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Não só réplicas. Mas apresentadas em um contexto tão inusitado que despertam uma curiosidade que vai além da arte. A exposição de Portinari, na Estação Ciência, orienta o público, especialmente as crianças, a olhar as cores, as histórias e o cotidiano do Brasil. Através das obras que são exibidas junto de experimentos científicos, é possível entender também questões como o que é magnetismo, eletricidade, ilusão de óptica. E ainda problemas que atingem a saúde dos brasileiros como, por exemplo, a doença de Chagas.

Criada por Suely Avellar e Cristina Marlasca, a mostra “Portinari Arte e Ciência” é composta de 30 obras divididas em 14 ilhas. Cada uma delas está associada a um conceito científico diferente, mostrando que, muitas vezes, uma pintura pode ser explicada pela ciência, mesmo que esta não seja a intenção do artista. “Candinho, como era chamado pelos amigos, retratou o povo brasileiro, sua figura física, suas festas, costumes”, explica Suely. “Descortinar a ciência presente em sua arte é a meta dessa exposição. Os quadros dialogam com experimentos nos diversos campos das ciências, ilustrando situações que passam pela física, informática, matemática, química, biologia e saúde.”

Orientados pelos monitores, os visitantes vivenciam o Descobrimento. O mural que traz homens fortes, negros, reunindo forças para puxar as cordas da caravela é observado com energia. Através de um experimento onde três sacos de quatro quilos são suspensos por cordas presas a roldanas, as crianças podem sentir a força que os personagens da tela tiveram de aplicar. Atentas, elas ouvem as explicações do monitor Luiz Gustavo Dagostino, estudante de Geofísica da USP: “A humanidade sempre buscou realizar tarefas com o menor esforço, usando máquinas simples como alavanca, roldana e plano inclinado. Arquimedes surpreendeu os habitantes de Siracusa, na Sicília, quando levou um barco com toda a tripulação para o mar, utilizando-se da combinação de roldanas que ajudam nas mais diferentes tarefas. No quadro de Portinari, os marinheiros parecem se esforçar para puxar as cordas que elevam as velas da caravela. Será que eles estão usando roldanas?”

“Será?”, pergunta João Castilho, de sete anos. “O pintor não pintou as roldanas, mas elas devem estar lá em cima. E esses homens são mesmo fortes. E têm pés tão grandes que nem cabem nos sapatos.”
Os pés grandes e descalços das telas levam à uma explicação curiosa sobre a pressão atmosférica e a pressão da água. “Você já caminhou na areia da praia usando saltos altos? É mais fácil andar com os pés descalços não é? Por que isso acontece?”, questiona o monitor. “Aproveite agora e faça essa experiência. Ao pisarmos com saltos, a área de contato com a areia é menor, quanto menor a área de aplicação da força, maior será a pressão e, quanto maior a área, menor a força. A pressão é inversamente proporcional à área e diretamente proporcional à força aplicada. O tempo todo sofremos a pressão do peso do ar existente na superfície da Terra. Essa pressão é chamada de pressão atmosférica.”

O mestre e as crianças


Lúdica e criativa, a exposição interage com a arte de Portinari e a arte do público. Enquanto observam os experimentos ou tentam reproduzir as obras entre pincéis e tintas, as crianças desenvolvem o olhar sobre a ciência e o artista.
Cada vez mais curiosas, as crianças se reúnem diante do Espantalho na Tempestade. O cabelo arrepiado do espantalho que, segundo o monitor, era uma figura que o pintor não gostava, é motivo para uma explicação sobre eletricidade. “Relâmpagos são descargas elétricas de alta intensidade que ocorrem na atmosfera. A maior parte ocorre dentro das nuvens e é vista apenas como clarões. Porém, uma parte delas sai das nuvens e atinge o solo.

Estas descargas são chamadas de raios.”
Para que o público se veja como o espantalho, há o gerador eletrostático Van de Graaff. “Esse é o experimento preferido da garotada”, diz Luiz Gustavo. “Neste gerador, uma correia isolante recebe cargas superficiais, transportadas a um eletrodo, onde são removidas. Isso caracteriza uma corrente elétrica suficiente para gerar uma voltagem elevada em curto espaço de tempo...” As crianças se divertem colocando as mãos na esfera metálica e sentindo os cabelos arrepiando.

A obra Retirantes com as crianças barrigudas impressiona ainda mais com as explicações sobre a esquistossomose. “Elas têm a barriga assim tão grande por causa de uma doença que começou a ser diagnosticada em 1951, mas há relatos de que tenha sido introduzida com a chegada dos escravos. É causada por um verme chamado Schistosoma... Os métodos de controle consistem em saneamento ambiental, tratamento dos casos diagnosticados com medicamentos adequados e educação em saúde.” O público acompanha as explicações vendo as imagens desse verme que contamina o homem através da água.

O quadro Lavadeiras destaca a imagem de um menino entre duas mulheres contaminado por doença de Chagas. “A prevenção é a erradicação do barbeiro por meio de inseticidas ou da melhoria das condições de habitação das zonas rurais”, diz o monitor apontando para as fotos do inseto.

Depois de percorrer as obras e experimentos, os estudantes têm a oportunidade de participar de uma oficina onde podem fazer uma releitura dos quadros que mais gostou. “A intenção não é mostrar as técnicas ou as tendências da arte de Portinari”, observa o monitor Daniel de Oliveira Pires, estudante de Teatro da ECA. “O mais importante é despertar o seu olhar para as telas e incentivar a descobrir as cores, os elementos da natureza e a pintar.”

Outra opção é a Viagem ao Mundo de Candinho através do software apresentado na oficina de informática. Um mundo povoado de sonhos, grandes medos, mas também das delícias de cavalgar entre os pés de café das fazendas de Brodowski. Os computadores ficam disponíveis para que o público, a partir da obra de Portinari, possa investigar os principais conceitos de geometria, óptica, cor, mistura e perceber a linha, forma, luz, textura, volume e espaço.

A mostra da Estação Ciência é uma iniciativa do Projeto Portinari que, desde 1979, vem reunindo um dos mais importantes arquivos multimídia existentes sobre a história e a cultura brasileiras do século XX. Já catalogou mais de 5,4 mil pinturas, desenhos e gravuras de Cândido Portinari, além de mais de 25 mil documentos sobre sua obra, vida e época. Quem quiser conhecer detalhes sobre a trajetória de Portinari pode acessar o site www.portinari.org.br.

Portinari Arte e Ciência está sendo apresentada até 29 de janeiro, na Estação Ciência, na rua Guaicurus, 1.394, Lapa. De segunda a sexta-feira, das 8 às 18 horas, domingos e feriados, das 13 às 18 horas. Ingressos: estudantes pagam R$ 2,00; família até quatro pessoas, R$ 5,00 e acima de cinco pessoas, R$ 1,00 por visitante. Entrada franca para crianças até 6 anos, idosos acima de 60 anos e alunos, funcionários e professores da USP. Mais informações pelo fone 3673-7022.



Programa especial para as férias


A Estação Ciência vai promover, a partir do próximo dia 18 até o dia 4 de fevereiro, o projeto Estação Férias. Com oficinas de origami, teatro, capoeira entre outras pretende incentivar a arte, a ciência e, ao mesmo tempo, propiciar lazer e entretenimento.
Confira a programação:

Oficina de teatro – Essa atividade com carga horária de 24 horas, será ministrada por Paulo Fabiano. Enfatizará os jogos, brincadeiras, improvisações e outros elementos básicos de teatro. O objetivo é incentivar a desinibição e segurança vocal e corporal. Será realizada de 19 de janeiro a 4 de fevereiro, às segundas, quartas e sextas, das 14 às 17 horas. Idade mínima: 13 anos. Taxas: R$ 40,00 (professor) e R$ 20,00 (estudante).

Oficina de Capoeira Angola – Coordenada pelo professor Rui Takeguna, terá carga de 27 horas. Esta atividade é um convite a vivenciar o universo lúdico educativo da Capoeira Angola nos seus fundamentos corporais, musicais e de relacionamento através de aulas teóricas e práticas. De 18 de janeiro a 4 de fevereiro, às segundas, quartas e sextas, das 18 às 21 horas. Idade mínima: 13 anos. Taxas: R$ 40,00 (professor) e R$ 20,00 (estudante).


Oficina Pintando com o solo –
Coordenada pelo projeto ABC Mão na Massa, terá carga horária de 3 horas e acontecerá nos próximos dias 26 de janeiro e 2 de fevereiro, das 14 às 17 horas. O objetivo principal é sensibilizar os professores para dois conceitos simples: paisagem e solo. A oficina visa a reconhecer alguns elementos da paisagem, observar o solo e identificar as suas diferentes características. Só para professores. Entrada franca.

O Monocórdio de Pitágoras – Peça sobre um artista popular nordestino que fala sobre a criação do monocórdio, um instrumento musical de uma corda só, e sobre os experimentos e deduções do filósofo grego Pitágoras para se chegar às escalas musicais. O texto é do próprio ator, Pedro Paulo Salles, sob a direção de Cauê Matos. O cenário é de Mônica Nassif. De 18 de janeiro a 1o de fevereiro, às terças às 14 horas. Idade mínima: 5 anos. Entrada franca.

Prof. Gervásio e a Energia Elétrica – Uma divertida aula-espetáculo que une física e teatro. Tudo acontece quando o professor Gervásio, personagem de Antonio Velloso, percebe, em um dia de chuva, que chegou atrasado para um encontro com novos amigos (interpretados pelo público) em sua própria casa. O texto é de Cauê Matos e Regina Arruda. Entrada franca.

“Exposição Arte Fóssil” – Criada pelo paleontólogo alemão Adolph Seilacher, das Universidades de Göttingen (Alemanha) e Yale (EUA) resgata momentos da história da Terra, através de réplicas fiéis da vida primitiva. Apresentada em vários países, a mostra é composta por 33 peças em resina, além de imagens que retratam exemplos das marcas deixadas pela vida em sedimentos do passado remoto. Até o dia 23. Ingresso: R$ 2,00.

“Exposição Biodiversidade do Estado de São Paulo: Cores e Sombras” – Essa mostra pretende transmitir ao público leigo e a estudantes do ensino fundamental e médio informações sobre a mata atlântica e cerrado, os dois grandes biomas paulistas. Textos didáticos, mapas e imagens de satélites mostrarão aos visitantes a distribuição espacial dos ambientes aquáticos, centros urbanos e da vegetação nativa remanescente. A partir do próximo dia 25 até 31 de março. Ingresso: 2,00.

 


 

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O Jornal da USP é um órgão da Universidade de São Paulo, publicado pela Divisão de Mídias Impressas da Coordenadoria de Comunicação Social da USP.
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