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Arte e Pós-Modernismo

A arte pós-moderna existe de fato ou é uma simples nomeação a um conjunto heterogêneo de obras que surgiram principalmente a partir da década de 50? Discutido ora como estilo – ou não-estilo, devido a essa heterogeneidade – ora como produto da era pós-industrial, o pós-modernismo por si só já reserva uma discussão acalorada. Em O Pós-

Modernismo (Editora Perspectiva, 712 págs., R$ 95,00), organizado pelo editor J. Guinsburg e pela arte-educadora Ana Mae Barbosa, a discussão encontra campo para se desenvolver. São quase 30 colaboradores que discutem a presença da arte pós-moderna em diversos segmentos: arquitetura, cinema, literatura, dança, moda, teatro, antropologia, música, entre outros.
Inicialmente ensaios que se pautam na Mira Teórica expõe quadros históricos e a relação do pós-modernismo com a filosofia e com a psicanálise. O artigo de Maria Inês França, por exemplo, trata da resistência ao pós-modernismo como “filosofia portátil” e “narcisismo militante” que se deve a seu caráter anti-utópico, diferente de seu antecessor, o Modernismo. Na segunda parte do livro, Práxis, são desenvolvidos ensaios específicos da relação do pós-moderno com as diferentes manifestações. Assim Luiz Nazario desenvolve a relação com o cinema, em que discute a criação das megaproduções e sua influência no meio social, e o estereótipo de determinados personagens e enredos que prezam a violência.
Na última parte, Simpósio Pós-Moderno: Discussão dos Contemporâneos, algumas propostas são colocadas em pauta. Especial destaque à crítica de arte norte-americana Suzi Gablik que defende desde a década de 70 – rompeu com o Modernismo já nos anos 60 – uma arte que ultrapasse os limites do museu e se preocupe em ajudar a natureza e a sociedade, em conjunto com seu público. No livro, algumas entrevistas que fez estão reproduzidas (com Arthur C. Danto e com Barbara Kirshenblatt-Gimblett) e ensaios particulares falam de sua relação com a arte pós-moderna.

 

 

 

Registros do teatro brasileiro

Uma coletânea ricamente ilustrativa que apresenta cenas do que foi, e do que é o teatro brasileiro. Brasil: Palco e Paixão, um Século de Teatro (Aprazível Edições, 252 págs., R$ 150,00) reúne 270 fotos de atores em cena – Cacilda Becker, Fernanda Montenegro, Sérgio Cardoso – e cenas clássicas do teatro brasileiro, como Oscarito e Grande Otelo olhando a personagem de Virginia Lane na peça Muié

Macho, Sim, Sinhô. Também produções em ação, como a atriz Itália Fausta flagrada na montagem de Tobacco Road, em 1948 no Teatro Fênix, os bastidores (o bate-boca que Nelson Rodrigues teve com o público após uma apresentação de Os Sete Gatinhos) e cenas históricas, entre elas a depredação do Teatro Galpão depois de uma apresentação de Roda Viva.
Dividido em cinco grandes partes, o livro traz um texto inédito para cada uma delas (escritos por Leonel Kaz, Bárbara Heliodora, Tânia Brandão, Sábato Magaldi e Flávio Marinho), e estes perpassam o século mostrando como a expressão teatral exprimiu o cotidiano das ruas e as emoções vividas em cada época. Uma consistente síntese do panorama teatral de São Paulo e Rio de Janeiro, entre os anos de 1943 a 1968, soma-se ao cenário anterior, desde a influência do teatro jesuíta de catequese, e ao posterior, que retrata a cena teatral até 2000.
Com mais de 50 anos de palco, o ator Paulo Autran reflete, no texto de apresentação, sobre os limites do teatro, ou melhor, sobre a falta de limites que faz com que obras clássicas inglesas ou francesas possam ser interpretadas com a mesma paixão aqui no Brasil, uma terra ainda jovem na arte teatral. Isso porque, segundo ele, o que importa é “conseguir transmitir à platéia a paixão que sinto pelo texto”. E com a coletânea Brasil: Palco e Paixão, um Século de Teatro não nos resta dúvida da paixão com que foi feita a história do teatro brasileiro.

 

 

 

A cidade em imagens

O conceituado fotógrafo Nelson Kon tem suas fotos pela primeira vez reunidas em livro por meio da Coleção Senac de Fotografia, em seu sexto número. Nelson Kon (Editora Senac, 72 págs., R$ 35,00) faz um panorama de sua carreira, muito calcada na arquitetura – inclusive, sua

formação acadêmica. São fotos de prédios de São Paulo, vistas aéreas e registros de cenas urbanas cotidianas que retratam, muitas vezes, a presença humana através de “fantasmas” que passam pelo local, sem modificá-lo. As obras de Oscar Niemeyer, Vilanova Artigas, Lina Bo Bardi, nos registros de Kon, têm suas formas exploradas para mostrar belas composições da cidade.

 

 

 

Série Mitológicas de Lévi-Strauss

Do Mel às Cinzas (CosacNaify, 504 págs., R$ 55,00), de Claude Lévi-Strauss, é o segundo volume da série Mitológicas, originalmente iniciada em 1964, que está sendo traduzida para o português pela editora – o primeiro volume foi O Cru e o Cozido. Como o próprio nome já diz, a série discorre sobre os mitos do “pensamento

selvagem”. Lévi-Strauss aqui opta por analisar os mitos dos indígenas da América levando em conta as características intrínsecas à cultura deles, não querendo transpô-las ao pensamento antropológico já determinado. Nesse volume ele caminha da cultura dos povos em direção à natureza, contrastando dois elementos: o mel e o tabaco.

 

 

 

A música na telenovela

O professor e maestro Rafael Roso Righini (doutor em Comunicações pela ECA/USP) dispõe-se a discutir o histórico relacionamento entre o áudio e a imagem, no livro A Trilha Sonora da Telenovela Brasileira (Editora Paulinas, 336 págs., R$ 26,50). Saindo de análises históricas sobre a música e seu posterior aproveitamento nos setores da indústria do cinema e da televisão, o autor se fixa na análise do papel da trilha sonora nas telenovelas. Para isso ele vai desde questões conceituais, equipe

de produção e comercialização do setor, até questões analíticas, como a trilha sonora como conduta psicológica do telespectador.

 

 

 

O racismo hoje e suas origens

Três lançamentos recentes tratam da questão do racismo na sociedade. Como fazer amor com um negro sem se cansar (Terceira Margem

Editora, 189 págs., R$ 29,00), do jornalista Fernando Conceição, reúne artigos seus publicados em veículos de grande circulação, onde discute questões como as cotas para negros nas universidades, os resquícios da escravidão, além dos estereótipos associados aos negros, assunto do artigo que dá nome ao livro. No evento de lançamento nesta sexta, às 18h30, o autor conversa com o colunista Luís Nassif; no Sesc Vila Mariana (r. Pelotas, 141, 1o andar, tel. 5080-3000). A historiadora Maria Luiza Tucci Carneiro volta à história para discutir a origem do racismo em Preconceito Racial em Portugal e Brasil Colônia (Editora Perspectiva, 327 págs., R$ 50,00), reedição da obra que escreveu há mais de 20 anos, e que continua a ser um estudo único no Brasil. A obra debruça-se sobre os judeus convertidos – os cristãos novos – e outros representantes ditos da “raça não pura” durante a colonização, para discutir o racismo moderno, tão associado hoje apenas aos negros. E, finalmente, Racismo no Brasil, percepções da discriminação e do preconceito racial no século XXI (Editora Perseu Abramo, 176 págs., R$ 25,00) é resultado de uma pesquisa nacional, em que especialistas discutem a situação dos negros e a percepção da desigualdade social da população. O material aqui apresentado não tem somente o intuito de informar, mas também de instigar novas visões e interpretações da sociedade civil, orientando também possíveis políticas públicas.

 

 

 

Lançamentos da semana

 

Segredos Guardados

Para discutir o futuro das religiões afro-brasileiras, como o candomblé, Reginaldo Prandi em Segredos Guardados (Companhia das Letras, 336 págs., R$ 45,00) procura entender o contexto antigo dessas religiões no Brasil. E analisar a situação atual: completamente difundidas pelo País, mas perdendo seguidores com o passar do tempo. O lançamento acontece nesta quarta, às 19h, na Livraria da Vila (r. Fradique Coutinho, 915, Vila Madalena, tel. 3814-5811).

 

A vida de Santo Dias

Santo Dias: Quando o Passado se Transforma em História (Cortez Editora, 310 págs., R$ 38,00) é resultado de uma pesquisa documental extensa realizada por Luciana Dias – filha do operário Santo Dias, assassinado há 25 anos durante o regime militar – e pela jornalista Jô Azevedo. O lançamento acontece nesta terça, às 19h, no Auditório Freitas Nobre (av. Prof. Lúcio Martins Rodrigues, 443, Bloco A, Cidade Universitária, tel. 3091-4112), com presença das autoras e do jornalista Gilberto Nascimento.

 

 

 




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O Jornal da USP é um órgão da Universidade de São Paulo, publicado pela Divisão de Mídias Impressas da Coordenadoria de Comunicação Social da USP.
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