Apenas
dois meses após a apresentação do anteprojeto
de instalação da USP Leste no Palácio dos Bandeirantes,
o reitor Adolpho José Melfi entregou ao governador do Estado,
Geraldo Alckmin, no dia 19 de maio, segunda-feira, o Projeto Básico
da USP Leste, que dará início ao campus. O projeto
inclui o sistema viário, o edifício principal, o auditório,
as portarias e a torre de serviços e telecomunicações
do campus na zona leste. Também foi entregue um cronograma
preliminar físico-financeiro das obras.
Apesar
de a reunião não tratar da parte acadêmica,
o reitor aproveitou para entregar ao governador a pesquisa de opinião
que vai embasar a escolha dos cursos a ser instalados no campus.
A pesquisa – elaborada pela comissão responsável
pelo projeto acadêmico – foi feita com alunos do ensino
médio e de cursinhos na zona leste e em diversas regiões
da cidade.
Participaram
do encontro com Alckmin o chefe de Gabinete da Reitoria, professor
Celso de Barros Gomes, o coordenador do Espaço Físico
da USP, professor Antonio Marcos de Aguirra Massola, e o assessor
especial do Gabinete, professor Jorge Boueri, ambos membros da Comissão
de Infra-Estrutura do campus.
Logo
após a reunião, o governador falou com exclusividade
ao Jornal da USP sobre a USP Leste. Alckmin destacou o interesse
na ampliação de vagas nas universidades públicas
e a posição do governo do Estado com relação
à educação.
Jornal
da USP
– Como o senhor recebe essa parte do projeto da USP zona leste?
Geraldo
Alckmin
– É um belo projeto, extremamente sério e bem
amadurecido. É um fato histórico. Acho que a melhor
forma de comemorar os 70 anos da USP é a construção
desse segundo campus, agora do outro lado da cidade. A região
leste da capital tem, só na cidade de São Paulo, cerca
de 4,5 milhões de habitantes. É maior que o Uruguai.
O campus ainda vai atender toda a região leste da Grande
São Paulo. Estrategicamente
bem localizado, ao lado da rodovia Ayrton Senna e às margens
da linha F da CPTM (da estrada de ferro), o projeto foi muito bem
concebido, voltado à realidade local, a cursos que a Universidade
ainda não tem e com várias inovações.
É um projeto bonito do ponto de vista de conceito, de proposta
pedagógica e também arquitetônica.
JUSP
– O senhor acredita que os cursos propostos atendem à
expectativa da população local e de outras regiões
de São Paulo?
Alckmin
– Eu acho que vão atender toda a população,
de maneira geral. A definição dos cursos está
seguindo um trabalho de pesquisa junto aos estudantes, aos cursinhos,
aos colégios públicos e privados e junto à
sociedade, procurando verificar quais as áreas onde há
maior necessidade de formação de profissionais de
nível superior dentro daqueles cursos que a Universidade
ainda não possui. É um trabalho sério que está
sendo feito e eu acho que vai atender às necessidades do
Estado de São Paulo.
JUSP
– Com relação aos recursos, existe a possibilidade
de inaugurar a USP Leste em 2004?
Alckmin
– Nós já temos R$ 5 milhões destinados
no orçamento deste ano, que é insuficiente. Mas parte
das obras só será feita no ano que vem. Certamente
haverá necessidade de maior recurso no orçamento de
2003, ou seja, uma suplementação de verbas. E, logo
após esta reunião, é isto o que nós
vamos fazer com a Secretaria de Economia e Planejamento: viabilizar
os recursos orçamentários para que possamos ter esse
projeto com ritmo de execução dentro do que foi planejado,
que é poder estar com os primeiros cursos funcionando em
menos de dois anos.
JUSP
– A abertura de novas vagas permite uma maior inclusão
social?
Alckmin
– Eu acho que ajuda. Esse esforço que as três
universidades públicas paulistas estão fazendo –
em especial a USP, mas também a Unesp e a Unicamp –
busca proporcionar maior número de vagas na universidade
pública, de qualidade e gratuita, para a população
que mais necessita. E essa é uma maneira de incluirmos todo
mundo. Eu entendo que os grandes desafios do Brasil, hoje, são
crescimento econômico e educação, e eles estão
intimamente ligados. E a prioridade de São Paulo é
exatamente esta: fazer o Estado se desenvolver, gerar mais emprego,
renda, trabalho e educação, desde o ensino fundamental
até o ensino universitário.
JUSP
– Falando em prioridades para São Paulo, o ministro
Cristóvão Buarque disse, na Bienal do Livro, no Rio,
que o problema da educação não é falta
de verba, mas falta de prioridade. Como São Paulo se enquadra
nisso?
Alckmin
– Priorizar é colocar recursos. Não adianta
dizer que é prioridade se não houver investimento.
E não há dinheiro público mais bem aplicado
do que na educação. O esforço do governo de
São Paulo é nesse sentido. Por isso eu o intitulei
“governo educador”, num sentido mais amplo, “governo
empreendedor”, “governo solidário” e “governo
bom prestador de serviço público”. Hoje está
na base do desenvolvimento a questão da educação,
da soberania nacional. Nosso esforço começa lá
na pré-escola, na creche, com as prefeituras. Depois, o ensino
fundamental, o ensino médio, o ensino técnico, através
das escolas técnicas da Fundação Paula Souza,
o ensino tecnológico, com as Fatecs, e o ensino universitário,
por meio de nossas universidades. Também tem a pesquisa,
através da Fapesp, e os cursos de pós-graduação.
É isso que fez com que São Paulo recebesse com alegria
o último “Ranking de Competitividade Industrial”,
elaborado pelo IMD (International Management Development Institute),
da Suíça, em que ocupa o 13o lugar entre as economias
mais competitivas do mundo. O Estado de São Paulo ficou classificado
na frente da Itália, da Coréia, da Rússia,
da Índia e de todos os países da América Latina,
inclusive do Brasil, que ficou em 21o lugar. Então todo esse
esforço é importante nessa estratégia de desenvolvimento
do Estado.
JUSP
– E como estão as negociações para a
incorporação à USP da Faculdade de Engenharia
Química de Lorena, a Faenquil?
Alckmin
– Nós estamos torcendo muito para que rapidamente haja
uma boa solução. É uma faculdade do Estado,
que hoje está isolada. Ela tem um grande potencial porque,
além de faculdade, é um pólo tecnológico
no setor de química muito relevante. Dentro da USP, ganha
a faculdade e também a Universidade. Ganhará a população
de São Paulo se nós conseguirmos fazer com que haja
uma sinergia maior nesse trabalho.
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Barros
Gomes, Melfi e Alckmin: novas vagas contribuem para inclusão
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