O
ano
de 2002, em termos de orçamento, foi marcado por altos e
baixos. Até agosto, a queda ocorrida na arrecadação
resultou em uma perda acumulada de R$ 28 milhões para a USP.
A partir de setembro, com a concessão, por parte do governo
do Estado, de anistia fiscal de ICMS, houve recuperação
das perdas e o orçamento previsto da Universidade foi superado
em cerca de R$ 40 milhões. “Não houve realmente
um aumento sustentado de arrecadação”, ressalta
Adilson Carvalho, da Coordenadoria de Administração
Geral (Codage). Nesta entrevista ao Jornal da USP, o coordenador
fala, dentre outros temas, sobre o comprometimento da folha de pagamento
com ativos e inativos, a contratação de servidores
não-docentes e as expectativas para este ano.
Jornal
da USP –
Como foi o desempenho da receita – a evolução
das despesas e das receitas – da Universidade em 2002? A queda
ocorrida entre os meses de janeiro e julho do ano passado se repetiu
nos meses subseqüentes?
Adilson
Carvalho
– A tendência de queda continuou até agosto,
quando a perda acumulada para a USP atingiu cerca de R$ 28 milhões.
A partir de setembro, e mais precisamente em outubro e novembro,
graças ao programa de anistia fiscal do governo do Estado,
a arrecadação teve um crescimento apreciável.
No final de 2002, as perdas foram recuperadas e o total arrecadado
no final do ano superou o orçamento previsto em cerca de
R$ 40 milhões para a USP. Não houve um aumento de
arrecadação devido a um crescimento da atividade econômica.
Na verdade, essa recuperação foi decorrente do programa
de anistia fiscal implantado, que fez a isenção do
pagamento de multas e juros de débitos de ICMS.
Jusp
– Qual foi o comprometimento do orçamento com a folha
de pagamento em 2002?
Carvalho
– A folha de pagamento atingiu o valor da ordem de R$ 1,164
milhão, o que resultou em um comprometimento de 82,9%. No
conjunto das três universidades paulistas, o comprometimento
ficou em 85,3%.
Jusp
– E em relação aos inativos?
Carvalho
– O percentual permaneceu inalterado em relação
a 2002. Já há algum tempo tem se mantido na casa dos
28%. Aparentemente, chegamos a um estágio de estabilidade.
Jusp
– A possível reforma da Previdência tem causado
um aumento no pedido de aposentadorias?
Carvalho
– Embora o assunto tenha preocupado a comunidade acadêmica,
visto que houve uma grande procura de informações
junto à Codage, não houve nenhum aumento significativo
de pedidos de aposentadoria. O que aconteceu, na verdade, foi um
aumento na solicitação de licença-prêmio,
que tem uma relação direta com a aposentadoria. Segundo
as normas vigentes, a aposentadoria somente pode ser concedida depois
de usufruídas as licenças-prêmio. Como existe
a preocupação de que, de uma hora para outra, as regras
da Previdência possam ser mudadas, os funcionários
querem estar prontos para se aposentar antes que isso aconteça.
Jusp
– Ainda estão suspensas as contratações
de servidores não-docentes?
Carvalho
– A circular que restringiu essas contratações
ainda está vigente. Entretanto, estão sendo analisadas
as solicitações que estavam retidas no Departamento
de Recursos Humanos desde o início da vigência da circular.
Tais solicitações, ao ser aprovadas, estão
sendo liberadas gradativamente. Claro que as contratações
emergenciais continuam tendo caráter prioritário.
Jusp
– Qual o comportamento da arrecadação nesses
dois primeiros meses do ano? Qual a expectativa para este ano?
Carvalho
– A arrecadação nestes dois primeiros meses
do ano, na média, ficou dentro do previsto. Esteve abaixo
em janeiro e recuperou em fevereiro. Entretanto, ainda é
muito cedo para se ter uma idéia do que irá acontecer
no resto do ano. É conveniente lembrar que, quando o orçamento
foi elaborado pelo governo, as premissas eram de um crescimento
do PIB de 3% e uma inflação de 7%. A previsão
de ICMS foi 10% superior ao arrecadado em 2002. Entretanto, o cenário
atual não é exatamente esse. A previsão de
inflação é mais alta e o crescimento, segundo
as análises econômicas, é muito pouco provável
que atinja os 3%. Diante do cenário de incertezas, tanto
internas como externas, é difícil prever o comportamento
do ICMS no ano.
Jusp
– A USP continuará recebendo o repasse da Lei Kandir
neste ano?
Carvalho
– Após muita negociação com os Estados,
houve uma decisão
em nível federal de que o repasse da Lei se estenderia para
este ano. Recebemos a informação de que o montante
será aproximadamente o mesmo distribuído no ano passado.
Por enquanto, está garantido o repasse da Lei Kandir, o que
é bastante promissor do ponto de vista orçamentário.
Jusp
– No que se refere a reajustes salariais, como fica a data-base
dos servidores docentes e não-docentes em maio?
Carvalho
– Esse assunto diz respeito às três universidades
públicas, conseqüentemente é uma matéria
de decisão do Cruesp (Conselho de Reitores das Universidades
Estaduais Paulistas). Entretanto, no que se refere à USP,
deve-se salientar que há o empenho na implementação
de benefícios aos servidores. Um deles, que já foi
implementado, é o vale-alimentação, que representa
um custo extra de 0,5% na folha de pagamento mensal. Além
disso, iniciou-se neste mês o estudo no sentido de reformular
a carreira dos funcionários não-docentes, com possibilidades
de movimentação entre faixas do mesmo grupo e que,
obviamente, também representa elevação da folha
de pagamento. Esses benefícios, que são formas indiretas
de aumentar o ganho dos servidores, têm impacto nos gastos
com pessoal, refletindo no comprometimento do orçamento.
Jusp
– A destinação da verba de R$ 27 milhões
garantirá a continuidade do projeto de ampliação
de vagas e criação de cursos em 2003?
Carvalho
– Inicialmente, é necessário esclarecer que
R$ 5 milhões dessa verba são destinados para o início
da implementação do campus da USP na zona leste. Portanto
a verba para 2003 é de R$ 22 milhões. Essas verbas
adicionais, concedidas nos últimos dois anos através
da aprovação de emenda específica, destinam-se
à expansão do ensino de graduação de
uma maneira global. É independente do comportamento orçamentário.
As contratações para expansão, por exemplo,
não são computadas no comprometimento com a folha
de pagamento.
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