A primeira apresentação de uma dissertação
de mestrado na USP via satélite foi realizada no dia 23 de
maio na Faculdade de Odontologia de Bauru (FOB). O evento foi retransmitido
para 208 telesalas distribuídas em 24 Estados brasileiros.
Escrita por Ticiane Cestari Fagundes e intitulada Influência
do ultra-som na resistência adesiva a dentina de cimentos
de ionômero de vidro, a dissertação foi
discutida pela banca examinadora através de teleconferência
com sinal codificado e imagens transmitidas via satélite,
com interatividade em tempo real através de e-mail, fax e
telefone.
Cerca de 600 pessoas, em sua maioria cirurgiões-dentistas,
participaram da apresentação da dissertação
nas telesalas criadas a partir de parcerias estabelecidas com vários
municípios, chamadas de unidades conveniadas.
Nelas encontram-se equipamentos que fazem a captação
das imagens enviadas pela central na Universidade Norte do Paraná
(Unopar), em Londrina. O evento também ficou disponível
via Internet, o que contribuiu para que os profissionais da Universidade
Estadual e Federal do Rio de Janeiro acompanhassem a defesa.
A banca examinadora, em Bauru, foi composta pelas professoras Maria
Fidela de Lima Navarro, diretora da FOB e orientadora de Ticiane,
Maria Aparecida de Andrade Moreira Machado, da FOB, e Daniela Gigo
Cefaly, da Unopar. O evento contou também com a presença
da pró-reitora de Pós-Graduação da USP,
professora Suely Vilela.
A teleconferência é um sistema que permite a transmissão
de áudio e vídeo em tempo real. Possibilita a realização
de reuniões virtuais, juntando pessoas separadas por uma
grande distância. Pode ser usada, por exemplo, na realização
de um seminário virtual, em reuniões de negócios
e agora em defesas de teses e dissertações, assim
como em telemedicina.
A FOB e a Unopar foram parceiras nessa iniciativa pioneira. Bauru
e Londrina receberam imagens e som com qualidade de televisão.
De Bauru para Londrina foram enviados sinais de vídeo e áudio,
via fibra óptica, e os slides de PowerPoint, utilizados pela
mestranda, com a mesma resolução. Os sinais de áudio
e vídeo da professora Daniela, captados em Londrina, foram
enviados para Bauru via satélite. Todo o material recebido
em Londrina foi retransmitido para o satélite no segundo
canal, pertencente à Unopar, e para o Brasil. Toda
a tecnologia usada foi desenvolvida pela Unopar, explica Maria
Fidela.
A proposta foi aprovada pelo Conselho Universitário da USP,
que autorizou que, no caso de dissertação de mestrado,
um membro da banca examinadora fizesse a análise a distância.
Para tese de doutorado, foi autorizado que até dois membros
da banca participem através de videoconferência ou
via satélite.
A
apresentação histórica: transmissão
imediata de conhecimentos
Benefícios
A pró-reitora Suely Vilela se mostrou entusiasmada com a
nova proposta. A teleconferência permitiu que um conhecimento
novo, no caso um trabalho de pesquisa, esteja disponível
em tempo real para uma gama muito ampla de pessoas além da
comunidade acadêmica da USP. Foi uma apresentação
vista nos quatro cantos do Brasil. Uma defesa feita pelo sistema
normal, sem ser via satélite, leva um longo período
de tempo até ser disponibilizado na biblioteca virtual de
teses da USP. Neste caso, a transmissão se deu instantaneamente
colocando o que se pesquisa na academia mais próximo da sociedade,
ressaltou.
Suely acredita que essa inovação na USP traz vários
benefícios, como redução de gastos com professores
convidados externos à Universidade e a evolução
tecnológica. E garante: Não traz prejuízos
aos alunos candidatos, visto que essa modalidade de defesa é
garantida pela eficiência da transmissão da tecnologia
utilizada. Uma preocupação do Conselho Universitário
se referia à operacionalização da teleconferência,
que poderia acarretar atraso e dificuldade de entendimento. Embora
esses problemas possam existir, o sucesso de Bauru garante que novas
defesas sejam feitas dessa forma, ressalta Suely.
Para a pró-reitora, a teleconferência permite criar
um espaço destinado à troca de informações
e à disseminação de conhecimentos não
exclusivamente circunscrito à comunidade interna de alunos,
docentes e pesquisadores, mas abre caminho para que outras entidades
geradoras de conhecimento e pesquisa possam participar e receber
em tempo real o que se produz cientificamente nas universidades.
A diretora da FOB, Maria Fidela, disse imaginar que essa tecnologia
pudesse trazer benefícios, mas não com tanto alcance.
O modo como a tecnologia foi disponibilizada e o acesso à
Internet facilitaram a participação das pessoas,
disse. A parceria entre FOB e Unopar se dá através
do sistema de ensino presencial conectado. Vários professores
da instituição do Paraná foram formados pelo
campus de Bauru.
Antena
A tecnologia desenvolvida pela Unopar é uma parceria com
a Microsoft para a codificação e decodificação
do sinal. Para efetuar a recepção de aulas, João
de Lima Navarro, diretor de tecnologia em desenvolvimento da Unopar,
utilizou uma antena banda KU, setupbox, computador com placa de
vídeo com saída de televisão, datashow, caixas
acústicas amplificadas, microfone sem fio para perguntas
nas localidades remotas e uma webcam para o retorno de fotos das
telesalas. Navarro explica que os participantes podem fazer suas
perguntas através do sistema de acompanhamento de aulas desenvolvido
pela Unopar a partir de texto ou por microfone. Também
armazenamos uma fotografia por minuto de cada telesala.
O ionômero de vidro, assunto abordado na defesa, é
um material que está sendo largamente usado na adequação
do meio bucal, antes de o paciente receber restauração
definitiva. Segundo Ticiane, o ionômero é melhor que
a resina, mas ainda apresenta mais deficiência na resistência
e na adesão ao dente do que a resina, utilizada atualmente
na recuperação da estética bucal. Ao
aplicarmos o ultra-som o ionômero mostrou melhor aderência
e as propriedades mecânicas de resistência a compressão
e microdureza foram positivas, demonstrando resultados satisfatórios.
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