O
rock-and-roll surgiu na década de 50 nos Estados Unidos.
Em 56 alguns filmes protagonizaram um dos momentos que marcaram
o seu nascimento os jovens se punham sobre as poltronas
até arrebentar os cinemas (...) Para os jovens, era a insurreição
contra a hipocrisia, a desigualdade e a estupidez. Para os guardiões
da ordem, era o paganismo, a delinqüência e as trevas,
descreve o historiador Nicolau Sevcenko em seu livro A Corrida para
o Século XXI no Loop da Montanha-Russa. Agora, pela
segunda vez atendendo a pedidos do público, o Cinusp conta
um pouco dessa história na Mostra Rock-and-Roll,
que reúne filmes de ficção e documentários
sobre personalidades, bandas e os principais momentos do gênero
musical.
Nesta semana serão exibidos dois filmes ingleses O Lixo e
a Fúria (2000), de Julien Temple, e Velvet Goldmine (1998),
de Todd Haynes. O primeiro, um documentário, traz a polêmica
sobre a formação do grupo Sex Pistols se foi
uma espécie de golpe de marketing ou um fenômeno espontâneo
em depoimentos como o de John Lydon, que defende a idéia
de que a banda foi expressão legítima e natural do
tédio e da raiva dos jovens britânicos da classe operária;
ou do empresário Malcolm MacLaren, que, ao contrário,
alardeia há anos que o grupo não passou de uma criação
de laboratório, de sua inteira responsabilidade, para escandalizar
e fazer dinheiro.
Já o segundo apresenta o glam rock, estilo que surgiu em
1971 provocando uma grande revolução, não apenas
na música mas também nos costumes da sociedade. Seu
ícone é Brian Slade (personagem fictício inspirado
em David Bowie), roqueiro que leva garotas e rapazes a pintar as
unhas, usar batom e explorar a sua sexualidade. Incapaz de lidar
com a fama forja sua própria morte, com a farsa descoberta
logo depois. Anos mais tarde, um jornalista inglês começa
a investigar seu desaparecimento. O filme toma emprestada a estrutura
de Cidadão Kane primeiro ele entrevista o tutor, depois
a mulher e por fim o melhor amigo.
Na segunda semana, de 24 a 28 de junho, o destaque é a exibição
da cópia restaurada de Os Reis do Iê-Iê-Iê
(Inglaterra, 1964, ficção), de Richard Lester, que
traz no elenco os Beatles, mostrando a vida do quarteto a partir
de uma viagem de trem, saindo de Liverpool em direção
a Londres para gravar um programa de TV. Outra atração
é Memórias em Super-8 (Iugoslávia/Alemanha/Itália,
2001), documentário do diretor bósnio Emir Kustrica
sobre sua big band, a The No Smoking Orchestra, composta por dez
integrantes que estão juntos desde sua formação
em 1980, em Sarajevo, refinando sua abordagem chamada de novo primitivismo
(um misto de punk com música erudita, folk, jazz, rock de
improviso, música latino-americana e, especialmente, música
cigana nativa dos Bálcãs).
Os filmes americanos Quase Famosos (2000), de Cameron Crowe, e Hedwig
Rock, Amor e Traição (2000), de John Cameron
Mitchell, duas ficções, serão exibidos de 27
de junho e 3 de julho. O primeiro se passa em Los Angeles, no ano
de 1973, e narra a história de um garoto, que aos quinze
anos faz críticas musicais e é convidado para ser
repórter da consagrada revista Rolling Stones, ingressando
numa turnê pelos Estados Unidos ao lado de uma banda em ascensão
(inspirado na vida do próprio diretor, que aos 15 anos iniciou
a carreira de jornalista musical). Em Redwig, um jovem que mora
na Berlim Ocidental sonha tornar-se um astro de rock nos Estados
Unidos.
Para encerrar a mostra, de 10 a 12 de julho serão exibidos
Alta Fidelidade (Reino Unido/EUA, 2000, ficção), de
Stephen Frears, sobre um dono de uma loja de discos de vinil que
vive no vermelho e só quer curtir suas bandas preferidas
e discutir músicas com seus dois empregados, até que
sua namorada o abandona e a partir daí decide rever sua vida,
surgindo então um desfile de listas top 5 (as cinco músicas
mais românticas, os cinco melhores singles...); e Woodstock
(EUA, 1994), de Michael Wadleigh, um documentário sobre o
Festival de Woodstock ocorrido em agosto de 69 (é uma nova
versão que tem 40 minutos a mais do que a lançada
na década de 70), com números de Jimi Hendrix, Janis
Joplin, Joe Cocker, entre outros.
Sessões
às 16h e 19h, no Cinusp (r. do Anfiteatro, 181, favo 4 das
Colméias, Cidade Universitária, tel. 3091-3540). Entrada
franca.
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