Há
quase 50 anos, próximo das oito horas da manhã do
dia 24 de agosto de 1954, um tiro disparado de um revólver
da marca Colt, calibre 32, com peso de 504 gramas e cabo de madrepérola,
arma muito usada pelos gaúchos da fronteira, levou ao fim
da vida e carreira de Getúlio Vargas. Considerado por muitos
como o maior político da história brasileira enquanto
outros defendem que sua atuação no cenário
nacional foi fruto de um conjunto de circunstâncias de época
que operaram enormes transformações na política,
o gaúcho não foi nem uma coisa nem outra mas, provavelmente,
a soma de ambas e outras possíveis interpretações
ou, resumindo, uma verdadeira esfinge ensimesmada no poder. O fato
é que, com sua atuação, Vargas mudou definitivamente
o País, introduzindo o Brasil, com anos de atraso, na profunda
e rápida espiral de mudanças que varria o mundo desde
o início do século 20.
Entretanto, as realizações de Vargas não foram
obras exclusivamente pessoais. Tanto em seu primeiro período,
chamado por muitos de A Era Vargas (1930-1945), na qual se insere
a ditadura do Estado Novo, quanto no segundo governo (1951 a 1954)
o político nascido em São Francisco de Borja (mais
conhecida como São Borja), em 19 de abril de 1882 (e não
em 1883, como ele deixou que achassem, em mais um lance da esfinge),
contou com o apoio de muitos colaboradores, como Francisco Campos,
Gustavo Capanema, Graça Aranha, Lourival Fontes, Filinto
Müller, Eurico Gáspar Dutra (que viria a substituí-lo
no período em que ficou fora do poder), Alexandre Marcondes
Filho, entre outros, que se uniram em torno de um projeto nacional-desenvolvimentista,
discutido amplamente nas décadas de 1910 e 1920, mas com
algumas raízes originárias do final do século
19 e que acaba tomando corpo após a Revolução
de 1930. Entre suas duas gestões, com Getúlio Vargas
colhendo frutos mas também problemas, o governo criou, ampliou
e consolidou a legislação trabalhista, o salário
mínimo, o voto secreto e da mulher, os Ministérios
do Trabalho, da Indústria e Comércio e da Educação
e Saúde Pública, a Companhia Siderúrgica Nacional,
a Companhia Vale do Rio Doce, a Petrobras, impôs a ditadura
do Estado Novo, submeteu os sindicatos ao controle estatal, criou
a Previdência Social, censurou a imprensa, fechou e abriu
partidos políticos, perseguiu para depois aliar-se aos comunistas,
flertou com o fascismo para no final vestir a roupa de democrata,
integrou o Brasil na obra de derrota do nazifascismo na Segunda
Guerra Mundial, organizou e modernizou o serviço público,
ampliou as transmissões radiofônicas e o número
de salas de exibição de filmes. É muito
difícil fazermos essa dicotomia, essa avaliação
maniqueísta se Getúlio Vargas ou seu governo foi bom
ou mau, afirma Kátia Maria Abud, professora de Metodologia
do Ensino de História da Faculdade de Educação
(FE) da USP e especialista no tema. Não podemos dizer
que foi bom apenas porque houve modernização ou por
causa das leis trabalhistas. Trata-se do mesmo governo que para
fazer o lado bom gerou uma série de medidas ruins,
explica. Vargas veio de um contexto da República Velha
onde havia oligarquias poderosíssimas. Apoiado pelos tenentes
e por setores dispostos a romper com essa tradição
e promover mudanças, baseadas no centralismo administrativo
e, portanto, no enfraquecimento dessas elites regionais, o governo
constituído após 1930 assume e reinterpreta pressupostos
discutidos em anos anteriores, criando uma nova identidade nacional,
negadora das diferenças, promotora da união e identificada
com as novas relações trabalhistas que foram criadas.
Segundo a historiadora, em 1951 Vargas volta ao poder pelo voto
popular, com uma carga de nacionalismo enorme, que leva ao acentuamento
do populismo, passando a incomodar profundamente os grupos da elite
mais conservadores que, imediatamente, organizam uma campanha contra
o presidente, a qual aumenta em dimensão e virulência
a partir do atentado contra o jornalista Carlos Lacerda, que causou
a morte do major Rubens Vaz.
As investigações apontaram como envolvidos no crime
membros da guarda pessoal de Vargas, inclusive seu chefe, Gregório
Fortunato, que assumiu a autoria intelectual algumas pessoas,
na época, diziam que para livrar os verdadeiros mandantes,
Benjamin e Lutero Vargas, irmão e filho do presidente, respectivamente,
que teriam agido à revelia do presidente. Para parte
dos opositores a legislação trabalhista foi um choque,
pois não entendiam como é que se podia dar tanto poder
para a plebe, para pessoas que estavam acostumadas a serem exploradas
enquanto outra parte se incomodava com o centralismo político
e administrativo de caráter nacionalista, desenvolvimentista
e populista, como o aumento de cem por cento do salário mínimo,
defendido por seu ministro do Trabalho, João Goulart, e com
a criação de novas empresas que garantiram o monopólio
estatal em alguns setores econômicos, caso do petróleo
com a Petrobras, explica Kátia. Com o suicídio,
Getúlio acabou evitando o golpe dos seus opositores e permitiu
que a política desenvolvimentista fosse continuada, ainda
que com diferenças, por Juscelino Kubitschek.
A historiadora lembra, ainda, que no Estado de São Paulo
permanece a rejeição a Vargas por causa da reação
da elite paulista contra a perda do seu poder, ocorrida na Revolução
de 1930, que se materializou na Revolução de 1932.
Isso ficou no imaginário popular. Quase não
há referências a Vargas, diferente do que existe em
outras cidades e Estados, onde são comuns monumentos, estátuas
e avenidas com seu nome, diz Kátia. Em São
Paulo é justamente ao contrário: temos avenidas como
a 9 de julho e a 23 de maio, datas que remetem à Revolução
de 1932, a luta contra Vargas, ou o Obelisco do Ibirapuera. Isso
sem contar as referências ao nosso passado colonial, cafeeiro
e industrial como sendo um modelo a ser seguido pelo restante do
País, enfatiza. Não se aprende história
apenas nas escolas. Seu aprendizado também acontece no convívio
social, com os marcos e a memória coletiva. E o Vargas que
ficou na memória de São Paulo é muito mais
a imagem do ditador, do golpista de 1930 que não deixou um
paulista, Júlio Prestes, tomar o poder, do queimador de café,
do que a do pai dos pobres.
O
túmulo de Vargas hoje: imagens mostram São Borja
Herdeiros
do trabalhismo
Outro exemplo citado pela pesquisadora da imagem que São
Paulo tem de Vargas é com relação aos herdeiros
do trabalhismo. Leonel Brizola, recentemente falecido e considerado
o grande herdeiro do trabalhismo, mesmo no seu auge nunca teve uma
penetração muito grande no Estado, lembra. Quando
Vargas morreu houve vigília em muitas capitais e cidades
dos outros Estados, enquanto em São Paulo isso não
ocorreu de maneira tão intensa. Basicamente tivemos a suspensão
das aulas nas escolas e pronunciamentos das autoridades.
Para implantar seu projeto de união e modernização
nacional, uma das primeiras medidas de Getúlio Vargas foi
criar uma ampla reforma educacional que estabeleceu a uniformização
dos currículos de todas as disciplinas para todos os Estados
do País. Nos currículos de história,
por exemplo, figuras como Duque de Caxias e Pedro I passaram a ter
papel de destaque como pais da unificação, da existência
nacional, enquanto Frei Caneca e outros líderes separatistas
foram colocados no limbo, explica Kátia. Outra
questão é que a educação centralizada,
empreendida inicialmente pelo que ficou conhecido como Reforma Francisco
Campos, na época ministro da Educação e, posteriormente,
pela Reforma Gustavo Capanema, já no Estado Novo, tinha como
grande objetivo a criação de uma unidade nacional
mais sólida pelo uso da língua portuguesa, pois há
relatos de que, nessa época, em algumas regiões da
Amazônia, ainda se falavam, praticamente, apenas línguas
indígenas, informa. O rádio também
assume papel fundamental nesse plano e passa a difundir uma cultura
centralizada no Rio de Janeiro, que era a capital do País.
É nos anos 30 que surgem expressões voltadas para
o engrandecimento nacional, como o Brasil é um país
de dimensões continentais, que se estende do Oiapoque ao
Chuí, ou que o samba, carioca, se torna a música
nacional.
Além de encampar a Rádio Nacional em 1940, formando
um elenco que tinha a maioria dos melhores músicos, humoristas
e radioatores, sem contar sua equipe técnica, Getúlio
Vargas criou, um ano antes, o Departamento de Imprensa e Propaganda
(DIP). Voltado para produção de artigos publicados
em jornais e revistas, produção dos mais variados
materiais de propaganda, programas de rádio como a
Voz do Brasil, inicialmente batizado como a Hora do Brasil, ainda
hoje transmitido pela Radiobrás em cadeia nacional
e cinejornais informativos exibidos nas salas de cinema antes,
depois e no intervalo entre os filmes , o órgão
tinha entre suas atribuições a censura aos meios de
comunicação. Para se ter uma idéia, alguns
pesquisadores afirmam que no ano de 1942 seus censores proibiram
a veiculação de 108 programas de rádio e quase
400 músicas. E que, em alguns períodos, o DIP chegou
a ser o responsável por cerca de 60% dos artigos publicados
em revistas e jornais por todo o Brasil, disseminando os valores
que interessavam ao regime, essencialmente o mito da raça
forte, do povo destinado à grandeza, a povoar as vastas extensões
de terras ainda virgens, situadas no Norte e Centro-Oeste, movimento
iniciado com a construção de Goiânia, que viria
a culminar em Brasília, chamado na época de A
Marcha para o Oeste. É aqui que entra o mito
bandeirante, construído nas décadas de 1910 e 1920
de que, pelo fato dos brasileiros, do Brasil ser fruto do movimento
das bandeiras paulistas, responsáveis por garantirem o tamanho
do nosso território, essa nova tarefa seria rapidamente cumprida,
explica Kátia. Como Vargas havia lutado contra São
Paulo em 1932 e precisava se reaproximar do Estado, dado seu peso
econômico e político, esse ideário da marcha
para o oeste, do povo brasileiro descendente de bandeirantes passou
a ser fortalecido e disseminado.
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Kátia
Abud: sem maniqueísmos |
Maria
Luiza: fascismo adaptado |
Fascismo à brasileira
Muitos pesquisadores também acreditam que, pelo fato de ter
sido militar antes de se formar em Direito e ingressar na política
pelas mãos do grupo do governador gaúcho Borges de
Medeiros, aliado do também gaúcho Pinheiro Machado,
senador e político mais influente da República Velha
(1889-1930), que defendia um maior centralismo político e
administrativo, Vargas, em suas andanças pelo interior do
País, notadamente pelo Mato Grosso, se convenceu da necessidade
de maior integração das regiões afastadas aos
grandes centros populacionais, sob risco do Brasil vir a perdê-las.
Para Maria Luiza Tucci Carneiro, professora do Departamento de História
da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH)
da USP e coordenadora do Projeto Integrado Arquivo/Universidade
(Proin), que há anos pesquisa documentos do Arquivo do Estado
de São Paulo relacionados às atividades de repressão
física e censura da Era Vargas, apesar das mudanças
promovidas por seu governo na esfera econômica, predomina
em Getúlio a percepção de que ele foi um ditador.
Existiram coisas boas em seu governo, mas acredito que o lado
mal, da repressão, do Estado autoritário que perseguiu,
torturou, matou e exilou, cassando direitos e censurando a liberdade
de pensamento predominou, afirma. Para atingir suas
metas, Vargas adaptou elementos do fascismo europeu para a realidade
brasileira. A Revolução de 1930 foi muito mais um
golpe do que uma revolução, disfarçado de liberal.
De acordo com a pesquisadora, a concessão de direitos trabalhistas
e a criação de indústrias eram ações
comuns a todas as nações que queriam se apresentar
como modernas. A Alemanha era o paradigma. Em 1932, antes
dos nazistas tomarem o poder, já havia um Partido Nazista
que atuava em São Paulo e no Rio de Janeiro, publicando,
inclusive, um jornal, conta. Além da perseguição
aos judeus, comunistas, anarquistas, enfim, a todos que pensavam
de maneira diferente, encontramos circulares secretas da época
da Segunda Guerra Mundial contrárias à entrada de
judeus no Brasil, em uma época em que Vargas afirmava na
Liga das Nações que o País estava pronto para
ajudar esses perseguidos, diz. Ao negar vistos de entrada,
Vargas se tornou co-responsável pela morte de milhares de
pessoas.
Segundo Maria Luiza, a força da imagem de Vargas como o pai
dos pobres ainda leva a maioria dos brasileiros a não
associá-lo à imagem de um ditador. O DIP e os
departamentos estaduais de imprensa e propaganda, os Deips, promoveram
uma ação tão efetiva nesse sentido que ainda
hoje a sociedade brasileira carrega essa imagem, a ponto de estarem
planejando inaugurar um memorial em sua homenagem, no Rio de Janeiro,
afirma. Daí a importância de filmes como Olga,
que está em cartaz, que vão no sentido de mostrar
esse lado de Vargas, de desmistificar sua imagem, defende.
Mesmo os direitos trabalhistas eram reivindicações
antigas e foram concedidos como forma de neutralizar greves e revoltas,
o que incluiu a submissão dos sindicatos ao controle do Ministério
do Trabalho, completa. Naquele período, como
ainda hoje ocorre, em nenhum momento a exploração
do trabalho infantil cessou. A diferença é que se
antes ele ocorria nas fábricas atualmente ele ocorre em outras
situações.
Vista atual da fazenda de Vargas em São
Borja
O governante, o homem e sua cidade
Getúlio Vargas já teve seu rosto estampado nas
paredes de repartições públicas, casas,
escolas e lojas por todo o País. Passados 50 anos de
seu suicídio, a imagem desse personagem, dos mais contraditórios
e um dos maiores referenciais em nossa história política,
deixa de ser exaltada para ser mais bem compreendida. Tanto
as pessoas das novas gerações como aquelas que
têm hoje por volta dos 60 anos têm poucas informações
a respeito de Vargas e uma visão pouco precisa de seu
significado, acredita o fotógrafo Cristiano Mascaro,
que foi convidado pelo Sesc para fazer uma exposição
visual que contasse a história do estadista.
Para realizar Imagens da Era Vargas, a primeira
idéia de Mascaro foi recorrer à Cruzeiro, revista
ilustrada da época, que acompanhou a trajetória
de Vargas desde a chamada Revolução de 30 até
o momento em que o presidente (desta vez eleito pelo povo)
atirou uma bala contra seu peito. É dessa publicação
e de jornais como A Última Hora, de Samuel Wainer,
grande parte das mais de 200 imagens selecionadas para a mostra
por Mascaro, pela primeira vez curador. Ele e a equipe, formada
por Vivaldo Tsukumo, designer gráfico, e Álvaro
Razuki, cenógrafo da exposição, que como
Mascaro são graduados pela Faculdade de Arquitetura
e Urbanismo (FAU) da USP, foram buscar as imagens também
no CPDOC, arquivo da Fundação Getúlio
Vargas, no Rio de Janeiro, onde tiveram acesso ainda a arquivos
pessoais, inclusive o do próprio Vargas, doado por
sua neta Celina Vargas à instituição.
Sobretudo fotógrafo, como ressalta, Mascaro complementa
a exposição com suas próprias fotografias
da cidade natal de Vargas e Jango, São Borja, nos dias
atuais. As fotos que ilustram esta reportagem sobre Vargas
fazem parte da mostra.
Todas essas imagens seguem uma linha cronológica, dividida
em sete núcleos históricos 1930: A Aliança
Liberal e a Revolução de 30; 1932: A Revolução
Constitucionalista; 1935: O Levante Comunista; 1937: A Decretação
do Estado Novo; 1945: A Deposição de Getúlio
Vargas; 1950: A Eleição Democrática de
Getúlio Vargas; e 1954: O Suicídio de Vargas.
O curador optou por fotografar em cor as próprias páginas
dos periódicos, em vez de reproduzir suas fotografias
isoladamente. Assim, aparecem as marcas do tempo e é
possível perceber como era o fotojornalismo naquele
período, a diagramação, as legendas.
É muito mais informação para o público,
que pode conferir como o leitor da época. Os
fotógrafos eram bem irônicos e criativos com
aquela pauta burocrática, tinham uma certa irreverência,
sem se dobrarem às autoridades. Os retratos eram muito
elaborados, quando havia menos recursos tecnológicos,
complementa o curador. Ele exemplifica com os flagrantes da
mãe do general Eurico Gaspar Dutra, uma senhora
enorme, votando, e de Vargas estatelado
na cadeira, em 1945, quando foi derrubado do poder, depois
de driblar com habilidade muitas adversidades políticas.
Surpreendeu-me a riqueza do material que encontramos
e a qualidade do fotojornalismo que era realizado, confessa
Mascaro, um tanto frustrado com o fotojornalismo atual.
De
Prestes a Lacerda
Além de retratar determinados momentos políticos,
foram coletadas fotografias que contextualizam o período,
como imagens da propaganda do governo Vargas, que, aliás,
mais parecem paradas militares ocorridas na Alemanha de Hitler.
Ou ainda, páginas das cartilhas escolares editadas
pelo DIP (Departamento de Imprensa e Propaganda) e propagandas
da Revolução Constitucionalista empreendida
pela elite paulista em 1932. As imagens vêm acompanhadas
de um breve texto do curador sobre o período e sobre
personagens coadjuvantes de Vargas, sejam eles seus companheiros
ou inimigos. Carlos Lacerda, adversário que não
poderia faltar; o interventor paulista Armando de Salles Oliveira;
o presidente deposto em 1930, Washington Luís; o fiel
amigo Oswaldo Aranha; Francisco Campos, que redigiu a Constituição
do Estado Novo, a chamada Polaca, pelas semelhanças
com a Constituição fascista da Polônia;
e Luís Carlos Prestes, líder da Intentona Comunista,
são todos retratados com fotos e biografia.
A fotografia de Prestes feita por Jean Mazon é uma
das que Mascaro destaca na mostra. Em contrapartida, uma outra
imagem inusitada foi realizada por um fotógrafo
amador, que vendeu a imagem a um jornal e pediu sigilo por
medo de represália, conforme conta o curador. A fotografia
mostra Vargas sendo penteado por seu guarda pessoal, Gregório
Fortunato, fiel escudeiro que acabou desencadeando o fim do
último governo Vargas, com o atentado contra Lacerda.
A imagem integra um painel da exposição que
traz somente imagens da vida privada de Vargas, com fotos
de seu casamento, de churrascos e reuniões, a maioria
retirada de álbuns da família. Mas Vargas
estava sempre como presidente, sempre havia políticos
em volta, ressalva Mascaro.
Outro núcleo da exposição é formado
por imagens feitas pelo próprio curador neste último
mês de abril. A cidade de dois presidentes,
como se orgulham os habitantes de São Borja, onde nasceram
Vargas e João Goulart, foi fotografada por Mascaro
sem nenhuma preocupação em alterar a cidade,
sem querer mostrá-la como no tempo do Vargas,
conta ele, que ficou uma semana na cidade do Rio Grande do
Sul captando cenas como o interior das casas dos moradores
e suas atividades, que ainda guardam costumes tradicionais.
O fotógrafo também registrou o túmulo
de Vargas, a casa da família de Jango e a conhecida
fazenda Itu, onde Vargas se auto-exilou no período
entre o Estado Novo e o governo democrático dos anos
50, e onde foi feita uma das mais marcantes fotografias de
Vargas, em que, como típico caudilho trajado de bombacha,
ele toma seu chimarrão sentado numa rede.
A exposição Imagens
da Era Vargas será inaugurada no dia 24 de agosto,
às 20h, e ficará em cartaz até 26 de
setembro, de terça a sexta-feira, das 9h às
21h, e aos sábados, domingos e feriados, das 9h às
17h. No Sesc Ipiranga, localizado à rua Bom Pastor,
822, telefone 3340-2000, com entrada franca.
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