Enquanto
seguem dentro do cronograma as obras que estão colocando
de pé as instalações físicas do novo
campus da USP na zona leste, na semana passada foi desencadeada
uma outra etapa fundamental do processo de criação
da Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH), a unidade
que funcionará ali: começaram as provas de seleção
dos docentes que trabalharão nos novos cursos. Inscreveram-se
807 candidatos para as 65 vagas oferecidas. Esse é
um caso sem precedentes na história do sistema universitário
brasileiro, salienta o professor Celso de Barros Gomes, chefe
de gabinete da Reitoria e coordenador-geral do Projeto USP Leste.
Em alguns cursos, a concorrência chega a 57 candidatos por
vaga. Para as quatro áreas de Gestão Ambiental são
191 concorrentes e, nas duas de Gestão de Políticas
Públicas, são 133. Os números demonstram o
prestígio da USP é bom lembrar que a titulação
mínima exigida dos postulantes é o doutorado
e a atração exercida pela possibilidade de desenvolver
uma carreira docente a partir de um empreendimento totalmente novo.
A seleção dos professores se dará em duas etapas.
A primeira, que teve início no último dia 8 e deve
se estender até os primeiros dias de dezembro, é a
das provas escritas, de caráter eliminatório. Para
esses exames, estão sendo utilizadas as instalações
de diversas unidades da Cidade Universitária, como a Fuvest,
a Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, a Faculdade de Filosofia,
Letras e Ciências Humanas, o Instituto de Biociências
e a Escola Politécnica, entre outras. Os classificados seguirão
para a segunda fase, quando haverá entrevistas individuais,
prova didática e análise de currículo.
Não há um prazo definido para a conclusão do
processo, porque não se pode prever o índice de abstenção
dos candidatos como há casos em que a concorrência
supera até mesmo a de alguns vestibulares, é possível
que ocorram desistências. A idéia é efetuar
as contratações o quanto antes. Todas as providências
necessárias serão tomadas com muita agilidade,
diz o professor Barros Gomes, que lamenta os prejuízos causados
nesse processo pelo movimento grevista que paralisou parcialmente
a USP do final de maio até o final de julho. A responsabilidade
da escolha dos novos docentes está a cargo de 31 bancas,
cada uma composta por cinco professores. As bancas elaboraram as
provas da primeira etapa e, na segunda, farão o julgamento,
a pontuação e a classificação final.
A extensão do trabalho vai depender ainda de quantos candidatos
passarem à segunda fase, pois caberá à banca
assistir à prova didática individual de cada postulante.
Transferência
A comissão criada para analisar os pedidos de transferência,
para o novo campus, de professores já vinculados à
USP recebeu 24 solicitações, sendo que cinco delas
não puderam ser consideradas porque os candidatos ainda não
haviam recebido o título de doutor. Dez docentes foram selecionados.
Todos os participantes já foram informados da decisão.
Agora as unidades receberão uma correspondência oficial
solicitando a transferência do docente e comunicando o envio
de um claro, explica Barros Gomes. Embora o número
de professores previsto para 2005 fosse inicialmente de 61, a coordenação
da USP Leste tem pleiteado um aumento para 69 contratados
que, somados aos dez que devem se transferir, perfazem um total
de 79.
O processo de transferência de funcionários segue em
andamento. Alguns dos 86 servidores que solicitaram aproveitamento
na USP Leste já estão integrados ao grupo que tem
trabalhado na instalação da unidade. Para o primeiro
ano, devem atuar no novo campus 74 funcionários. Caso não
sejam preenchidas todas as vagas por meio dos pedidos de transferência,
será aberto concurso público. Ao final do quarto ano
de implantação da unidade, o total previsto é
de 150 funcionários e 264 docentes na USP Leste.
Muitos dos servidores que solicitaram a transferência residem
em regiões mais próximas do novo campus, localizado
no Parque Ecológico Tietê, entre a Rodovia Ayrton Senna
e as estações Engenheiro Goulart e Ermelino Matarazzo
da Companhia Paulista de Transporte Metropolitano (CPTM). O critério
de proximidade será levado em conta na seleção,
mas o aproveitamento dos funcionários também dependerá
das necessidades e das funções específicas
especialmente no primeiro ano de implantação.
O que Barros Gomes comemora, referindo-se à população
do entorno do campus, é que cerca de 80% dos candidatos inscritos
no vestibular para os cursos oferecidos na nova sede são
residentes na zona leste da capital e em municípios como
Guarulhos e Santo André. Inscreveram-se 5.897 candidatos
para as 1.020 vagas dos dez cursos que começam a funcionar
já em fevereiro do ano que vem. O mais concorrido é
o de Sistemas de Informação, com 9,51 inscritos por
vaga.
Barros Gomes acredita que esse dado revela a boa aceitação
da proposta de inserção da USP na comunidade local.
O processo que a seu ver dará os frutos mais positivos no
futuro é o Programa Pró-Universitário, por
meio do qual alunos de graduação da USP ministram
aulas nos moldes dos cursos de pré-vestibular para milhares
de estudantes de escolas públicas da região (leia
o texto ao lado). Nossa torcida é que, desse porcentual
de inscritos que são moradores da região, saia um
grande número de aprovados, diz.
Primeiro
bloco estará pronto em dezembro
As
obras já concluídas no campus da USP Leste são
a guarita de vigilância, o prédio da segurança
e o Centro de Apoio Técnico (CAT). Os operários
têm trabalhado em três turnos para que no dia
15 de dezembro, rigorosamente dentro do cronograma estabelecido,
o Bloco Didático Inicial seja entregue junto com essas
construções. Esse bloco, que vai abrigar a atividade
didática em 2005, terá 6.100 m2 de área
construída. Também será concluído
até o final de 2004 o prédio do refeitório,
com 540 m2.
Em julho do ano que vem, devem ser entregues o Bloco I3, de
8.000 m2, que receberá a administração
e a biblioteca, e o I4, de 1.000 m2, destinado a áreas
de apoio e serviços. Os blocos I1 e I2, cada um com
16.000 m2 e que abrigarão salas de aula e de docentes,
auditórios e laboratórios, devem estar finalizados
respectivamente em novembro de 2005 e julho de 2006. Em breve
serão abertos os pregões para a aquisição
do recheio ou seja, móveis e material
como equipamentos multimídia e de laboratório.
A evolução das verbas utilizadas ano a ano dá
bem a medida do vulto de todo o projeto. Em 2003, foram destinados
R$ 5 milhões para o início da implantação
da USP Leste. Em 2004, foram R$ 48,3 milhões e, para
2005, a dotação orçamentária do
Estado reservada para a continuidade das obras é de
R$ 34 milhões. Um dos problemas enfrentados em termos
de recursos foi o brutal aumento do preço do aço
no mercado mundial. Mesmo assim, as coisas estão
caminhando de forma plenamente satisfatória e esperamos
não ser surpreendidos no tocante ao término
das obras, pondera o professor Celso de Barros Gomes
|
Estudantes
visitam a Cidade Universitária
Alunos
da 3ª série do ensino médio da rede pública
estadual, participantes do Programa Pró-Universitário,
fizeram uma visita à Cidade Universitária e
conheceram algumas unidades da USP. Divididos entre os dias
16 e 23 de setembro, 1.750 estudantes visitaram o Instituto
de Geociências, o Museu de Arte Contemporânea
(MAC), o Museu de Arqueologia e Etnologia (MAE), o Instituto
de Estudos Brasileiros (IEB) e o Departamento de Engenharia
Naval da Escola Politécnica. Eles também foram
a outras instituições instaladas no campus ou
nas proximidades, como o Museu do Crime da Academia de Polícia,
o Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen)
e o Instituto Butantã. A programação
foi coordenada pelo Núcleo de Apoio Social, Cultural
e Educacional (Nasce) da USP, instalado na zona leste. A pró-reitora
de Graduação, professora Sonia Penin, participou
das atividades, que incluíram ainda apresentações
musicais.
O Programa Pró-Universitário foi criado pela
USP em parceria com a Secretaria Estadual da Educação.
Têm aulas de reforço escolar 5 mil alunos da
3ª série do ensino médio de 16 unidades
da rede pública estadual na zona leste. O programa
visa a estimular o aumento de alunos da rede estadual entre
os ingressantes no ensino público superior e contribuir
para a melhoria do ensino médio estadual.
O
Centro-Oeste é a região que abriga a maior proporção
de pessoas não-naturais do Estado em que residem: 36,3%,
contra apenas 7,8% do Nordeste. Essa composição
reflete as correntes migratórias que a região
recebeu nas últimas décadas. Em São Paulo,
um de cada quatro moradores é nascido em outro Estado:
são 9,5 milhões de pessoas 2 milhões
delas oriundas de Minas Gerais e 1,9 milhão naturais
da Bahia.
|
|