença cardiovascular ser a primeira causa de morte em fumantes, até 1993 o instituto não tinha tradição no combate ao uso de cigarro”, lembra a cardiologista. Nessa época, Jaqueline firmou um acordo com o Programa Tabaco ou Saúde da Organização Mundial da Saúde (OMS). “O InCor se tornou o primeiro instituto no Brasil a receber apoio formal da OMS”, conta. Com isso, estava dada a largada da luta contra o tabaco nas dependências do HC.

Até agora, mais de 2 mil fumantes já receberam tratamento no ambulatório coordenado por Jaqueline. Contudo, a cardiologista admite que o atendimento gratuito ainda é limitado por causa de problemas na distribuição de medicamentos antitabágicos feita pelo Ministério da Saúde. “Temos capacidade para atender 50 novas pessoas por mês, mas a freqüência irregular do envio dos remédios nos obriga a receber apenas 30 pacientes”, afirma.

 

 

Foto crédito: Francisco Emolo
De acordo com o coordenador do Sistema Integrado de Saúde da Universidade (Sisusp), José Franchini Ramires, o Programa de Prevenção e Tratamento de Uso de Álcool e Drogas da USP terá sede própria em breve

 

 


O mesmo problema acontece no Hospital Universitário. Há cinco anos, o pneumopediatra João Paulo Becker Lotufo coordena programa que oferece terapia antitabágica (www.tabagismo.hu.usp.br) gratuitamente para os funcionários da USP. "Embora o hospital seja credenciado para receber a medicação como centro antitabágico, os remédios  não chegam por problemas estruturais do Ministério da Saúde", justifica.  Com o intuito de melhorar o serviço, no futuro, todos os centros de tratamento do tabagismo do HC e HU serão integrados por meio de um sistema comum de atendimento e tratamento. “Desenvolvi um software de análise da eficácia das terapias antitabaco que será compartilhado por todos os outros ambulatórios”, prevê Jaqueline. Estratégia semelhante já está sendo aplicada no combate ao álcool e drogas na USP. No início de junho, a Congregação do Instituto de Psicologia cedeu uma área do Centro de Atendimento Psicológico (CAP) para o Programa de Prevenção e Tratamento de Uso de Álcool e Drogas da USP.  "O local centralizará todas as informações sobre pacientes e os procedimentos adotados",  explica José Franchini Ramires, coordenador do Sistema Integrado de Saúde da Universidade (Sisusp).

Esta medida é um exemplo claro da proposta do programa. Lançado este ano, o projeto pretende unificar a luta contra esses vícios. "Na Universidade, há várias unidades atendendo dependentes de drogas e álcool, no entanto, sem nenhuma sincronia", afirma Ramires. "A idéia é colocar todos os que trabalham com isso, juntos." Confira matéria sobre o Programa aqui.

De acordo com pesquisa coordenada por Jaqueline, 67% dos fumantes paulistanos queriam parar de fumar e 30% estavam prontos para parar imediatamente. Desde maio, a legislação estadual proíbe o uso de cigarros e equivalentes em bancos, hospitais, escolas, faculdades e repartições públicas. A multa para o fumante e para o responsável pelo estabelecimento está fixada em 37,59 Ufesp (Unidades Fiscais do Estado de São Paulo), o equivalente a R$ 559,34. Os funcionários dos setores de vigilância e de limpeza das unidades estão sendo capacitados para abordar as pessoas que descumprirem a lei.

 

 


 
 
 
 
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