O
título pode parecer estranho, mas a comédia não
é um gênero muito explorado no cinema brasileiro. Apesar
de esforços isolados, como os de Oscarito e Mazzaropi, a
produção cômica é limitada, e são
poucos os escritores que se dedicam ao humor. Diferentemente, o
cinema italiano se apoiou na indústria cinematográfica
de comédias e o cinema americano, desde seu surgimento, se
baseou em roteiros com grande enfoque nas gags visuais, encontrados
em Charles Chaplin, por exemplo, e posteriormente em Billy Wilder
e Irmãos Marx, entre outros. Também a TV americana,
desde o início dos anos 50, garante ibope com as sitcoms
(comédias de costumes). É dentro desse contexto que
foi criado o Festival Internacional de Comédias Engraçadas,
o Funny Comedy Film Fest, que pretende criar um fórum das
modalidades cômicas de vários países, além
de incentivar a produção cinematográfica de
comédias. Em sua primeira edição, traz como
homenageado o cineasta Carlos Manga, com exibições
no Cinusp, Centro Cultural São Paulo e Centro Cultural Fiesp.
Durante
esta quinta e sexta, o Cinusp vai exibir cinco programas de curtas-metragens:
Casca de Banana, A Bomba, Torta de Creme, Chapéu-Coco e Cara
Engraçada. Casca de Banana traz sete filmes, entre eles Novela
Persona, de Oscar Rodrigues Alves, dividido em seis capítulos,
que conta a história de um amor virtual; O Encontro, de Marcos
Jorge, comédia musical que tem como argumento as dificuldades
de relacionamento entre homem e mulher, mas sobretudo um filme sobre
o cinema, transformando a própria linguagem cinematográfica
num protagonista da ação; e Missão Impossível
I a IV, dirigido por um grupo que satiriza a famosa série
de TV; e dos Estados Unidos, The Animal in Us All (O Animal em Todos
Nós), de Kurt Vanzo. A Bomba apresenta Prisão (Copa
2002), que mostra até que ponto os brasileiros podem amar
o futebol; Bom Companheiro, de João Daniel Tikhomiroff, sobre
como ser amado mesmo depois de morto; e CPI Gol, de Tadeu Jungle,
em que o preço do carro vira escândalo nacional. Torta
de Creme reúne filmes como o americano The Accusation (A
Acusação), de David Rosner, história de sexo
e traição; O Maior, de Luiz Fernando Magalhães
Petzhold, sobre duas crianças que querem o maior dos chicletes
e suas inesperadas conseqüências; e a animação
O Limpador de Chaminés, de Rodrigo John, história
de um homem que depois de cair do telhado torna-se vidente.
O programa
Chapéu-Coco traz várias animações, como
A Sagrada Ameixa do Azerbaijão, de Eduardo Perdido, em que
dois ratinhos insanos assistem TV e participam de um talk show;
Crássicos da Periferia, de Marcelo Castro, clássica
briga de vizinhos na periferia de São Paulo por causa de
seus bichinhos de estimação; e A Lasanha Assassina,
de Alê McHaddo, com narração de Zé do
Caixão, em que uma lasanha estragada e esquecida na geladeira
vira um monstro assassino. E,
por fim, Cara Engraçada, com Antena, de Ricardo Carvalho,
sobre as peripécias de se consertar a antena no topo do telhado
no dia do último capítulo da novela; Essa Animação
não Tem Nome 2, de Gustavo Russo Estevão, em que animador
tenta apresentar projeto audiovisual a uma cooperativa de cineastas
anônimos; Panteras Fora do Armário, de Sandra Brogioni,
dublagem do antigo episódio da série televisa “As
Panteras”; e Mudança, de Ricardo Carvalho, sobre, como
diz o título, uma mudança. Nas palavras do crítico
de cinema e membro do júri do festival, Rubens Ewald Filho,
em se tratando de comédia é mais fácil morrer
do que fazer rir.
Na
quinta, sessões às 14h, 16h e 19h, e na sexta, às
16h e 19h, no Cinusp (r. do Anfiteatro, 181, favo 4 das Colméias,
Cidade Universitária, tel. 3091-3540). A entrada é
franca. Informações sobre os outros locais de exibição
estão no site www.comedyfest.com.br.
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