Discutir
as transformações por que passa a educação
superior no contexto do sistema educativo brasileiro, tendo como
foco principal as diferenças e desigualdades de muitos estudantes
em relação a outros. Essa é uma das propostas
a serem debatidas no 2o Seminário O Acesso à
USP Universidade e Diferença: Ações
Afirmativas, que acontece nesta terça-feira, dia 11,
das 8 horas às 18 horas, no Anfiteatro Camargo Guarnieri,
na Cidade Universitária.
Organizado pela Pró-Reitoria de Graduação e
pela Pró-Reitoria de Cultura e Extensão Universitária,
o evento contará com a mesa-redonda Universidade e
Diferenças: Ações Afirmativas, que terá
a presença da antropóloga Alba Zaluar, do Instituto
de Medicina Social da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ),
da professora Fúlvia Rosemberg, do programa de Pós-Graduação
em Psicologia Social da Pontifícia Universidade Católica
(PUC) de São Paulo, do professor José Vicente, presidente
do Conselho Diretor do Instituto Afrobrasileiro, do professor Adilson
Simonis, do Núcleo de Apoio aos Estudos de Graduação
da Pró-Reitoria de Graduação, e do professor
José Coelho Sobrinho, da Escola de Comunicações
e Artes (ECA) da USP.
O seminário pretende discutir também as conseqüências
que o sistema educativo brasileiro nos modos de aquisição
e transmissão do conhecimento, bem como apresentar os resultados
das ações desenvolvidas para atender as crescentes
demandas pelo ensino, nos vários segmentos da sociedade.
Outras ações afirmativas que serão consideradas
no debate se voltam para propostas de redução das
desigualdades étnicas e as necessidades especiais e socioeconômicas
da população estudantil. Haverá quatro grupos
de trabalho, que discutirão a valorização das
carreiras, a escola pública e o ingresso na universidade,
reserva de vagas, exclusão socioeconômica e implementação
de ações afirmativas.
Segundo a Pró-Reitora de Graduação da USP,
professora Sonia Teresinha de Sousa Penin, o encontro é oportuno
para discutir outras possibilidades de acesso aos cursos superiores,
de forma responsável e qualitativa, e os meios possíveis
de expansão do ensino, pesquisa e extensão universitária.
As novas iniciativas se somarão às já
existentes, no caso, flexibilização do ingresso, ampliação
de oferta de vagas em cursos existentes, isenção dos
custos do processo vestibular, condições de realização
de provas, formato e conteúdo dos exames seletivos e concessão
de bolsa-moradia e bolsa-alimentação, ressalta
Sonia.
A pró-reitora afirma que o evento se propõe a ouvir
todas as ações e experiências que vêm
acontecendo em várias universidades do Brasil, que buscam
diminuir as diferenças trabalhando-as de forma mais efetiva
e consciente. O objetivo é discutir essas transformações,
o aumento da demanda pelo ensino superior por alunos de todas as
classes e etnias, esclarece.
Problema
histórico
Não há como disfarçar o problema do negro
no Brasil, afirma o professor João Baptista Borges
Pereira, do Departamento de Antropologia da Faculdade de Filosofia
Letras e Ciências Humanas (FFLCH), que também fará
palestra no evento. Para ele, a desigualdade é histórica.
Por isso, uma política que busca contemplar o acesso da população
negra não deve levar em consideração a questão
da cor da pele. Deve-se levar em conta o problema socioeconômico,
e não de classe, para não ser injusto.
Borges Pereira analisa que deve existir uma política pública
de educação que contemple escolas públicas
de ensino fundamental e médio. Dessa forma, elas poderiam
oferecer educação de qualidade, ampliando as chances
de os alunos pobres passarem nos vestibulares mais concorridos.
Não há uma política séria de educação
que contemple as camadas pobres, por isso dificilmente a situação
do ensino no País vai melhorar.
O professor afirma que uma política pública que contemple
apenas os interesses de cota para negros é uma política
míope, pobre e sem imaginação. Nós,
professores da USP, Unesp e Unicamp, já propusemos para o
governo do Estado uma fundação de amparo às
populações carentes, que cederia bolsas de estudo,
receberia contribuições e lutaria para diminuir essa
desigualdade, mas até agora não obtivemos nenhuma
resposta.
Para o professor José Coelho Sobrinho, da ECA, um evento
como o seminário é importante porque a Universidade
tem a obrigação de discutir formas de seleção
de pessoas dentro das metas que demarcou, em benefício da
sociedade. Nós, como universidade pública, oferecemos
tão poucas vagas que são insuficientes para atender
à demanda de 150 mil estudantes interessados em estudar na
USP. É preciso que a seleção por mérito
tenha critérios que justifiquem a existência da Universidade,
pontua Sobrinho.
Já a antropóloga Alba Zaluar, da UERJ, defende que
é necessário tomar muito cuidado para classificar
as pessoas por etnia. É muito difícil fazer
a classificação racial, porque isso acaba resultando
numa manipulação tanto de um lado quanto do outro,
explica.
USP
e Secretaria da Educação fazem
curso pré-vestibular
Em
parceria com a Secretaria Estadual da Educação,
a USP oferecerá o Programa Pró-Universitário,
um curso pré-vestibular gratuito para estudantes do
ensino médio da rede pública de ensino. O anúncio
foi feito no dia 4 de maio pelo governador Geraldo Alckmin,
durante visita à zona leste, região em que está
sendo implantado o novo campus da USP, com início das
aulas previsto já para fevereiro de 2005. O objetivo
do programa é ampliar as possibilidades de acesso de
alunos carentes à universidade pública.
Com investimentos de R$ 3 milhões, cedidos pelo governo
do Estado, o programa começará em julho, com
cem turmas de 50 alunos e aulas ministradas à tarde
e à noite, em salas ociosas da rede estadual, totalizando
380 horas/aula. As aulas farão uma revisão das
nove disciplinas do ensino médio. Caberá aos
professores da USP elaborar o material didático em
formato de fascículos e capacitar os graduandos da
Universidade para trabalharem como monitores. A pró-reitora
de Graduação da USP, professora Sonia Penin,
ressalta que a idéia é estimular nos universitários
o compromisso de responsabilidade social, um dos objetivos
do programa. Queremos que essa atividade estabeleça
uma estreita relação entre os docentes da Universidade
e os professores da rede de ensino público do Estado.
As vagas serão ocupadas por alunos com menor renda
familiar, melhor desempenho escolar e boa freqüência,
conforme os critérios estabelecidos pela Secretaria
da Educação.
Site
da Divisão de Marketing já está na rede
Desde
o dia 3, está à disposição na
Internet o site da Divisão de Relações
Públicas, Marketing e Publicidade da Coordenadoria
de Comunicação Social (CCS) da USP, no endereço
www.usp.br/marketing. Um dos objetivos da iniciativa é
ampliar as parcerias entre a USP e a comunidade externa. Ao
criar um canal que coordena as operações de
marketing e relações públicas na comunidade
universitária e traça políticas de captação
de recursos externos, a CCS atende a uma demanda histórica.
Hoje, está muito mais fácil se aproximar da
USP e a tendência é ampliar cada vez mais os
mecanismos que permitam o estabelecimento de parcerias com
a iniciativa privada, sem prejuízo dos ideais universitários,
afirma o texto de apresentação do site. Nele,
há diferentes seções que mostram como
formar parcerias com a USP. Em \t _self
Projetos, por exemplo, são apresentadas as formas
de mediação realizadas pela Divisão de
Marketing e os cases de sucesso. Já a seção
\t _self Serviços reúne
informações importantes para o visitante do
site que pretende conhecer melhor a USP.
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