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Mostra
do Cinusp expõe diferentes fases do
cineasta espanhol, com filmes da década de 80
e mais recentes, como
Fale com ela, vencedor
do Globo de Ouro de melhor filme estrangeiro |
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Ironia,exagero
e contravenções nos filmes Maus Hábitos,
Tudo Sobre Minha Mãe e Fale com Ela |
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Dois
momentos bastante distintos da carreira do cineasta espanhol Pedro
Almodóvar vão se encontrar na mostra que o Cinusp
traz neste mês. O primeiro, mais exagerado, sarcástico
e radical, com personagens quase caricaturais, vem representado
pelos primeiros filmes da etapa comercial do diretor, entre eles
Maus hábitos (1983). Já os mais recentes, Tudo sobre
minha mãe (1999) e Fale com ela (2002), configuram uma fase
mais melodramática e sensível, com tons trágicos,
apesar de ainda manter o peculiar exagero de Almodóvar, que
não deixa de brincar com o grotesco e até mesmo com
o esdrúxulo.
Nesta
semana será exibida a comédia Maus hábitos,
em que uma jovem cantora de bolero, usuária de drogas, vê
seu namorado morrer por overdose. Ela então decide sumir
e se refugia num convento um tanto bizarro, o das “redentoras
humilhadas”, em que a Madre Superiora idolatra não
imagens de santos, mas a da cantora recém-chegada. Lembrando
as obras de Buñuel, outro cineasta espanhol, anterior a Almodóvar,
o filme ridiculariza a Igreja ao inserir no convento freiras que
de pudicas não têm nada.
As
mulheres também são o foco da trama em Tudo sobre
minha mãe, porém com um enfoque distintso do que é
dado em Maus hábitos: elas passam (e lamentam) por problemas
e dramas consecutivos. O eixo principal do roteiro envolve a mãe
de um filho adolescente que se recusa a revelar ao menino informações
sobre o pai. Quando seu filho morre, ao sair da peça Um bonde
chamado desejo, ela procura pelo pai do garoto, que se tornou um
travesti. Mais uma vez, as contravenções sexuais e
as drogas estão presentes, inclusive entre freiras e homossexuais.
E,
claro, a maternidade também.
Mas
se Almodóvar chega a ser conhecido por retratar com profundidade
personagens femininos em grande parte de sua obra, seu último
filme mergulha em emoções e na alma masculina. Em
Fale com ela, os destinos de diferentes personagens se cruzam entre
as paredes de um hospital. Os temas do amor, da loucura e das diferentes
espécies de comunicação entre casais são
os elos do enredo, que se apresenta despojado de preconceitos e
imbuído de pluralidade. O
diretor consegue, por meio de seus personagens e cenas, questionar
valores normalmente invioláveis: os parâmetros de certo
e errado se diluem e são revistos nas mentes dos espectadores.
Começando com um espetáculo da bailarina Pina Bausche
e contando ainda com a participação de Caetano Veloso,
que canta ao vivo em uma cena, e de Tom Jobim na trilha sonora,
o filme é uma das muitas homenagens de Almodóvar ao
teatro, à música, à dança, à
arte, enfim. E à realidade. Afinal, Almodóvar a constrói
mesmo que seja sem muito realismo.
Sessões
às 16h e às 19h, no Cinusp, r. do Anfiteatro, 181,
favo 4 das Colméias, Cidade Universitária, tel. 3091-3540.
Entrada franca.
Programa
completo
10
a 14 de fevereiro
Maus Hábitos (1983, 107 min), com Cristina
Sánchez Pascual, Julieta Serrano, Marisa Paredes, Carmem
Maura e Chus Lampreave
17
a 21 de fevereiro
Tudo Sobre Minha Mãe (1999, 105 min), com
Cecilia Roth, Eloy Azorín, Marisa Paredes e Penélope
Cruz
24
a 28 de fevereiro
Fale com Ela (2002, 112 min), com Javier Cámara,
Darío Grandinetti, Rosario Flores, Leonor Watling e
Geraldine Chaplin |
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