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Na rua Três Rios, no Bom Retiro, passando pela avenida Brigadeiro Luís Antônio e depois pela rua Maria Antonia, no coração de São Paulo, até chegar ao endereço atual, que abriga os 26 prédios do Instituto de Física da USP, na Cidade Universitária, passaram-se 70 longos anos de história. Como área do conhecimento e núcleo de ensino e pesquisa, a Física na USP é contemporânea da própria Universidade. Mas foi a partir de 26 de novembro de 1969 que o Instituto de Física nasceu independente, deixando de ser um departamento da antiga Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras (FFCL). Os 35 anos da unidade que hoje possui um dos maiores volumes de produção científica da USP serão lembrados com pompa e circunstância. As comemorações acontecem de 10 a 12 de novembro, no auditório Abraão de Moraes do Instituto de Física (leia abaixo a programação completa).

Mas relembrar a história do instituto e mostrar tendências da área não serão os focos principais do evento, ao contrário do que se poderia esperar de uma comemoração como essa. Segundo o diretor Gil da Costa Marques, o Instituto de Física quer incentivar o empreendedorismo e buscar uma interface maior com os mercados e a indústria, a fim de poder aplicar mais diretamente na sociedade o conhecimento gerado naquela unidade. “Daí a idéia de estruturar uma programação comemorativa com depoimentos de físicos empreendedores que hoje possuem carreiras brilhantes”, diz Marques.


Marques: interface com o mercado
O empresário Carlos Bindi, dono do Etapa, o presidente da Sociedade Brasileira de Física, Adalberto Fazzio, o diretor do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen), Cláudio Rodrigues, e a presidente da Fundação da Faculdade de Educação da USP, Anna Maria Pessoa de Carvalho, entre outros que passaram pelo instituto e hoje brilham nas suas áreas de atuação, falarão na tarde do dia 11. Ao final do dia, a Associação de Ex-alunos lançará um portal na Internet com álbuns de fotos e as relações das turmas. Os grandes pesquisadores e professores que fizeram a história do instituto, entre eles Marcello Damy de Souza Santos, José Goldemberg, Oscar Sala e Ernst Wolfgang Hamburger, entre vários outros, darão seus depoimentos no terceiro dia.

Empreendedores

Um módulo inteiro será dedicado a discutir a “Formação de Pesquisadores Empreendedores”. Na manhã e na noite do dia 11, empresários de sucesso falam de como montaram seus negócios a partir de conhecimentos gerados no instituto. O diretor-científico da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), José Fernando Perez, também professor do Instituto de Física, discorrerá sobre os aspectos institucionais do fomento às iniciativas de pequenas empresas.

Ele próprio um empreendedor – já que depois de deixar a Fapesp e a carreira acadêmica, a partir de 2005, planeja criar uma consultoria para empresas de base tecnológica –, Perez afirma que ainda há um longo caminho até o País conseguir aproveitar ao máximo os conhecimentos gerados nas universidades. “A ciência aplicada, em contraposição à ciência pura, é ainda malvista por muitos acadêmicos e segmentos científicos. Mas a universidade deveria ser a maior incentivadora da aplicação prática do conhecimento que ela gera”, afirma.

Para Perez, o País vive um momento importante de crescimento da produção científica, resultante do processo de implantação dos cursos de pós-graduação em todo o País iniciado na década de 70. “Mas ainda não conseguimos criar um sistema de incentivo à inovação tecnológica que consiga aproveitar todo esse potencial. Em primeiro lugar porque o modelo econômico não estimula a necessidade de inovação tecnológica, dado que importamos ou copiamos tecnologias. Além disso, o governo não criou políticas ou programas de incentivo suficientes”, afirma.

Segundo Perez, um programa de fomento à inovação tecnológica voltado ao pequeno empreendedor, iniciado em 1998 pela Fapesp, já financiou 350 pequenas empresas, com um investimento total de R$ 60 milhões. Mas, dentro do contexto econômico, esse volume ainda representa muito pouco quanto à geração de riquezas e mais conhecimento, diz o professor.

Situação oposta e amplamente conhecida é o exemplo norte-americano. O país investe US$ 2 bilhões ao ano só para estimular inovação tecnológica em pequenas empresas, dentro do programa Small Business Innovative Research. Perez cita a professora Mildred Dresselhaus, do Massachusetts Institute of Technology (MIT), que, em visita ao Brasil, disse que os alunos do famoso instituto freqüentemente enfrentam dificuldades para se formar justamente por estarem muito envolvidos com seus próprios negócios. “É preciso criar uma cultura dentro do mundo acadêmico voltada para a ciência aplicada e, claro, precisamos de uma atuação governamental mais forte, com mais incentivos às empresas. Estou me aposentando da Universidade, mas não quero deixar de dar minha contribuição nesse sentido”, afirma Perez.

 

O início na rua Três Rios

No começo era apenas um departamento instalado no prédio da Escola Politécnica, na rua Três Rios, Bom Retiro, em São Paulo, na década de 30. Mas não ficou por muito tempo ali e passou a funcionar na avenida Brigadeiro Luís Antônio, na década de 40. Em seguida, outra mudança, desta vez para a rua Maria Antonia, região central. Enquanto isso, os prédios da ainda nascente Cidade Universitária começavam a ser erguidos. O edifício Basílio Jafet, marco inicial do Instituto de Física, começou a ser construído em 1955. Mas a então Seção de Física ainda funcionava apenas como um departamento da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras (FFCL). Foi a partir de 1969 que a unidade deu seu grito de independência, inaugurando o atual instituto, hoje um complexo arquitetônico composto por 26 prédios que abriga centenas de laboratórios e salas de aulas. Seu primeiro diretor foi o professor José Goldemberg, ex-reitor e atual secretário do Meio Ambiente do Estado de São Paulo.

Em 1936 a faculdade já tinha formado seus primeiros estudantes, graças à presença dos professores “importados”. Na Física, os italianos Gleb Wataghin e Giuseppe Occhialini – que recebem nesta comemoração de 35 anos as justas homenagens, com seus nomes batizando os atuais auditórios Norte e Sul do instituto, respectivamente – cumpriram a missão de germinar a formação do conhecimento científico na Universidade. Voltaram ao seu país alguns anos após o final da Segunda Grande Guerra, entregando a formação das turmas posteriores a nomes como Oscar Sala, Mário Schenberg, Marcelo Damy de Souza Santos, José Goldemberg e Cesar Lattes, responsável pela descoberta do méson pi (uma partícula atômica) em 1947, entre outros.

Desde esta primeira fase até chegar ao atual patamar de 434 trabalhos científicos publicados em revistas internacionais, em 2003, um longo caminho foi percorrido. Ao final de 2004, o Instituto de Física deverá ter publicado cerca de 450 pesquisas em revistas indexadas (de primeira linha, reconhecidas internacionalmente), espera o diretor Gil da Costa Marques. “Esta é a unidade que mais produz trabalhos científicos publicados em revistas internacionais indexadas”, comemora o professor.

Com mais espaços e mais professores, o instituto passou a ter um papel irradiador de conhecimento ainda mais significativo. “Em 1970 a Física foi responsável por formar 212 doutores no Brasil. Atualmente, quase 6 mil doutores em todo o País são formados pelo instituto”, diz Marques.
“A criação do Instituto de Física foi a salvação da ciência no Brasil. Depois da bomba atômica, percebeu-se que a ciência era importante estrategicamente para as nações. A reforma universitária da década de 70 trouxe os institutos para as universidades do País, o que deu maior autonomia às novas unidades e à pesquisa científica. Esta se desenvolveu muito desde então. Mas, mesmo assim, é um campo ainda atrasado em relação aos países desenvolvidos. Precisamos de mais incentivos, especialmente à ciência aplicada”, diz o diretor.

 

 

Passado e futuro do instituto


O Instituto de Física da USP: agora, o desafio de transferir conhecimentos

Esta é a programação completa das comemorações dos 35 anos do Instituto de Física da USP

Dia 10 (quarta-feira)
9h. Recepção e exposição de fotos históricas
9h30. Abertura oficial
10h. Vídeo institucional
10h30. Instituto de Física: passado e presente. Gil da Costa Marques, diretor
12h30. Almoço
14h. Instituto de Física: presente e futuro. Apresentação dos chefes de departamento
15h30. Café
16h. Representantes do Instituto de Física nos Conselhos Centrais: Renato de Figueiredo Jardim (presidente da CG), Armando Corbani Ferraz (presidente da CPG), Alberto Villani (CPGI), Nelson Fiedler Ferrara (presidente da CACEx) e Manoel Roberto Robilotta (presidente da Comissão de Pesquisa)
18h. Show de Física
19h30. Mesa-redonda: “Contribuições do Instituto de Física aos projetos na área de ensino de física e formação de professores”. Mediadora: Profa. Yassuko Hosoume. Apresentadores: Cláudio Zaki Dib, Ernst Wolfgang Hamburger, Fuad Daher Saad, Jesuína Lopes de Almeida Pacca, João Zanetic e Luis Carlos de Menezes

Dia 11 (quinta-feira)
9h. “Formação de Pesquisadores Empreendedores“. Apresentador: Luiz Nunes de Oliveira, pró-reitor de Pesquisa. Participantes: José Fernando Perez, Vanderlei S. Bagnato e Wagner Rodrigues
12h. Almoço
14 h. “O papel irradiador do Instituto de Física”. Participantes: Adalberto Fazzio, Homero Lazieni Martins, Anna Maria Pessoa de Carvalho, Aguinaldo Ricieri, Cláudio Rodrigues, José Afonso Filho, Laura Capriglioni, José Luiz Sampaio, Carlos Bindi, Luciano Collela e Carlos Roberto Appoloni
18h. Portal Ex-Alunos. Lançamento de uma Associação de Ex-Alunos
19h30. “Formação de Pesquisadores Empreendedores”. Apresentador: Luiz Nunes de Oliveira. Participantes: José Fernando Perez, Silvério Crestana e Jarbas Caiado de Castro Neto

Dia 12 (sexta-feira)
9h. Depoimentos de ex-professores: Marcello Damy de Souza Santos, José Goldemberg, Oscar Sala, Shigueo Watanabe, Ernst Wolfgang Hamburger, Giorgio Moscati, Helena Lopes de Souza Santos, Iuda Dawid Goldman Vel Lejbman, Ivan Cunha Nascimento, Carlos José de Azevedo Quadros, Lia Queiroz do Amaral e Luiz Guimarães Ferreira
11h30. Homenagem aos fundadores. Apresentadora: Amélia Império Hamburger. Atribuição do nome Gleb Wataghin ao Auditório Norte e de Giuseppe Occhialini ao Auditório Sul
14h. Homenagem a professores e funcionários aposentados
15h. Orquesta de Câmara
16h. Encerramento

 

 

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