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A hora que não pára, o jornal e as notícias diárias, indagações sobre corpo e alma, preocupações com regime, cabelo, rosto, obsessão por limpeza, um amor que assalta um homem que não consegue pensar em mais nada a não ser em sua amada, a vida de um casal. Tudo faz parte do cotidiano, que é interpretado por sete atores, ao mesmo tempo, em cenas simultâneas que dialogam entre si. Uma peça dinâmica. Até aí um espetáculo convencional, não fosse a maneira de ser apresentado, a alguns metros do chão. Há também cenas no plano baixo (piso do palco) e plano médio em que três passarelas de alturas diferentes são sustentadas por colunas. E ambientado em vermelho, assim como o quadro Pequeno Sonho em Vermelho, do artista plástico Wassily Kandinsky, que dá título ao novo espetáculo da Cia. Linhas Aéreas.

A ocupação do espaço aéreo, a arte abstrata e geométrica de Kandinsky e o tema do cotidiano deram origem à peça, que foi construída em um processo colaborativo entre os atores (as duas atrizes, Érica Stoppel e Ziza Brisola, que dirigem a Cia. e atores convidados), o dramaturgo Fernando Bonassi e o diretor Francisco Medeiros, que assina a direção ao lado de Lucienne Guedes, uma das fundadoras do Teatro da Vertigem. O resultado, um espetáculo que traz muito mais expressão corporal do que texto. São esquetes sobre o amor em uma sucessão de cenas verossímeis do dia-a-dia, sem um roteiro linear. Tudo permeado pela arte circense, em que o trapézio dá lugar a sofás, camas e cadeiras, objetos suspensos por fios de aço, exigindo uma alta performance do elenco, que além da força, precisa de concentração para interpretar o texto.

Impossível não olhar em várias direções. Em uma das cenas, enquanto um casal fala sobre o amor, outro sobe na armação de ferro que remete a uma cama, e no ar, conforme se movem, se expressam corporalmente. Em outra, o sofá traz o marido junto com um grupo de amigos, enquanto a mulher, na passarela mais alta, continua limpando a casa. Há também cenas típicas de circo, em que uma das atrizes sobe em uma corda e fica rodando no ar. Assim, o cenário de Daniela Garcia interage com os atores. Outros objetos do cotidiano, como geladeira, aspirador e telefone, servem de referência para as situações. Especialmente composta para o espetáculo, a trilha sonora de Gustavo Kurlat, com arranjos de Binho Feffer, traz vários ritmos, entre eles uma valsa e um hip hop, este último como fundo para um desvario urbano.

Sonhos, delírios, pesadelos, o vermelho e o que a cor sugere, o conceito da arte não convencional. Tudo isso é a peça Pequeno Sonho em Vermelho.

A estréia acontece nesta sexta e fica em cartaz até 23 de novembro, quintas, às 21h, sábados, às 22h, e domingos, às 18h. No Teatro Sesc Anchieta (r. Dr. Vila Nova, 245, tel. 3234-3000). Os ingressos custam R$ 15,00 e R$ 7,50.

 




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