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O
nascimento do novo campus da USP na zona leste de São Paulo – que, com o início do ano letivo, neste 28 de fevereiro de 2005, sai definitivamente do papel e recebe a primeira turma de alunos – pode ser considerado uma operação feita em equipe. “Este vem sendo o projeto mais participativo em toda a história da Universidade”, diz o professor Celso de Barros Gomes, chefe de gabinete da Reitoria e coordenador-geral do Projeto USP Leste.

A afirmação – e o inegável orgulho atrelado a ela – se justifica plenamente. Já na concepção da nova unidade, envolveram-se e participaram do trabalho mais de uma centena de docentes. O processo seletivo para os professores, realizado no segundo semestre de 2004, também contou com a expressiva presença de 114 docentes da USP na composição das 31 bancas examinadoras montadas. Atestando esse caráter de integração, as provas foram efetuadas em diferentes unidades da Cidade Universitária, como a Escola Politécnica, o Instituto de Geociências e a Escola de Educação Física e Esporte. Inscreveram-se para o processo seletivo 807 candidatos, todos no mínimo com titulação de doutor, tendo sido aprovados 107 e indicados 59. Além disso, 9 docentes que já eram professores da USP solicitaram transferência de suas unidades para a USP Leste.

O esforço coletivo que gera um novo campus, salienta o professor Barros Gomes, não envolve apenas o corpo docente. “Temos que ressaltar o grande apoio que o pessoal administrativo vem dando ao projeto em suas diversas etapas”, diz. “Tem sido um trabalho marcante e significativo.” Grupos de trabalho nas mais diferentes áreas se empenharam para que a USP Leste ganhasse forma e vida. O professor cita, como exemplo recente desse esforço, toda a organização dos processos seletivos para a contratação de docentes ou mesmo a realização dos pregões para a aquisição do chamado “recheio” dos prédios: mobiliário, microcomputadores, equipamentos de laboratório, livros etc. “O pessoal administrativo está à frente de tudo isso, com resultados muito positivos”, reconhece.

Proximidade

O número de servidores não-docentes neste primeiro ano de implantação chegou a 92. É um contingente bastante acima da previsão inicial, pois, como explica o professor Barros Gomes, a necessidade do preenchimento imediato de determinadas funções vai sendo identificada e constatada ao longo do processo. Desse total de funcionários, 35 serão contratados mediante concurso e outros 6 foram chamados a partir do resultado de concursos já realizados para as respectivas funções e ainda na vigência da validade.

Do grupo também fazem parte 51 servidores ligados à USP que pediram transferência para o novo campus. A intenção era “assegurar um material humano qualificado, com pessoas experimentadas e que conheçam o andamento da Universidade”, explica o coordenador – ele mesmo afetado pela “perda” de uma das funcionárias do Gabinete da Reitoria.

O critério de proximidade da moradia do servidor também foi levado em conta na seleção, pois uma das premissas da USP Leste desde a sua concepção foi o envolvimento com a comunidade local. Outro exemplo disso está no perfil dos operários que trabalham para erguer os prédios. De acordo com o professor Barros Gomes, dezenas de trabalhadores são moradores do Jardim Keralux, uma comunidade carente vizinha do campus.

Os alunos terão suas aulas nos prédios dos Blocos Didáticos B1 e B2 e contarão com outras unidades de apoio e segurança. O B3 teve o início do estaqueamento antecipado ainda para o mês de fevereiro, a fim de que o barulho do “bate-estaca” não viesse a atrapalhar os estudantes. Todas as edificações com previsão de inauguração para este ano, que incluem ainda os prédios chamados I1, I3 e I4, devem somar cerca de 34 mil m2 de área construída, num campus que ocupa 258 mil m2 de área. Em 2003, o orçamento para o começo das obras era de R$ 5 milhões. No ano passado, a dotação para obras e custeio foi de R$ 48,3 milhões, sendo a de 2005 de R$ 34 milhões.


Celso de Barros Gomes: um marcante e significativo trabalho em equipe



Adaptação

Para chegar ao campus, as opções são pegar o acesso pelo quilômetro 17 da Rodovia Ayrton Senna, entrando na chamada Via Parque, no Parque Ecológico Tietê. Pode-se entrar pela mesma via na altura da Estação Engenheiro Goulart da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM). Quem vai de trem desembarca na própria Engenheiro Goulart e pode pegar os ônibus circulares gratuitos que farão o deslocamento até o campus. A estação faz parte da linha F da CPTM, à qual os usuários também têm acesso por conexões com o metrô. De acordo com Barros Gomes, o governo do Estado deve construir futuramente a Estação USP Leste, que ficaria mais próxima da escola.

Como todo nascimento, o da USP Leste não deve ser isento de algumas “dores do parto”. Para além das dificuldades enfrentadas com o excesso de chuvas e sua influência no adiamento da conclusão das obras, uma das grandes preocupações é com a segurança de alunos, funcionários e docentes que freqüentarão o campus. Mesmo com a guarita de vigilância e o posto de segurança que proverão o serviço, sabe-se que evitar integralmente os problemas nessa área é tarefa das mais difíceis. “Estamos tomando todas as providências para prevenir e minimizar tudo o que for possível nesse aspecto”, garante o coordenador.

A USP tem feito gestões para que o governo do Estado ou a Prefeitura de São Paulo se responsabilizem pela iluminação da Via Parque, uma das necessidades identificadas. Caso o poder público não assuma o serviço, possivelmente caberá à própria Universidade fazê-lo. Os serviços médicos serão oferecidos com a futura implantação de uma Unidade Básica de Assistência à Saúde (Ubas). O serviço de alimentação, este ano no refeitório e, posteriormente, servido no prédio I1, no momento em início de construção, será terceirizado.

“Os mais antigos aqui passaram por todas as dificuldades de adaptação”, diz o professor, referindo-se aos primeiros e também complicados tempos da Cidade Universitária, no Butantã. Isolada e sofrendo com as condições adversas causadas pelo fato de se situar numa grande várzea, a área submeteu as primeiras gerações a diversos percalços. Na USP Leste, os alunos terão que aprender a lidar com situações que irão além dos conteúdos e vivências em sala de aula. “As pessoas ainda não conhecem o campus e, por isso, é claro, haverá desconforto, complicações e reclamações”, afirma Barros Gomes. O coordenador espera, porém, que as coisas naturalmente “entrem nos eixos” com o passar do tempo. “Será um grande aprendizado para todos nós”, prevê.



O campus Leste da USP tem sua origem mais remota em 2001, quando o Conselho de Reitores das Universidades Estaduais Paulistas (Cruesp) elaborou um estudo sobre a situação do ensino superior no Estado. O estudo analisou as possibilidades de expansão da oferta de vagas das três universidades estaduais – USP, Unesp e Unicamp. Com base nesse trabalho do Cruesp, o governo do Estado criou um programa específico com a finalidade de criar novos campi e unidades de ensino.

Em maio de 2002, o reitor da USP, Adolpho José Melfi, constituiu uma comissão com o propósito de avaliar a possibilidade de implantar um novo campus na cidade de São Paulo. Sob a coordenação geral do professor Celso de Barros Gomes, a comissão levou à sugestão de se criar um novo campus na zona leste da capital, uma região contando com 4,5 milhões de habitantes e carente de instituições de ensino superior públicas.

Em cerimônia no Palácio dos Bandeirantes, em 18 de março de 2003, o governador Geraldo Alckmin assina decreto autorizando a permissão do uso de terreno do Estado para a implantação do campus Leste da USP. A área, situada no Parque Ecológico Tietê, tem aproximadamente 1.258.000 metros quadrados.

Dia 22 de março de 2003. Lançamento da pedra fundamental do campus Leste da USP, com a presença de Alckmin e Melfi.

Em 19 de maio de 2003, o reitor Adolpho Melfi entrega ao governador Geraldo Alckmin, em cerimônia no Palácio dos Bandeirantes, o Projeto Básico da USP Leste. O projeto inclui o sistema viário, o edifício principal, o auditório, as portarias e a torre de serviços e telecomunicações do campus na zona leste.

Em 13 de agosto de 2003, em encontro na Reitoria, Melfi entrega o projeto acadêmico do novo campus para a comissão da Assembléia Legislativa encarregada de acompanhar os trabalhos de implantação da USP Leste. O projeto define que o campus terá uma única unidade, a Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH), com dez cursos não oferecidos no campus do Butantã e 1.020 vagas.

No início de 2004, iniciaram-se as primeiras obras no campus. Com base em estudos ambientais e de constituição física do terreno, a comissão muda os planos: as construções são feitas na gleba 1, e não na gleba 2, como determinava o projeto inicial.

No dia 15 de abril de 2004, a USP e a construtora Zalaf & Costa Engenharia Ltda. assinam contrato para a construção do bloco inicial do campus Leste.
O Conselho Universitário da USP aprova, no dia 18 de maio de 2004, os dez cursos que serão oferecidos pela Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH) no campus Leste.

Dia 27 de fevereiro de 2005. Inauguração do campus Leste da USP, com a presença do governador Geraldo Alckmin e do reitor Adolpho José Melfi.

Dia 28 de fevereiro de 2005. Início das aulas na EACH.

 

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O Jornal da USP é um órgão da Universidade de São Paulo, publicado pela Divisão de Mídias Impressas da Coordenadoria de Comunicação Social da USP.
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