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Reunida na manhã do dia 8, quinta-feira, a Congregação da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP decidiu que os professores retomarão as aulas — paralisadas desde o dia 2 de maio devido à greve dos alunos — nesta segunda-feira, dia 12. "A Congregação aceita os termos da proposta de concessão de claros [contratação de professores] apresentada pela Reitoria no dia 29 de julho e pede sua implementação imediata", afirma um texto assinado pelo diretor da FFLCH, professor Sedi Hirano, e divulgado no início da tarde do dia 8. No dia anterior, uma concorrida assembléia de alunos — que reuniu cerca de 2.000 pessoas em frente à faculdade, segundo cálculos dos estudantes — tinha aprovado a continuidade do movimento. A proposta da Reitoria prevê a concessão de 68 professores neste ano e outros 24 docentes em 2003. Os alunos reivindicam 259 novos mestres.

Além de decidir pela volta às aulas, a Congregação aprovou também o calendário de reposição de aulas. De acordo com esse calendário, o primeiro semestre letivo de 2002 se encerrará no dia 28 de setembro. O segundo semestre ocorrerá de 7 de outubro a 1º de fevereiro de 2003 (confira ao lado o calendário completo). "O princípio que norteou o planejamento de reposição de aulas foi a manutenção da qualidade do ensino", disse o professor Francisco Capuano Scarlato, docente do Departamento de Geografia e presidente da Comissão de Graduação da faculdade. "Ou seja, haverá reposição mesmo, sem nenhuma concessão a não ser ministrar efetivamente cada aula suspensa pela greve."

Até a tarde da quinta-feira, dia 8 — data do fechamento desta edição do Jornal da USP —, o movimento estudantil ainda não tinha se posicionado sobre a decisão da Congregação. O estudante do quinto ano de Ciências Sociais Renato Correia da Silva opinou que essa decisão foi um "claro desrespeito" à luta dos estudantes por melhores condições de ensino. Para ele, "o mínimo" que os professores deveriam fazer é "não exercer pressão" para a volta dos alunos às aulas. "Quando os professores fazem greve, os estudantes respeitam", destacou Silva. "Agora eles têm que esperar a decisão do movimento estudantil."

O professor Sedi Hirano vê a situação de forma diferente. Segundo ele, os alunos conseguiram uma "vitória histórica" ao fazer com que a Reitoria concedesse 68 professores neste ano, além de 24 no ano que vem. "Nenhuma outra unidade da USP jamais conseguiu algo semelhante", destacou. Para o diretor da FFLCH, os estudantes precisam "assumir" essa vitória. "Eles têm de se conscientizar de que a luta deles pela qualidade do ensino foi coroada de êxito." Hirano pede que os alunos voltem às salas de aula com tranqüilidade e busquem, em diálogo com os professores, retomar a normalidade da instituição. Muitas mãos levantadas O movimento dos alunos da FFLCH passou à história da USP também por causa das abarrotadas assembléias realizadas ao longo dos três meses de greve. Na mais recente delas, a do dia 7, uma multidão se acotovelou numa das pistas da avenida Luciano Gualberto, em frente à faculdade, para deliberar sobre uma pauta única — o fim ou a continuidade da greve. Iniciada às 19h30, a reunião se estendeu até depois das 23 horas. Nesse tempo, oitenta alunos se revesaram ao microfone para bradar em favor da greve ou pedir o fim do movimento. No final das discussões, a assembléia se mostrou dividida. No primeiro escrutínio, os dirigentes da reunião não conseguiram distinguir contraste entre os alunos que levantaram as mãos contra a greve e aqueles que se manifestaram a favor da paralisação. Somente no segundo escrutínio foi possível perceber o predomíno um pouco maior dos favoráveis a que as salas de aula continuassem vazias (leia ao lado as opiniões de estudantes sobre o resultado da assembléia).

A Fuvest ainda não parou para discutir o que fazer caso a greve dos estudantes continue, informou o assessor de imprensa da fundação, o professor José Coelho Sobrinho. Segundo ele, a Fuvest é apenas um "órgão executor" das decisões da Reitoria da USP. "Não cabe à Fuvest suspender o vestibular. Isso é função da Reitoria", disse. Coelho ressalvou que a época das provas ainda está distante e que há tempo para se encontrar uma solução. "Estamos trabalhando com a perspectiva de que tudo logo se resolverá."

"Brigamos por qualidade"


Alguns alunos ouvidos pelo Jornal da USP logo após a assembléia realizada no dia 7 — que aprovou a continuidade da greve na FFLCH — deram uma mostra da divisão de opiniões que prevaleceu naquela reunião, em que boa parte dos participantes votou a favor da volta às aulas. A estudante do terceiro ano de Letras, Carina Fernandes, por exemplo, se disse favorável à continuidade da greve porque ela é necessária para garantir a qualidade do ensino na faculdade. Através desse tipo de pressão, analisa a estudante, os alunos poderão fazer com que a Reitoria não apenas contrate mais professores, mas também apresente uma política de contratações, o que livraria a unidade de futuras crises. "Não é só questão de brigar por um certo número de professores", destacou Carina. "Nós estamos brigando por qualidade."

Alguns alunos ouvidos pelo Jornal da USP logo após a assembléia realizada no dia 7 — que aprovou a continuidade da greve na FFLCH — deram uma mostra da divisão de opiniões que prevaleceu naquela reunião, em que boa parte dos participantes votou a favor da volta às aulas. A estudante do terceiro ano de Letras, Carina Fernandes, por exemplo, se disse favorável à continuidade da greve porque ela é necessária para garantir a qualidade do ensino na faculdade. Através desse tipo de pressão, analisa a estudante, os alunos poderão fazer com que a Reitoria não apenas contrate mais professores, mas também apresente uma política de contratações, o que livraria a unidade de futuras crises. "Não é só questão de brigar por um certo número de professores", destacou Carina. "Nós estamos brigando por qualidade."

Antônio David, do segundo ano de Filosofia, lembrou que a divisão de opiniões na assembléia é algo "normal", típico de todo processo democrático. Para ele, o mais importante agora é "reconstruir a coesão" dos alunos, para que estejam unidos em favor da melhoria da qualidade de ensino na faculdade. "É justo continuar a greve, porque a proposta feita pela Reitoria é insuficiente", analisou.

Um novo calendário

Este é o novo calendário de aulas da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP para o ano letivo de 2002, conforme foi aprovado pela Congregação da unidade no dia 8 de agosto, quinta-feira.

Primeiro semestre
Dia 12 de agosto. Reinício das aulas.
Dia 28 de setembro. Término das aulas.
De 30 de setembro a 04 de outubro. Período de recuperação.

Segundo semestre
Dia 7 de outubro. Início das aulas.
Dia 1º de fevereiro de 2003.Término das aulas.
De 23 de dezembro de 2002 a 04 de janeiro de 2003. Recesso devido às festas de fim de ano. Não haverá aulas.
De 03 a 07 de fevereiro de 2003. Período de recuperação.
De 07 a 09 de outubro. Período de retificação de matrícula.
Dia 31 de outubro. Data máxima para trancamento de disciplinas.
 




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