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O professor Marco Antonio Zago,
coordenador do Centro de Terapia Celular: entre suas missões está oferecer
cursos para professores e alunos do ensino médio


Com os projetos dirigidos por professores da USP, alunos do ensino fundamental e médio têm a oportunidade de fazer pesquisa e ensinar outros jovens


I
niciar jovens cada vez mais cedo nos mistérios da ciência não é novidade para a equipe da Casa da Ciência. Envolvidos pelos ideais “revolucionários e de vanguarda” de ensinar usando práticas de pesquisa científica da professora Marisa Ramos Barbieri – uma das coordenadoras do projeto –, desde 2001 esse grupo de pesquisadores atua com alunos do ensino fundamental e médio da rede pública de ensino, em laboratórios de última geração no Hemocentro de Ribeirão Preto.

São quase quatro anos de atividade do projeto educacional “As Células, o Genoma e Você”, do Centro de Terapia Celular (CTC) e do Hemocentro, um dos dez Centros de Pesquisa, Inovação e Difusão (Cepids) criados pela Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo) em 2000. Com a missão de pesquisar na fronteira do conhecimento, gerando e transferindo tecnologia, o Cepid tem a responsabilidade de oferecer cursos para estudantes e professores do ensino médio. Dessa forma nasceu o projeto, que mesmo jovem frutificou, dando origem a novos programas, como o “As Células, o Genoma e Você, Professor”, o “Caça-Talentos”, o “Pré-Congresso” – evento realizado em 2002 no Hemocentro de Ribeirão Preto, com a finalidade de expor os trabalhos desenvolvidos pelos alunos participantes do “Caça-Talentos” – e a solidificação da própria Casa da Ciência.

Com todo esse esforço, cerca de 400 crianças e adolescentes foram envolvidos diretamente pelos projetos, além dos outros tantos indiretamente influenciados pelos colegas-pesquisadores em suas escolas de origem, todas da região de Ribeirão Preto. Quatro desses jovens acabam de ser selecionados para receber bolsas de pesquisa do Programa de Iniciação Científica Júnior da Fapesp, numa iniciativa pioneira em parceria com o CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico). O programa quer levar a jovens pré-universitários metodologias de aprendizagem que incentivem a curiosidade e a prática científica.

Jovens cientistas

Ádamo Davi Diógenes Siena, 14 anos, é aluno do 1º ano do ensino médio da Escola Estadual Dom Romeu Alberti, localizada no bairro José Sampaio, em Ribeirão Preto. Integra a equipe desde 2002, participando do grupo de pesquisa Introdução à Biologia Celular e Molecular, com sua professora da escola, Leonízia Nakamura. É especialista em histórias em quadrinhos. Produz cartilhas ilustrativas e confecciona jogos educativos, como o In Vírus. No momento, está ilustrando uma história de vírus para a cartilha Almanaque da Ciência. “Quando contei para meus pais, eles não acreditaram. Depois, meu pai ficou orgulhoso”, conta Ádamo sobre a bolsa de pesquisador que recebe.

Pâmela Cristina da Silva, 15 anos, é colega de turma de Ádamo na Escola Dom Romeu Alberti e também foi trazida ao grupo pela professora Leonízia, em 2002. Ela escreveu o roteiro de uma peça de teatro, Agonia de uma célula (sobre a invasão do vírus dentro de uma célula), na qual atuou como diretora e contou com a participação de seus colegas Ádamo e Daiane. Produziu também outras peças, como Câncer de mama e Aborto sim, aborto, não, encomendadas pela diretoria de sua escola. Especialista no assunto, organizou grupos de estudo para atores da peça e deu aulas sobre os temas em outras salas de aula.

Daiane Maciely Alves de Carvalho, 14 anos, colega de Ádamo e Pâmela, desenvolveu jogos educativos como o Biodiversidade, apresentado na Estação Ciência da USP de São Paulo, em 2002, e o OGMs Games, no grupo de pesquisa sobre Transgênicos. Além da participação e produção própria, Daiane se sentia responsável pela transferência de conhecimentos e mantinha, em sua escola, um grupo de estudos para repassar a seus colegas tudo o que aprendia.

Jéssica Silva Bernardo tem 16 anos e freqüenta o 2º ano do ensino médio na Escola Estadual José Luiz de Siqueira, em Barrinha, cidade vizinha a Ribeirão Preto. Orientada por pós-graduandos na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto (FFCLRP) da USP, Jéssica e outras quatro colegas desenvolveram pesquisa inédita sobre os hábitos alimentares de camarões em usina de açúcar e álcool da região. Chegou a apresentar monografia com os resultados da pesquisa para uma banca examinadora durante o “Pré-Congresso”. “Fiquei muito feliz em ser escolhida. Vou ter um nível de conhecimento maior e na escola vou poder passar para meus colegas”, diz Jéssica, esperançosa.


 
Cerca de 400 crianças e adolescentes já participaram dos projetos realizados
pela Casa da Ciência, em Ribeirão Preto


Cientista Júnior

Durante um ano, os alunos selecionados receberão uma bolsa mensal e desenvolverão atividades em dez horas semanais, com aulas teóricas e práticas nos laboratórios, introdução à informática, consulta bibliográfica e redação na Casa da Ciência. Entre as atividades programadas para o Cientista Júnior estão o entendimento da relação entre o que a mídia divulga e o que as aulas tentam explicar na escola. Como trunfo, a equipe terá à mão o acesso direto ao que os cientistas descobrem já há pelo menos cinco décadas sobre biologia celular e molecular.

Os quatro jovens cientistas estudarão virologia com a doutora Simone Kashima, do Laboratório de Biologia Molecular; transgênicos com a doutora Aparecida Maria Fontes, do Laboratório de Criobiologia II; células-tronco com a professora Maristela Delgado Orellana, do Laboratório de Cultura Celular; e bases hereditárias com a doutora Rita de Cássia Viu Carrara, do Laboratório de Imunofluorescência.

A Casa da Ciência é uma iniciativa educacional com o objetivo de aproximar alunos e professores de ensino fundamental e médio do mundo da pesquisa científica. Sua principal idealizadora é Marisa Ramos Barbieri, bióloga e professora aposentada do Departamento de Biologia da FFCLRP.

Com a criação do Centro de Terapia Celular (CTC), coordenado pelo professor Marco Antonio Zago – um dos dez Cepids da Fapesp –, a idéia da Casa da Ciência foi absorvida e transformada num programa inédito de aproximação dos centros de pesquisa da USP com os professores do ensino fundamental e médio, principalmente os da rede pública de ensino da região de Ribeirão Preto. Articulados pela Casa da Ciência, estão programas como o curso de especialização oferecido aos professores “As Células, o Genoma e Você, Professor”; grupos de pesquisa, envolvendo professores e pesquisadores da USP; atividades nas escolas de origem desses professores; o Jornal das Ciências, produzido por professores e seus alunos; o “Caça-Talentos” e o site da Casa da Ciência, atualmente em reformulação.

O projeto “As Células, o Genoma e Você” é coordenado pelos professores da USP Marco Antonio Zago e Dimas Tadeu Covas, da Faculdade de Medicina (FMRP), e Marisa Ramos Barbieri e Dalton de Souza Amorim, da FFCLRP.

Caça-Talentos

Ao ingressarem nas atividades do projeto educacional do CTC, os professores de ensino médio e fundamental foram aos poucos trazendo seus alunos. Logo no primeiro ano, a presença deles já era realidade nos programas. Em 2001, eles freqüentavam o curso de especialização com seus professores.

Como eram “vocacionados” (termo usado para identificar aqueles que se envolviam voluntariamente), foi criado o Programa “Caça-Talentos”. O objetivo era proporcionar aos alunos condições para apoiar seus professores nas escolas e também desenvolver pesquisas, utilizando o método científico. Eram orientados por pesquisadores, pós-graduandos e graduandos da USP. Com o “Caça-Talentos”, esses alunos pesquisaram, escreveram os resultados de seus achados, apresentaram seus conhecimentos em eventos e dividiram o aprendizado com os colegas de escola, usando as mais variadas formas de divulgação: teatro, história em quadrinhos, apresentação em congresso, aulas, exposições e grupos de estudo.

 

 




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O Jornal da USP é um órgão da Universidade de São Paulo, publicado pela Divisão de Mídias Impressas da Coordenadoria de Comunicação Social da USP.
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