Lars
von Trier assina o polêmico documento Dogma, o cinema iraniano
revela seu humanismo ao mundo e Hong Kong traz mais sensibilidade
ao cinema: alguns dos marcos mais recentes da sétima arte.
São esses os pontos privilegiados pela mostra que acontece
nos meses de junho e julho no Cinusp. Não se trata de um
panorama do cinema nos anos 90, mas uma seleção de
filmes que estiveram em festivais europeus como Cannes, Berlim,
Veneza e Roterdã na época.
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O
dinamarquês Italiano
para Principiantes |
O
mais recente é o francês Alento (2001), primeiro filme
que o precoce Damien Odoul dirigiu aos seus 20 anos e escreveu em
apenas 17 dias. Também sobre um jovem, Alento mostra as transformações
de um entediado garoto da zona rural francesa que, ao se embebedar
pela primeira vez, sai vagando e descobrindo novas sensações.
Essa produção simples, com apenas 77 minutos filmados
em preto-e-branco, divide a primeira semana da mostra com o dinamarquês
Italiano para principiantes (2000). É a história de
um pastor que, persuadido a freqüentar um curso noturno de
italiano, passa a conviver com um grupo de pessoas e com seus grandes,
e mesmo assim divertidos, dramas. A
diretora Lone Scherfig segue alguns preceitos do Dogma 95, negando
o uso de efeitos visuais ou sonoros. Um dos criadores dessa nova
forma de fazer cinema, o cineasta Lars von Trier comparece com Os
idiotas (1998), em que as atitudes mais impraticáveis são
constantes entre um grupo de amigos.
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Tom
documental em
Quando Tudo Começa |
Na
semana seguinte, uma outra sociedade alternativa integra a seleção.
Bem-vindos (2000), de Lukas Moodysson, retrata a esquerda na Suécia
dos anos 70. Uma mulher cansada dos maus-tratos do marido muda-se
com os dois filhos para uma comunidade organizada por seu irmão,
onde as drogas e o sexo deixaram de ser tabu para se tornarem quase
que obrigatórios. O diretor satiriza tanto a hipocrisia das
famílias conservadoras da época como a visão
também maniqueísta da esquerda. Em cartaz com Bem-vindos,
o elogiado filme Amor à flor da pele (2000) representa a
produção de Hong Kong com uma misteriosa história
de dois casais que se cruzam. Um editor de jornal e uma jovem se
tornam amigos ao perceberem que podem estar sendo traídos
por seus companheiros. Nesse filme de Wong Kar-Wai, a intimidade
dos relacionamentos é pouco explícita e muito sensível.
Já
em As bodas (2000), do russo Pavel Lounguine, os desencontros e
as incertezas do amor têm como cenário a Rússia
posterior à queda do comunismo, em conflito com suas tradições
e o descompasso com o capitalismo. Uma jovem que trabalhava como
modelo em Moscou retorna a sua cidade natal para casar-se com seu
namorado de infância. O passado da moça permanece nebuloso
na mente dos moradores e do futuro marido. Também na última
semana deste mês, o francês Quando tudo começa
(1999) mostra um professor envolto nos problemas de seus alunos,
assolados pela miséria e indiferença do governo. O
diretor Bertrand Tavernier assume um tom documental e de denúncia,
sem deixar de tratar dos dramas familiares dos estudantes.
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O
inquietante Amor à Flor da Pele |
A
mostra do Cinusp continua no próximo mês com, entre
outros, o chinês Banhos (1999) e a filmagem de um grande épico
indiano, Mahabharata (1990), além dos iranianos Gabbeh (1996)
e Balão branco (1995), este último com roteiro do
aclamado Abbas Kiarostami.
A
mostra “Seleção dos Festivais Europeus –
Filmes em competição entre 1990 e 2001” tem
início nesta semana e vai até 1o de agosto, no Cinusp
(r. do Anfiteatro, 181, favo 4 das Colméias, Cidade Universitária,
tel. 3091-3540). Sessões de segunda a sexta, às 16h
e 19h. Confira a programação abaixo.
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O
francês Alento |
Programação
de junho
De
2 a 4:
16h – Alento
19h – Italiano para principiantes
Dias
5 e 6:
16h - Italiano para principiantes
19h – Alento
De
9 a 11:
19h – Bem-vindos
Dias
12 e 13:
19h – Amor à flor da pele
De 16 a 18:
16h – Amor à flor da pele
19h – Bem-vindos
De
23 a 25:
16h – Quando tudo começa
19h – As bodas
Dias
26 e 27:
16h – As bodas
19h – Quando tudo começa |
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