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As Arcadas e a cerimônia de comemoração dos 177 anos de fundação da Faculdade
de Direito: liberdade acadêmica e intelectual mudou o ambiente cultural de São Paulo e do Brasil


N
um momento em que acadêmicos, políticos, magistrados e profissionais da área jornalística e do audiovisual polemizam acerca das mudanças propostas pelo governo federal na atual legislação do setor, o vice-governador do Estado, Cláudio Lembo, defendeu a liberdade intelectual num discurso improvisado que realizou na Faculdade de Direito (FD) da USP no último dia 10 de agosto, durante o painel “Aspectos Históricos da Criação da Universidade de São Paulo”. Parte das comemorações dos 177 anos da Faculdade de Direito, o painel foi uma homenagem prestada pela FD aos 70 anos da USP e contou com a presença do reitor Adolpho José Melfi e do presidente do grupo Estado, Ruy Mesquita, além de Antônio Penteado Mendonça, da Academia Paulista de História, Emeric Lévay, coordenador do Museu do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, Eduardo César Silveira Vita Marchi, diretor da FD, e Ivette Senise Ferreira, presidente do Museu da FD.

“Estamos num momento difícil, em que o Congresso busca votar um projeto que cerceia a liberdade. Sem liberdade, o progresso se afasta porque não existe vigilância sobre as ações dos políticos. Nesse sentido, a USP já fez muito por São Paulo e como aluno desta casa, peço que mais uma vez seja a defensora da liberdade. Porque só os maus políticos e os maus jornalistas é que vivem sem liberdade”, disse.
Segundo Lembo, a liberdade permitiu que a Universidade pudesse crescer e fazer o País crescer, e alterou a vida intelectual e política brasileira. “A liberdade intelectual é um padrão da USP e vamos continuar a fazer disso um padrão”, afirmou.

Lembo considerou a criação da USP Leste um ato de inovação e coragem do reitor Melfi. “Aquela região precisa elevar sua auto-estima e nada melhor que o conhecimento para aumentar a auto-estima das pessoas. O reitor teve a coragem de inovar ao levar a USP para a zona leste”.
Segundo Melfi, a criação da USP Leste é como “um renascimento da própria USP” e também “o ponto alto das comemorações dos 70 anos da Universidade”. O reitor lembrou em seu discurso nomes de destaque do cenário político e intelectual brasileiro que se formaram nas Arcadas. Entre presidentes da República, literatos e jornalistas, citou, entre outros, Prudente de Morais, Afonso Pena, Arthur Ramos, Jânio Quadros, Arthur de Azevedo, Paulo Eiró, Fagundes Varella, Guilherme de Almeida, Júlio de Mesquita, Rangel Pestana. Relembrou também importantes movimentos sociais já encampados pela FD, entre eles o que lutou pela abolição da escravatura e pela República, pela Revolução Constitucionalista de 32 e pela democracia, com a campanha das Diretas-Já.

Para homenagear a USP, Ruy Mesquita se concentrou em um opúsculo intitulado “Sob a Crise Nacional”, assinado em 1925 pelo pai, Júlio de Mesquita, um dos mentores da criação da Universidade de São Paulo. No texto, Mesquita pai destacava a “grande anarquia intelectual” existente no Brasil logo após o tenentismo (1922-23), criticava a precariedade dos ensinos primário e secundário e defendia a necessidade de dotar o País de um ensino superior capaz de ombrear com os melhores nos Estados Unidos e Europa.

“Ele nem sonhava que nove anos depois teria a possibilidade de tornar seu sonho realidade”, disse Ruy. O jornalista destacou aspectos históricos da fundação da USP, entre eles os bastidores da nomeação de Armando de Salles Oliveira como interventor do Estado, o que hoje corresponderia ao cargo de governador. Cunhado de Júlio de Mesquita, o renomado engenheiro teria sido escolhido pelo presidente Getúlio Vargas a fim de que sua administração pudesse cair nas graças do grupo Estado e de seu então presidente, que naquele momento articulava contra o getulismo.
O evento de terça-feira foi prestigiado também por diretores de diversas unidades de ensino da USP, além dos pró-reitores das áreas de pesquisa, ensino, cultura e extensão. Os salões das Arcadas abriram suas portas para uma semana inteira de festividades pelo aniversário dos 177 anos da FD. O 11 de agosto foi lembrado não apenas como o famoso “Dia da Pindura” dos estudantes de Direito, mas também pelos 101 anos do Centro Acadêmico XI de Agosto, espaço engajado e participante dos mais importantes movimentos brasileiros.






Festa ao som de Bach e Mozart


Durante as comemorações dos 177 anos da Faculdade de Direito do Largo São Francisco, a Osusp (Orquestra Sinfônica da USP) também homenageou os 70 anos da Universidade, com a execução do Hino Nacional Brasileiro e peças de clássicos como Johann Sebastian Bach (1685-1750) e Wolfgang Amadeus Mozart (1756-1791), sob a regência do maestro convidado Flávio Florence.

Também na terça-feira, o reitor Adolpho José Melfi inaugurou a exposição histórica “São Francisco na USP”, organizada pela presidente do Museu da FD, Ivette Senise Ferreira, com objetos pertencentes ao próprio acervo do museu. São fotografias das primeiras edificações da USP, dos professores da “missão francesa” que deu início ao ensino e à pesquisa na Universidade, entre outras.

Quem visitar a exposição poderá conhecer um pouco mais sobre aspectos históricos e acadêmicos relevantes como foi a campanha pela reforma universitária durante a ditadura militar (1968-1984). No auge da censura e supressão dos direitos civis, os estudantes tomaram, em 1968, o prédio da FD para lutar pela reestruturação do curso de Direito. No episódio, reivindicaram a edificação das Ciências Jurídicas e Sociais no lugar da “mera leitura de códigos”. Esses e outros episódios estão retratados em diversos painéis temáticos.

Outras curiosidades incluem ainda jornais da época, como o Tribuna Liberal, A Idéia e o São Paulo Universitário, além de documentos, ofícios e cartas referentes à criação da USP.

 

  ir para o topo da página O Jornal da USP é um órgão da Universidade de São Paulo, publicado pela Divisão de Mídias Impressas da Coordenadoria de Comunicação Social da USP. [EXPEDIENTE] [EMAIL]