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No próximo dia 21 de março, com a presença do governador Geraldo Alckmin, serão reinaugurados a sala da Congregação, a área de convívio e o Centro Acadêmico Oswaldo Cruz

A Faculdade de Medicina está a meio caminho de concluir uma cirurgia necessária e há muito aguardada em suas estruturas e fachadas. O conjunto de edifícios junto à “Casa de Arnaldo” – apelido dado ao prédio principal da faculdade em homenagem ao seu primeiro diretor, Arnaldo Vieira de Carvalho, nome também da avenida onde está a unidade – vinha se tornando obsoleto para o ensino e a pesquisa da medicina segundo os novos conceitos internacionais. Inaugurado em 1931 e transformado em Patrimônio Histórico e Cultural da Nação em 1981, a sede da faculdade teve sua pedra fundamental lançada em 1920. Os acervos históricos e anos de investigação médica acumulados desde então nos seus laboratórios correm até risco de virar fumaça, literalmente, devido às precárias instalações elétricas e hidráulicas. Iniciado em 1998, o Projeto de Restauro e Modernização da Faculdade de Medicina ambiciona muito mais que remodelar e modernizar espaços e estruturas daquela unidade. Pretende, inclusive, resgatar os áureos anos da instituição e preservar o posto de centro de referência no ensino médico do País. Pouco a pouco, o trabalho obstinado da Fundação Faculdade de Medicina ganha corpo e a coordenadora do projeto, Sandra Papaiz, começa agora a colher os primeiros resultados das ações iniciadas há três anos.


No próximo dia 21 de março, com direito à presença do governador do Estado, Geraldo Alckmin acontece a reinauguração da sala da Congregação, da área de convívio e também do Centro Acadêmico Oswaldo Cruz (Caoc), um dos locais de articulação estudantil na época do regime militar. O evento também marca o início das obras das centrais de instalações de infra-estrutura hidráulica, elétrica, de telefonia, informática, incêndio e outras. Sandra espera que todas as obras previstas no projeto estejam concluídas em no mínimo três anos.

Como parte das ações do Projeto de Restauro e Modernização da Faculdade de Medicina, Sandra entregou, na semana passada, à direção da faculdade, os estudos preliminares para a política de ocupação de uma histórica mansão arquitetada por Ramos de Azevedo no Pacaembu. Localizada em um parque de 46.130 metros quadrados, a construção pavilhonar assinada por Ramos de Azevedo já recebeu o nome de Pólo Cultural Pacaembu e se tornou a menina-dos-olhos do recém-empossado diretor da Faculdade de Medicina, Giovanni Guido Cerri (leia texto na página ao lado).

Cada vitória é comemorada com entusiasmo. “Com transparência e seriedade, vamos aos poucos angariando cada vez mais apoio. Recentemente, recebemos ligação do (empresário) Antônio Ermírio de Morais, que também se tornou um dos patrocinadores”, comemora Sandra. Mesmo que as captações de verbas tenham atingido, até o momento, cerca de um terço do necessário, a ex-diretora da Fundação, que recentemente passou o cargo ao ex-reitor da USP Flávio Fava de Moraes, diz estar confiante na adesão de mais empresários e no sucesso do projeto. Com o incentivo das leis Rouanet e Mendonça, a empreitada já conta com incentivos, entre outros, da Bradesco Seguros, Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, Companhia de Transmissão de Energia Elétrica Paulista, Votorantim Participações S/A, Banco Alfa, Companhia Suzano de Papel e Celulose, Fleury Centro de Medicina Diagnóstica, Banespa, USP e diversas pessoas físicas.

Medicina e história – Em 2004, a Faculdade de Medicina espera presentear São Paulo na comemoração dos seus 450 anos. “Pretendemos inaugurar a nova fachada no ano que vem, para devolvê-la à cidade como um presente de aniversário”, diz Sandra. Além da restauração dos edifícios, a reprogramação visual do campus da avenida Dr. Arnaldo prevê uma alameda de ipês-roxos em vez das atuais árvores de copas largas, o que valorizará a arquitetura dos prédios da faculdade.

A atual sede da Faculdade de Medicina foi projetada por Ernesto de Souza Campos, Luiz de Rezende Puech e Benedicto Montenegro. Em 25 de janeiro de 1934, a instituição passou a integrar a USP, quando ganhou o nome que tem hoje.
A criação de uma faculdade de medicina era um anseio antigo da sociedade paulistana. Em fins do século 19, a cidade já se considerava metrópole em função do desenvolvimento econômico proporcionado pela expansão cafeeira, pela introdução das estradas de ferro e pelo surto da imigração européia. Mas apesar da boa estrutura hospitalar e social, faltavam médicos em São Paulo. No País, existiam faculdades de medicina apenas nos Estados da Bahia e do Rio de Janeiro, fundadas em 1808 com a vinda da Família Real.

Em 1891 foi inaugurada a Academia de Medicina, Cirurgia e Farmácia, que funcionava na Santa Casa de Misericórdia. Mas foi em 1912 que Arnaldo Vieira de Carvalho implantou o que foi considerado o primeiro curso de medicina do Estado de São Paulo. Contrário à vinculação do curso com a Santa Casa de Misericórdia, Arnaldo preferiu que as aulas fossem ministradas na Escola Politécnica, na Escola de Comércio Álvares Penteado e na sede provisória da faculdade, à rua Brigadeiro Tobias. As disciplinas sobre prática clínica e cirúrgica ainda aconteciam na Santa Casa de Misericórdia até que, em 1944, foi inaugurado o Hospital das Clínicas de São Paulo.

A ocupação do prédio do HC deu início à criação do chamado “quadrilátero da saúde”, que compreende o Instituto de Medicina Tropical, o Centro de Medicina Nuclear, o Instituto Oscar Freire e a praça de Esportes da Associação Médica Acadêmica Oswaldo Cruz, além da Escola de Enfermagem, a Faculdade de Saúde Pública, o Instituto de Ortopedia e Traumatologia, o Instituto do Coração, o Instituto da Criança e outros.

Os 90 anos da Faculdade de Medicina, comemorados no ano passado, celebraram não só suas atividades de ensino mas também as de pesquisa. São 62 laboratórios de investigação médica espalhados em todos os prédios do complexo, sendo 43 deles só no edifício principal da faculdade. O tombamento do núcleo arquitetônico da faculdade, em 1981, vincula a instituição, mais do que nunca, à própria história da cidade.

Inaugurada em 1931, a Faculdade de Medicina da USP foi considerada Patrimônio Histórico e Cultural do Brasil em 1981

 




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