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O encontro em São Roque: cursos devem levar os alunos a pensar os problemas de
São Paulo e do Brasil


A USP Leste está se tornando realidade através da junção de cimento, blocos e ferragens. A sua estrutura, em fase de acabamento, já pode ser notada por quem passa pela rodovia Ayrton Senna. A implantação da Fase 1, que inclui o Núcleo Didático, está a pleno vapor e será entregue, dentro do cronograma, no final do ano.

O projeto de implantação de uma nova unidade da USP na zona leste de São Paulo, entretanto, nasceu muito antes. “Foi um trabalho de 30 meses de maturação, que envolveu 116 docentes”, explicou o coordenador-geral do Projeto USP Leste, professor Celso de Barros Gomes, aos participantes do workshop “USP Leste: Planejamento e Implantação”, realizado na cidade de São Roque, nos dias 16 e 17 de outubro.

Os novos desafios educacionais impostos pela formatação dos cursos, que serão ministrados na Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH) a partir de fevereiro de 2005, foram um dos pontos destacados por Barros Gomes no início do encontro. Uma das inovações do projeto pedagógico dos cursos é que os alunos ingressantes cursarão um ciclo básico comum a todos os cursos. O objetivo é promover a iniciação acadêmica dos novos alunos em propostas interdisciplinares e que estejam voltadas à realidade da sociedade e da região. “Esse trabalho já foi recompensado pelo número de inscritos no vestibular, em torno de 6 mil candidatos, e pela estatística demonstrando que a grande maioria dos postulantes é de moradores da região”, afirmou. Mais da metade dos postulantes às vagas da USP Leste pediu a isenção da taxa de inscrição e os cursos de Sistemas de Informação, Marketing, Lazer e Turismo, Obstetrícia e Tecnologia Têxtil e da Indumentária foram os mais procurados.

A presidente da Comissão Central da USP Leste, professora Myriam Krasilchik, acredita que esse aluno participe mais ativamente da produção do seu próprio conhecimento, que exigirá dele, desde o primeiro ano, um engajamento em projetos de resolução de problemas, com muito mais consciência do papel e da importância social de cada uma das profissões que foram escolhidas. A professora espera que esse profissional seja transformador da sua realidade, “que eles sejam muito mais ecléticos, muito mais cosmopolitas em termos de conhecimento e, ao mesmo tempo, que eles pensem nos problemas não só da zona leste, mas nos de São Paulo e do País. Sejam profissionais conscientes e preocupados com justiça social, inclusão e respeito dos direitos coletivos e pessoais”.

Integração

O grande mérito do evento realizado em São Roque foi o de reunir e promover a integração dos coordenadores dos dez cursos de graduação da USP Leste, no qual foi possível a cada um deles fazer uma breve apresentação sobre a grade curricular dos cursos e suas expectativas para o primeiro semestre letivo na nova unidade, em 2005.

O professor José Afonso Mazzon, coordenador do curso de Marketing, por exemplo, não hesitou ao afirmar que acredita que o curso ministrado na USP Leste será o melhor do País. “A proposta é formar alunos com forte base teórica, com grande instrumentalização técnica em gestão de informações e decisões em marketing e uma postura ética na condução das atividades empresariais”, afirmou.

Já as professoras Yeda Aparecida de Oliveira Duarte e Dulce Maria Rosa Gualda, coordenadoras de Gerontologia e de Obstetrícia, respectivamente, realizaram a apresentação juntas. Elas ressaltaram a formação mais humanística que os alunos terão e os problemas de saúde enfrentados pela população, principalmente a questão do distanciamento no relacionamento médico-paciente. “A falta de respeito pelas pessoas e a falta de atenção às suas queixas é um grave problema”, explicou Dulce.

“O ambiente é a única coisa partilhada por todo mundo.” Assim o professor Waldir Mantovani resumiu a importância do novo curso de Gestão Ambiental, que ele coordena. “Ambiente traz a idéia de natureza, mas é muito mais do que isso. Na USP Leste, queremos resgatar o conceito de Universidade, trazendo um conjunto de bases para a formação de um aluno multidisciplinar, capacitando-o para entender e atuar dentro de uma visão prática de cidadania”, explicou.

Infra-estrutura

O andamento das obras do Núcleo Didático, do Centro de Apoio Técnico e do bloco destinado à segurança, que compõem a primeira etapa da infra-estrutura da nova unidade, está dentro do cronograma previsto, segundo o titular da Coordenadoria do Espaço Físico (Coesf) e membro da Comissão de Infra-Estrutura, professor Antônio Marcos de Aguirra Massola. A inauguração está agendada para o dia 15 de dezembro. Além disso, foi detalhada a composição de espaços como a biblioteca, que terá 5 mil metros quadrados e contará com 8 mil livros, além de um cibercafé e serviço interno de fotocópias, e a localização dos serviços de administração, apoio acadêmico e laboratórios do Ciclo Básico.

O prefeito do campus da Capital e membro do Conselho Diretor, professor Wanderley Messias da Costa, fez uma explanação das políticas de gestão, logística e de serviços de apoio que serão implantadas na unidade Leste. No plano de gestão ambiental, por exemplo, haverá o plantio de mais de 2.800 mudas de 93 espécies nativas. “Toda área de várzea, como no caso da USP Leste, é uma área muito sensível, muito frágil. Além disso, aquela é uma região que teve muita interferência humana, sobretudo por deposição de material orgânico e resíduos industriais”, comentou.

Outro desafio, segundo o prefeito, é fazer um tratamento adequado da água, permitindo sua reutilização em 90%. Para ele, “é um bom índice. Isso significa que nós não vamos só economizar dinheiro: vamos economizar um recurso que é vital para todos nós e que é escasso na região metropolitana de São Paulo”.

Também em relação ao ambiente, Messias Costa apresentou o projeto da criação de um Centro de Pesquisas em Meio Ambiente. “A intenção é criar um centro de pesquisas, mas não de pesquisa básica, e sim de pesquisas aplicadas, visando a prestar serviços à sociedade, às empresas e ao governo, entre outros. Portanto, um centro que sirva de referência nacional em termos de meio ambiente urbano”, disse.
Sobre a logística de transporte dos alunos até a unidade, o prefeito detalhou que haverá um sistema local, com circulares fazendo a conexão entre a estação de trem Engenheiro Goulart e o campus. O outro sistema, com quatro microônibus, ligará a Cidade Universitária Armando de Salles Oliveira, na zona oeste de São Paulo, à USP Leste, para transporte de professores, monitores e funcionários técnicos-administrativos.

Realidade

Considerado como o precursor das atividades da USP na zona leste, o Núcleo de Apoio Social, Cultural e Educacional (Nasce) também teve seu espaço no workshop, com a apresentação de Sônia Maria Vanzella Castellar, professora da Faculdade de Educação e coordenadora da Comissão de Cultura e Extensão do núcleo. Só para se ter uma dimensão do trabalho desenvolvido, desde sua inauguração, em abril de 2004, o núcleo já atendeu mais de 4 mil pessoas e regularmente promove cursos de aperfeiçoamento, extensão e capacitação a professores da rede estadual de ensino e à comunidade em geral.

Para 2005, os projetos avançam na linha da alfabetização de adultos, inclusão digital para portadores de necessidades especiais, brinquedoteca e a formação de uma biblioteca comunitária, que já dispõe de um acervo com 1.200 livros doados, inclusive pela Editora da USP (Edusp), que estão sendo catalogados.

Outro programa importante desenvolvido no Nasce é o cursinho Pró-Universitário, conduzido pela Secretaria Estadual da Educação, que envolve 387 monitores oriundos das unidades de ensino da USP e atende 5 mil alunos do último ano do ensino médio das escolas estaduais.

O aprendizado, entretanto, parece ir muito mais além do que a sala de aula. A professora Sônia enfatizou que a convivência fez com que os monitores passassem a enxergar a escola pública de outra maneira e os alunos, por sua vez, sentiram-se motivados a estarem mais próximos da realidade universitária. O resultado disso foram os pedidos insistentes à coordenação para conhecer o campus Butantã, visitas que tiveram início no dia 15 de outubro.

 

 




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O Jornal da USP é um órgão da Universidade de São Paulo, publicado pela Divisão de Mídias Impressas da Coordenadoria de Comunicação Social da USP.
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