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Eduardo Jorge: "Existem diversas ações no sentido de expandir as áreas de parques e de lazer
na cidade"


Ciclistas no campus: por enquanto, só aos sábados, das 5 às 14 horas



A
prática de ciclismo na Cidade Universitária continua restrita ao período das 5 às 14 horas dos sábados, conforme determinação da Prefeitura do campus. Isso apesar das tentativas de acordo entre o governo estadual, as associações de ciclistas-atletas e a Universidade, feitas ao longo da semana passada.

Até o fechamento desta edição, a Prefeitura do campus, a Reitoria e os supervisores da Guarda Universitária ainda não haviam recebido um documento da Secretaria de Estado da Juventude, Esporte e Lazer apontando as propostas dos ciclistas para regulamentar o uso e acesso ao campus. “Numa reunião na Secretaria da Juventude foram discutidas várias propostas, com todos os interessados presentes. Quando recebermos o documento, avaliaremos o que convém à Universidade”, afirma o prefeito Wanderley Messias da Costa.

Um pedido informal do governador Geraldo Alckmin encarregou o secretário Lars Grael de intermediar a questão. A justificativa seria a de que os atletas usuários do campus, não tendo onde pedalar, acabariam se arriscando nas vias públicas e rodovias de São Paulo. Procurados pelo Jornal da USP, o governador e o secretário não se manifestaram a respeito.

“Teremos graves acidentes ou óbitos”, acredita o empresário e preparador físico José Rubens D’Elia, que, entre outros famosos, é treinador de Robert Scheidt e Christian Fittipaldi. Já o empresário e ex-atleta olímpico Fernando Nabuco de Abreu, que pedala na USP há 25 anos, diz que recentemente perdeu dois amigos que se arriscaram a treinar nas Marginais.

Para Renata Falzoni, apresentadora de programas sobre ciclismo no canal a cabo ESPN, diretora do Night Bikers Club e usuária do campus, pedalar nas vias públicas não é adequado porque a cidade apresenta sérios riscos a essa prática. “Não falta só estrutura, mas educação no trânsito e acima de tudo autoridades voltadas à defesa do pedestre e do ciclista”, afirma.

Fernando Abreu acrescenta: “Vejo esse problema como uma conseqüência da estrutura urbana. Antes a convivência era tranqüila, pedalávamos sem conflitos. Mas agora é imenso o número de carros e ciclistas atravessando o campus. Nos anos 80, havia 20 ou 30 ciclistas, cerca de 3 mil carros e um número menor de alunos. Acredito que chegou a 1 mil o número de ciclistas que freqüentavam o campus diariamente em horários distintos”.
A Guarda Universitária não possui dados estatísticos sobre a freqüência de ciclistas, mas, ao longo dos anos em que trabalha no departamento, o coordenador Oswaldo Loula afirma que observou o aumento dos atropelamentos e acidentes pessoais envolvendo aqueles atletas. “Acho positivo eles terem se organizado e demonstrado interesse em apresentar propostas para regular o acesso, porque a situação estava insuportável”, define Loula.




"Não temos estrutura suficiente", alega a Prefeitura do campus

 

Missão

O prefeito Messias da Costa lembra que, em reunião no dia 3 de maio, o Conselho do Campus “reiterou sua posição por unanimidade”. Ou seja, ciclistas-atletas dentro da Cidade Universitária só aos sábados, das 5 às 14 horas, e nos dias de competições esportivas autorizadas pela Prefeitura. “A missão da Universidade é gerar ensino, pesquisa e extensão de qualidade. A minha missão é zelar pelo patrimônio e pela segurança da Universidade e não cuidar de ciclistas. Não temos estrutura nem condições para fiscalizar tudo”, diz o prefeito.

“Não tiro as razões da Universidade, pois realmente sua função é gerar conhecimento e pesquisa. No entanto, não se pode estender o problema a todos os usuários. Acho possível chegarmos a um termo. Minha preocupação é com o ciclista que usa a bicicleta como meio de transporte. Se não forem aceitos no campus, isso é passível de queixa no Ministério Público”, diz Renata Falzoni.

Sobre as restrições impostas a ciclistas-atletas em detrimento de veículos motorizados, Messias explica: “Seria um irrealismo atroz não permitir a circulação de carros com os problemas de transportes coletivos que temos na cidade”. Segundo o prefeito, ainda neste semestre a Prefeitura deverá apresentar um plano para sistematizar ou restringir o acesso de veículos que utilizam a USP como passagem.

Cadastramento

Na reunião da Secretaria de Estado da Juventude, Esporte e Lazer, os dirigentes das Confederações Paulista e Brasileira de Ciclismo, Triathlon e Atletismo, entre outros interessados, discutiram a possibilidade de criar um cadastramento para os ciclistas-atletas e uma identificação especial facilmente visível. “Mesmo assim, essas medidas não prescindiriam de fiscalização e não temos estrutura”, diz o coordenador da Guarda Universitária Oswaldo Loula, que participou da reunião. “Cogitaram providenciar apoio para a vigilância. A pergunta é: como? Com PMs? Com segurança privada? Com recursos para a Prefeitura cuidar disso?”, questiona Messias.

A reativação do Velódromo da USP poderia ser uma saída, já que o local possui infra-estrutura adequada, como pista e banheiros, segundo sugeriram alguns participantes da reunião. No entanto, essa proposta esbarra na questão do financiamento da reforma do local. “Sou a favor. Mas há 20 anos já se falava em reformar o Velódromo e naquela época o custo para isso era de US$ 5 milhões”, diz Messias.

 


Secretaria quer incentivar transporte sustentável

Enquanto Paris transforma quilômetros de vias públicas em ciclovias e 40% dos deslocamentos em Amsterdã são feitos com bicicletas, Londres cobra pedágio para carros nas regiões críticas do centro. As políticas de incentivo de sistemas de transportes sustentáveis tornaram-se tendência no mundo. Na contramão da história, um projeto de construção de ciclo-redes para a cidade de São Paulo continua no papel desde 1983. Sucessivamente rejeitado pelas administrações municipais, é possível que finalmente esse sonho de alguns visionários comece a ser concretizado.

O secretário municipal do Verde e Meio Ambiente, Eduardo Jorge, vem encabeçando desde janeiro um projeto de implantação de uma política de incentivo de sistemas de transportes sustentáveis na cidade de São Paulo. Entre outras medidas e com outros órgãos públicos, Jorge pretende construir ciclovias e ciclofaixas em ruas ou avenidas estratégicas e criar bicicletários em prédios públicos, terminais de ônibus e estações de metrô.

Segundo o secretário, o Banco Mundial deverá investir inicialmente US$ 95 mil num estudo do perfil do usuário de bicicleta. “Esse valor poderá estar liberado até o segundo semestre. Em 2006, a previsão é que o Banco Mundial invista até US$ 12 milhões na política de transportes sustentáveis da cidade”, afirma.
Dos ofícios encaminhados à Prefeitura de São Paulo, ao governo do Estado, à Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), à Companhia do Metropolitano de São Paulo e outros órgãos, Eduardo Jorge já conseguiu um vislumbre de colaboração. “Os técnicos do Metrô já estudam esse assunto. É provável que autorizem a circulação de bicicletas desmontadas no último vagão, em determinados horários”, diz.

Levantamento da Federação Paulista de Ciclismo, concluído em 2000, mostrou que 250 mil paulistanos utilizam diariamente a magrela como meio de transporte e que para cada dois moradores existe uma bicicleta. “Além de desafogar o trânsito e melhorar a qualidade do ar, estaremos promovendo a prática de atividade física. Incentivo todo mundo a andar de bicicleta e eu já faço isso desde janeiro, no trajeto de ida e volta do trabalho”, diz o secretário.

Porém, praticar esse esporte nas ruas de São Paulo pode ser um tanto arriscado, na visão de experientes atletas. “Eu não aconselharia minha filha a sair pedalando pela cidade”, diz Marcos Mazzaron, empresário e diretor da Federação Paulista de Ciclismo.

“Se algumas regras forem respeitadas, é possível pedalar com segurança em trajetos alternativos”, acredita Arturo Alcorta, artista plástico que pedala nas ruas de São Paulo há 27 anos.

Idealizador dos projetos de ciclo-redes que Eduardo Jorge vem encampando, Alcorta concorda que a falta de parques e locais seguros para a prática do ciclismo tem pressionado espaços que não têm como papel principal suprir lazer aos cidadãos. “Práticas como as do Pelotão da Morte, que são grandes grupos de ciclistas treinando velocidade, foram um dos motivos para a freada da USP e não tiro as razões da Universidade. A cidade precisa de mais espaços com uma topografia privilegiada para treinamentos”, diz.

Segundo o secretário Eduardo Jorge, o plano diretor da cidade prevê, até 2012, a criação de 190 parques lineares. “Já arborizamos uma série de parques e estamos expandindo o Parque do Trote, na Vila Maria. Pretendemos transformar a Área de Proteção Ambiental do Carmo em Parque Natural Permanente e, na cratera do Parelheiros, vamos criar uma área de proteção ambiental. Existem diversas ações no sentido de expandir as áreas de parques e lazer”, afirma.

 

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O Jornal da USP é um órgão da Universidade de São Paulo, publicado pela Divisão de Mídias Impressas da Coordenadoria de Comunicação Social da USP.
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