Por Talita Abrantes
Fotos por Cecília Bastos e Jorge Maruta

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Crédito foto: Francisco Emolo
A reitora da USP, Suely Vilela, e o ministro de Ciência e Tecnologia, Sérgio Machado Resende, compartilham a idéia de que a Redecomep favorecerá a inserção das universidades brasileiras no circuito internacional de pesquisa


Rede de fibras ópticas à velocidade de 1 Gbps garante agilidade na comunicação de dados entre instituições da capital

Na arquitetura urbana, anéis viários são caminhos que circundam as cidades com o objetivo de escoar o trânsito. Projeto semelhante, porém com propósito e estrutura diferentes, acaba de ser inaugurado na rede metropolitana de São Paulo. Batizado de Metrosampa e composto por fibras ópticas, o novo anel conecta via internet sete centros de pesquisa e ensino da capital, entre eles três unidades da Universidade de São Paulo, à velocidade de 1 Gbps. "Trata-se de uma estrada bem larga para comunicação de dados", explica Victor Mammana, presidente do Comitê Gestor da Metrosampa. "É como se fosse uma banda larguíssima conectando todas essas instituições."

O projeto paulistano faz parte do programa Redes Comunitárias de Educação e Pesquisa (Redecomep), da Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP), que visa a implantar circuitos de alta velocidade entre as principais instituições acadêmicas de 27 cidades brasileiras. Todos estes circuitos são integrados nacionalmente pela Rede Ipê.

 

 

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“Estamos instalando uma estrutura de comunicação com vistas ao futuro”, afirmou Nelson Simões, presidente da Rede Nacional de Ensino e Pesquisa, durante o lançamento da Metrosampa

 

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“O uso da telemedicina, por exemplo, é possível graças a esta tecnologia”, aponta o coordenador da Redecomep, José Luis Ribeiro


A idéia é "consolidar uma infra-estrutura de ciência e tecnologia, para que os pesquisadores não precisem gastar tempo correndo atrás dos editais para fazer sua pesquisa", afirmou o ministro de Ciência e Tecnologia, Sérgio Machado Resende, durante a cerimônia de lançamento da Redecomep no último dia 19 de agosto. A reitora da USP, Suely Vilela, concordou com o ministro: “Trata-se de um passo importante para a inserção da Universidade no âmbito internacional”.
Seguindo esta linha, o coordenador da Redecomep, José Luis Ribeiro, acredita que a iniciativa qualifica o Brasil para participação em pesquisas internacionais de grande porte. "Em experimentos como aquele que simulará a origem do Universo [no laboratório de Cern, Suíça, com data prevista para outubro] são produzidos milhares de dados e as instituições participantes precisam ter infra-estrutura de rede suficiente para recebê-los", exemplifica. "Agora, o Brasil pode entrar para este clube."

A alta velocidade da conexão proporcionada pela Metrosampa já está sendo percebida em algumas unidades da Universidade de São Paulo. Na Faculdade de Direito, segundo Gil da Costa Marques, coordenador da Coordenadoria de Tecnologia da Informação, a internet operava a 2 Mbps de velocidade. "Não havia banda suficiente para passar o sinal de teleconferência", aponta. Com isso, "a baixa velocidade invibializava a colaboração entre os diferentes pesquisadores".

Agora, com "poder de fogo" 500 vezes maior, está marcada para novembro a transmissão simultânea de uma aula do professor Luis Eduardo Schuoueri ministrada na Faculdade de Direito para alunos de uma universidade australiana, a aproximadamente 14 mil km do Brasil. "Antes se o professor falasse cinco palavras, do outro lado da videoconferência as pessoas só entendiam 2 ou 3. Hoje, a qualidade é semelhante à da televisão", conta Franklin de França, supervisão técnico da sessão de informática da Faculdade de Direito.

 

 


“Outro benefício é a redução de custos”, afirma Victor Mammana, presidente do Comitê Gestor da Metrosampa

 


De acordo com Gil da Costa Marques, coordenador da Coordenadoria de Tecnologia da Informação, a Faculdade de Direito já está notando a diferença na velocidade da conexão com a internet


Diante de tanta promessa, Victor Mammana compartilha com os outros colaboradores da rede ambiciosas expectativas para o futuro da produção cientifica no país. "Geralmente as pessoas ficam escondidas no seu canto fazendo pesquisa, mas quando você abre um caminho de comunicação, elas se unem, criam uma sinergia e produzem mais", vislumbra.  O presidente da RNP, Nelson Simões, também pareceu bastante esperançoso:  “Não sabemos o que nos espera nos próximos dez anos”.

No entanto, Simões deve ter sim pelo menos um norte para o novo horizonte que se descortina. Tanto que, paralelo ao lançamento da Metrosampa, foram inaugurados quatro núcleos do projeto Rute (Rede Universitária de Telemedicina). Totalmente ligado à Metrosampa, o projeto pretende equipar cerca de 57 hospitais universitários até o final do ano com infra-estrutura de telesaúde. Saiba mais aqui.

Ao todo foram investidos 3.200 milhões de reais na infra-estrutura da Metrosampa. O contrato firmado com a Eletropaulo para uso da rede de fibras ópticas tem duração de dez anos. Além de se beneficiar de toda esta infra-estrutura, a USP ainda terá a chance de economizar. “A conexão  de 155Mb que une a Cidade Universitária ao Instituto do Coração custa cerca de 25 mil reais por mês. No futuro, poderemos deixar de gastar isso”, afirma Mammana.

Deste anel de 145 km de velocidade, comunicação e perspectivas para a ciência fazem parte o Centro Federal de Educação Tecnológica de São Paulo (Cefet-SP), o Instituto do Coração (Incor), o Nic.br, a USP, a Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (Unesp), a Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e a Universidade Federal do ABC (UFABC – Santo André). “Esta iniciativa fortalece as instituições em sua missão de contribuir para o desenvolvimento científico e social do país”, analisa a reitora da USP.

 

 


 
 
 
 
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