Cerca
de 90 instituições de ensino superior participaram
do 14o Encontro da Associação de Universidades de
Língua Portuguesa (AULP), realizado entre 22 e 25 de julho
na Escola Politécnica da USP.
O encontro foi aberto oficialmente em cerimônia realizada
no Palácio dos Bandeirantes, no dia 22, com a presença
do governador Geraldo Alckmin, do presidente da AULP, o angolano
João Sebastião Teta, e do reitor da USP, Adolpho José
Melfi.
O evento reuniu centenas de professores e pesquisadores para debater
formas de aproximar as universidades dos nove países ou ex-colônias
de Portugal que atuam como membros da associação
Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Macau, Moçambique,
Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor Leste.
Ao mesmo tempo, foi realizado o 2o Encontro de Estudantes de Países
Lusófonos.
Nações que falam português formam o terceiro
grupo mais numeroso em termos populacionais cerca de 220
milhões de pessoas e em número de países,
superadas apenas pelos grupos formados pelos países que falam
inglês e espanhol. Durante a cerimônia no Palácio,
foi apresentado o Portal Univirtual Professor Milton Santos (www.ccint.usp.br/univirtual),
uma iniciativa da Comissão de Cooperação Internacional
(Ccint) da USP, que disponibiliza várias ferramentas úteis,
como ensino a distância, biblioteca virtual e links para portais
científicos, como Fapesp e Capes. O Portal Univirtual é
o primeiro passo rumo à criação de uma universidade
virtual de língua portuguesa, uma das principais propostas
elaboradas durante o encontro da AULP.
Para concretizar esse projeto, o problema maior não está
na tecnologia, mas sim nas condições socioeconômicas
dos países membros, segundo o professor Edson dos Santos
Moreira, coordenador do Centro de Computação Eletrônica
(CCE) da USP, que debateu a questão no dia 23, duranteo encontro.
Soluções tecnológicas existem, o entrave
é na área econômica e social. Mas é preciso
levar o conteúdo às comunidades dos países
de língua portuguesa. Para isso, precisamos de uma definição
política.
Em sua participação, o professor falou sobre
a infra-estrutura de comunicação para distribuição
de ensino a distância (EAD). A USP tem um bom conteúdo
e experiência em ensino. Transformar isso em conteúdo
de EAD não é difícil, tecnologicamente falando.
Outra coisa boa que temos é a experiência em comunicação
(redes, Internet e videoconferência).
Nós não sabemos como é realidade dos outros
países membros, nesse aspecto. O levantamento dessa realidade
será importante para um plano de metas, explica. Segundo
ele, os membros da AULP devem traçar metas para a definição
de prioridades. Os temas mais relevantes devem ser definidos
em conjunto, para que a universidade virtual não se torne
um divulgador dos conhecimentos de países mais avançados,
enquanto os menos desenvolvidos sejam apenas absorvedores desse
conhecimento, comenta. Devese criar um escopo de cooperação
para que, de fato, haja troca de conhecimento.
Ensino da língua Outras formas de integrar
as universidades lusófonas foram discutidas pelos grupos
de trabalho. Um deles propôs a formação de grupos
de pesquisas, a criação de um site para os professores
de língua portuguesa e a implementação de intercâmbios
de alunos e pesquisadores entre as universidades da AULP.
Temos a expectativa de que este encontro proporcione maior
integração entre as universidades membros da AULP
e que possibilite o estabelecimento de acordos entre essas universidades
para a formação conjunta dos professores, afirmou
a professora Myriam Krasilchik, da Faculdade de Educação
da USP, que coordenou o Grupo de Trabalho sobre Formação
de Professores para o Ensino Médio/Secundário e Fundamental/Básico.
O ensino da língua portuguesa também foi bastante
discutido em outro grupo de trabalho, que contou com as experiências
de pesquisadores em países africanos, onde o português
coexiste com línguas regionais. É o caso, por exemplo,
de Timor Leste, Moçambique, Guiné-Bissau, Angola e
Cabo Verde. No Timor Leste percebe-se uma grande simpatia
do povo em relação ao português, afirmou
a professora Regina Helena de Brito, da Universidade Presbiteriana
Mackenzie.
Segundo ela, foram os timorenses que buscaram apoio do Brasil e
de Portugal para difundir o ensino da língua portuguesa em
seu país. Já o contrário ocorre em Moçambique,
onde o português é língua materna de apenas
6,5% da população do país. O português
é a língua da elite e a elevação de
qualquer outra língua a oficial, em Moçambique, pode
desencadear um conflito entre os diversos grupos étnicos
do país, afirmou Regina.
História e cultura A importância do português
foi debatida ainda por um dos grandes especialistas brasileiros
no assunto, o professor da USP Boris Fausto. Em sua conferência,
também no dia 23, ele ressaltou a influência decisiva
da língua portuguesa na formação do Estado
brasileiro e na consolidação de uma identidade nacional.
De instrumento de dominação do invasor, o português
passou à ferramenta de unificação e integração
das diversas partes do País, afirmou o professor. Ele
lembrou que nem os fluxos migratórios, entre 1870 e 1930,
afetaram a hegemonia da língua portuguesa no País.
É preciso ressaltar que os imigrantes não introduziram
o multilingüismo no Brasil. Vale lembrar que à época,
a língua era uma ferramenta importante de ascensão
e os imigrantes procuraram se integrar totalmente ao País.
Carlos Lopes, membro do Projeto das Nações Unidas
para o Desenvolvimento (PNUD), durante o evento reforçou
a relação entre idioma e a diplomacia. As recentes
posições diplomáticas arrojadas do Brasil,
somadas ao crescente destaque da economia portuguesa na União
Européia, abrem o caminho e criam novas perspectivas para
os outros países de língua portuguesa, disse.
A professora de História da USP Janice Theodoro falou sobre
a sua experiência no Timor Leste e em Macau. Para a professora
há uma diferença temporal entre esses territórios
e o Brasil.
Uma aluna de Macau me perguntou como eu me senti quando o
Brasil se tornou independente. Percebi que eles estão passando
por um processo histórico pelo qual nós já
passamos há muito tempo, conta Janice. Lá,
tal qual no Brasil, a língua também se tornou um instrumento
de resistência e de identidade de seu povo,completa.
Para o professor Antonio de Almeida Serra, da Universidade Técnica
de Lisboa, a diminuição do capital humano e dos recursos
naturais comprometeu o desenvolvimento timorense.
Durante o período de gestão da ONU no Timor,
muito foi feito para criar uma infra-estrutura para promover a sustentabilidade
no país. Mas isso não pode ser alcançado a
longo prazo, disse Serra. O Timor está, atualmente,
na 158a posição no ranking do Índice de Desenvolvimento
Humano (IDH) da ONU, apresentando uma diminuição do
PIB nos últimos três anos.
O grande desafio seria reverter esse quadro investindo na qualificação
da mão-deobra por meio de uma diversificação
dos cursos universitários e a criação de escolas
técnicas. A presença dos países de língua
portuguesa em diferentes blocos econômicos e organizações
internacionais pode fortalecer os interesses lusófonos no
cenário mundial, defendeu o diplomata Alberto Costa e Silva,
em sua palestra.
Acredito que esses países podem assumir posições
de destaque para liderar ações que colaborem parao
desenvolvimento econômico de toda a comunidade lusófona.
Portugal na União Européia e o Brasil no Mercosul,
ao invés de pontes entre si, podem ser traços de união
entre esses diferentes blocos comerciais. No âmbito
acadêmico, a integração entre universidades
é essencial para a divulgação da produção
científica.
Para Carlos Lopes, que também desenvolveu o sistema africano
de avaliação do ensino superior, as universidades
africanas são ainda extremamente prejudicadas pelos governos
fracos ou muitas vezes opressivos. Percebemos o alinhamento
da comunidade universitária com a luta democrática
em diversos países da África sub-saariana. Acho que
as experiências das universidades brasileiras podem contribuir
para as reformas que precisam acontecer na atual situação
acadêmica africana, afirmou.
Livros e leitura Professores e editores presentes
ao encontro fizeram uma proposta que pode colaborar sensivelmente
para a circulação de livros entre os países
de fala portuguesa. Reunidos no dia 24, eles sugeriram a criação
de uma Associação das Editoras Universitárias
de Língua Portuguesa. Na reunião, foi discutida uma
política de redução das tarifas alfandegárias
de comércio internacional, para que as produções
editoriais dos países de língua portuguesa possam
circular com maior amplitude. O professor da USP Benjamin Abdala
Jr., coordenador do encontro, disse que o governo federal se mostrou
disposto a fazer com que um maior público tenha contato com
as produções de escritores de língua portuguesa.
Os participantes destacaram a importância de se criar metodologias
que organizem um fluxo de acesso dos livros em língua portuguesa
entre os países lusófonos. A pesquisadora Débora
Leite David lembrou que a Medida Provisória 183, baixada
recentemente pelo governo federal, isenta os livros da taxa do Cofins.
Essa medida vai baratear o custo do livro, afirmou Débora.
Já para Isis Valéria Gomes, representante da Câmara
Brasileira do Livro, além da Cofins é preciso liberar
a taxa alfandegária, que ajuda a manter os preços
altos. Débora David disse ainda que várias atitudes
estão sendo tomadas pelo governo federal para melhorar a
circulação do livro brasileiro dentro e fora do País.
Em 2003 foi promulgada a Lei de Política Nacional do Livro,
com o objetivo de ampliar a circulação da produção
editorial brasileira. A lei dispensa as editoras da ação
alfandegária prévia, também permite que sejam
elaborados mais eventos e feiras internacionais e estabelece uma
tarifa postal reduzida para o livro brasileiro, disse a pesquisadora.
Um outro passo a ser tomado será a criação
de uma página na Internet para a venda dos livros. Embora
saibamos que o e-commerce cobre apenas uma elite cultural e econômica,
acreditamos que seja um bom medidor de demanda e o princípio
de uma atitude positiva frente à produção editorial
portuguesa, explicou Susanna Ramos Ventura, pesquisadora da
USP.
Para Plínio Martins Filho, diretor da Editora da USP (Edusp),
é importante que se crie um coeficiente de preço médio
padrão para equalizar os preços em todos os países.
Assim, o livro brasileiro não chegaria muito barato
a Portugal e os portugueses não chegariam excessivamente
caros ao Brasil, explicou.
Para o diretor da Fundação da Editora da Unesp, José
Castilho Marques Neto, desenvolver mais feiras nacionais e internacionais
buscando envolver profissionais da área como também
fomentar uma ação governamental efetiva, como é
o caso do Programa Fome de Livro do governo federal, são
ações que só têm a contribuir para aumentar
a demanda. O intercâmbio de artes-finais entre os países
para a produção da obra fora do país de origem,
a participação dos editores em eventos como o encontro
da AULP e a produção de co-autorias e co-edições
foram outras propostas importantes apresentadas durante a reunião.
Espelho das sociedades Literatura é assunto
que não poderia faltar no encontro das universidades de língua
portuguesa. A literatura é um espelho profundo das
sociedades, afirmou a professora Cremilda Medina, da Escola
de Comunicações e Artes (ECA) da USP, que participou
das discussões sobre Literatura em Língua Portuguesa.
Cremilda, que tem diversos livros publicados sobre o assunto, defendeu
que a literatura apresenta personagens identificados com os povos
e, por meio dela, é possível conhecer as sociedades.
Segundo a professora, há diferenças entre as literaturas
portuguesa, brasileira e africana, decorrentes da formação
cultural dessas sociedades.
A cultura brasileira está muito voltada para o seu
próprio continente, ao contrário dos portugueses,
explica. Já os africanos têm, segundo a professora,
maior conhecimento da cultura brasileira, na medida em que as suas
obras resgatam as origens ancestrais dos povos: É uma
tentativa desesperada de encontrar a sua história.
O principal objetivo do subgrupo de literatura em língua
portuguesa, coordenado pela professora Elza Assumpção
Miné, é iniciariniciar um processo de inclusão
das literaturas de língua portuguesa no currículo
dos ensinos fundamental, médio e superior. Os participantes
pretendem sensibilizar os alunos e despertar o prazer pela arte
e pelos textos literários, e não propor a simples
discussão estética das obras.
Durante a conferência, o grupo coordenado pela professora
Elza propôs a criação de disciplinas, nas universidades
ligadas à AULP, que operem com textos literários,
a organização de bibliotecas com obras literárias
em língua portuguesa, a produção de coleções
de livros paradidáticos sobre o tema, a publicação
de volumes com textos em prosa e poesia e a elaboração
de um dicionário de literaturas de língua portuguesa,
além do incentivo a programas de intercâmbio entre
estudantes e pesquisadores.
Ensino superior A internacionalização
do ensino superior foi o tema da reunião Currículos
de graduação: tendências e perspectivas de maior
unificação, ocorrida no dia 23. Os integrantes
do evento apresentaram experiências já consolidadas
entre instituições universitárias e discutiram
propostas de inserção das universidades lusófonas
nesse processo.
A internacionalização é uma realidade
que está aí, e nós precisamos entendê-la
melhor. Já é unanimidade que o processo é necessário
para o próprio desenvolvimento dos países, disse
Sonia Penin, pró-reitora de Graduação da USP.
Ela argumentou que o conhecimento tornou-se globalizado, juntamente
com a economia e o trabalho, e que deve haver a inserção
global das universidades para que se atue mais eficazmente no plano
social local.
Os participantes da reunião apresentaram as atividades de
intercâmbiointercâmbio das respectivas instituições
de que são membros. Adelberth Adam, representante da Fundação
Eduardo dos Santos, de Angola, comentou os recentes acordos fechados
entre a fundação e a Vunesp, para o intercâmbio
de alunos africanos no Brasil.
É necessário formar novos quadros de profissionais
para o desenvolvimento de Angola, principalmente na área
tecnológica e em saúde, afirmou. Na palestra
ministrada pelo membro da Universidade Técnica de Lisboa,
Pedro Lourtie, foram apresentadas as tendências do ensino
superior na comunidade européia. Segundo ele, a integração
entre instituições do continente é um projeto
que deve ser consolidado até 2010.
Mas o conflito entre iniciativas dessas instituições
e as decisões dos governos nacionais é um dos obstáculos
para a formação de um espaço comum europeu
de ensino. Um espaço lusófono de ensino superior
seria ainda mais difícil de ser implementado, uma vez que
as diferenças entre os países de língua portuguesa
são grandes na área da educação.
Avaliação Ter um sistema de ensino superior
não basta. É preciso que haja qualidade. A avaliação
dos cursos universitários foi tema de outro debate, realizado
no dia 24. Participaram da mesa de discussão Hélio
Nogueira da Cruz, vice-reitor da USP, Antônio José
Avelãs Nunes, professor da Universidade de Coimbra, Pedro
Lourtie, docente da Universidade Técnica de Lisboa, e Edson
Luiz Riccio, da Faculdade de Economia e Administração
(FEA) da USP.
A auto-avaliação da USP evoluiu da fase departamental
à institucional, afirmou Hélio Nogueira durante
a sua palestra no evento da AULP. Houve um primeiro ciclo
de avaliação interna na Universidade, ocorrido na
década de 90, focado principalmente na avaliação
dos departamentos, e é consenso atualmente que se tratava
de um processo com falhas, sobretudo se pensarmos em seu longo prazo
de aplicação. Hoje estamos num segundo ciclo que,
entre outros avanços, conta com uma maior participação
de unidades de ensino e pesquisa e, ainda, prega uma associação
mais forte entre avaliação e planejamento institucionais.
O primeiro ciclo de auto-avaliação uspiana a que o
vice-reitor se refere ocorreu entre os anos de 92 e 98. No ano de
92, a Universidade criou a Comissão Permanente de Avaliação
(CPA). Em 2003, após solicitação do Conselho
Estadual de Educação (CEE), a USP entrou no chamado
segundo ciclo de avaliação interna. Esta segunda fase
está programada para terminar em 2005, quando a USP deverá
entregar um relatório final ao CCE. O contínuo
processo de avaliação, em ciclos que se sucedem, gera
resultados positivos, comentou Hélio N o g u e i r
a . C h e g a m o s num nível de auto-avaliação
descentralizado, participativo e que respeita as especificidades
dos departamentos e das unidades de ensino e pesquisa. Pedro
Lourtie, docente da Universidade Técnica de Lisboa, reforçou,
em sua palestra, que os diversos sistemas de avaliação
podem caminhar juntos.
A auto-avaliação é um processo de auto-conhecimento,
por isso, fundamental. Sem a avaliação externa, entretanto,
pode ficar manco. Daí ser fundamental a complementaridade.
O boom dos sistemas de avaliação do ensino superior
na Europa ocorreu na década de 80. Nos anos seguintes, começou
a se pensar na qualidade dos cursos de graduação e
no contexto europeu como um todo. Ainda continua acesa a discussão
sobre se a Europa deve padronizar seus sistemas de avaliação,
criando uma espécie de plataforma européia, ou tentar
manter as particularidades do ensino de cada país,
comentou Lourtie.
Ele explicou que, em Portugal, a necessidade de avaliação
do sistema de ensino superior começou a ser reconhecida no
final dos anos 80. Atualmente, o Conselho Nacional de Avaliação
do Ensino Superior , ligado ao Ministério da Ciência
e do Ensino Superior de Portugal, é o responsável
pela avaliação do ensino superior no país.
Com reportagens da Agência USP de Notícias
e de Izabel Leão
Pesquisas
podem
ser ampliadas
Durante a mesa-redonda Cooperação científica
no espaço lusófono realizada no
dia 25, durante o encontro da AULP , pesquisadores brasileiros
e portugueses apontaram que as pesquisas conjuntas entre os
dois países estão aumentando, mas podem ser
ampliadas através dos programas de pós-graduação.
O debate também discutiu formas de aumentar o intercâmbio
dos pesquisadores com os países de língua portuguesa
na África. O pesquisador português Antonio Coutinho,
da Universidade de Lisboa e da Fundação Gulbekian,
afirmou que a cooperação entre Brasil e Portugal
na pesquisa científica aumentou nos últimos
dez anos. A maioria dos vínculos é estabelecida
pelos próprios pesquisadores, sem a intermediação
de convênios, disse.
Coutinho apontou que o intercâmbio poderia ser ampliado
através dos estudos de pós-graduação,
que tem grande participação nas pesquisas dos
dois países. Estudantes brasileiros poderiam
realizar exames de qualificação em Portugal
concorrendo em igualdade com os candidatos locais, e vice-versa.
O pró-reitor de Pesquisa da USP, Luiz Nunes de Oliveira,
observou que a publicação de artigos em revistas
científicas internacionais, registrada pelo Institute
for Scientific Information (ISI), cresceu tanto no Brasil
quanto em Portugal nos últimos 30 anos. Entretanto,
Nunes observa que poucos trabalhos foram publicados em conjunto.
Enquanto foram registrados 3500 artigos brasileiros
e 4.500 portugueses em 2003, apenas 20 eram assinados por
pesquisadores dos dois países, principalmente nas áreas
de química e física. De acordo com Luiz
Nunes, a cooperação científica de Brasil
e Portugal com os países africanos é ainda menor,
citando como exemplo o caso de Moçambique.
Em 2003, o cadastro do ISI apontou apenas nove artigos
conjuntos de pesquisadores portugueses e moçambicanos,
a maioria de medicina e biologia, afirmou. Apenas
um texto era de moçambicanos e brasileiros, na área
de geociências. Segundo o pró-reitor de
Pesquisa da USP, já existem instrumentos para aumentar
o intercâmbio dos países de língua portuguesa
na área de pesquisa.
No Brasil, o governo federal oferece bolsas de um ano
para estudos de doutorado no exterior, mas a procura é
muito pequena, declarou. Luiz Nunes lembrou que a Biblioteca
Virtual do Estudante Brasileiro, criada pela Escola do Futuro
da USP na Internet, possui um convênio com a Universidade
Tecnológica de Maputo (Moçambique), para intercâmbio
de textos.
Faltam iniciativas mais estruturadas para aprofundar
os contatos. Benício Schmidt, coordenador de
Cooperação Internacional da Coordenadoria de
Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
(Capes), órgão do Ministério da Educação,
relatou que um convênio com o Instituto de Ciências
de Portugal permitiu a criação de 62 programas
de pós-graduação conjuntos entre brasileiros
e portugueses, envolvendo 22 instituições dos
dois países. Nesses programas, há o compartilhamento
dos recursos de pesquisa
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