Uma exposição diferente das que o Museu de Arte
Contemporânea (MAC) da USP tem feito ultimamente. Não
é histórica, temática, nem retrospectiva. Uma
exposição puramente de arte que procura oferecer ao
público diferentes situações para despertar
a sensação de ficar deslumbrado. Sair um pouco de
si mesmo, acionando uma sensibilidade básica, atingindo algo
não muito definido e ter uma emoção estética
bem aprofundada. Assim José Teixeira Coelho Netto define
a exposição Estratégias para Deslumbrar,
inaugurada no último dia 11, na Galeria do Sesi.
Segundo Teixeira Coelho, diretor do MAC e curador da exposição,
não é possível traduzir em palavras o conteúdo
das obras expostas. As estratégias utilizadas pelos
artistas são muito diferentes. Há vídeo, pintura,
escultura, fotografia e instalação. São obras
muito subjetivas e qualquer coisa que os curadores pudessem dizer
seria uma introdução indevida na liberdade do público
de experimentar alguma coisa por si só.
O deslumbramento, ou encantamento, ou o êxtase é algo
perene na história da arte. O diretor explica que isso não
está presente em todas as produções artísticas.
Há obras que trabalham com a denúncia social,
política e não são feitas para deslumbrar.
Às vezes, são feitas para causar repulsa, impacto,
ódio, reflexão, amor. Mas de qualquer forma, o deslumbramento
também é uma forma da arte se manifestar.
Giorgio Morandi, Eder Santos, Paulo Pasta, Ana Maria Tavares, Arthur
Omar. Estes são alguns dos nomes presentes na exposição
que traz grandes peças, a maioria delas apresentadas ao público
brasileiro pela primeira vez. Já chegamos a mostrar
cerca de 200 obras na galeria do Sesi. Agora apresentamos apenas
15 porque elas são de grande porte. Então a maioria
dos artistas aparece com uma única obra.
O curador ressalta que a exposição não é
didática, porém pode despertar no visitante, além
do deslumbramento, o gosto pela arte. Não há
muita coisa para aprender, e sim para sentir. Mas a verdade é
que, na sociedade em que vivemos hoje, as pessoas, às vezes,
precisam aprender a sentir. Estamos simplesmente avisando às
escolas que costumam levar os alunos às nossas exposições,
que esta visa a uma experiência muito subjetiva, muito individual.
Não será possível explicar muito as obras.
Entretanto, não podemos afirmar que não é uma
exposição para crianças porque a sensibilidade
delas às vezes nos surpreende.
Na opinião do curador a mostra é um pouco atrevida.
Ela é ousada porque não se pode prever ou controlar
o que o público vai sentir. A arte comtemporânea é
uma arte de procura, de investigação. Além
disso, o MAC é um museu universitário, portanto envolvido
com a pesquisa. Assim, não podemos ter medo de experimentar.
Verde, vermelho e rosa (foto acima), uma pintura de Alfredo Volpi,
é a obra em contexto dessa exposição. Inédita
no Brasil, esteve na 32ª Bienal de Veneza, em 1964, ano em
que o pavilhão brasileiro foi construído na Bienal.
Formalmente ela é muito interessante porque é
uma pintura irregular dentro da obra do artista. As bandeirinhas
do Volpi costumam ter um certo padrão que ele repete de maneira
obsessiva, enquanto essa obra, excepcionalmente, tem bandeirinhas
de formatos diferentes e tem até linhas tortas, enquanto
o usual são as linhas bem retas, afirma Teixeira Coelho.
A
exposição do MAC Estratégias para Deslumbrar
pode ser experimentada até o dia 9 de junho na Galeria de
Arte do Sesi (av. Paulista, 1.313, tel. 3824-3639). De terça
a sábado, das 10h às 20h, e domingo, das 10h às
19h. Entrada franca.
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