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Desenhos das crianças da Escola de Aplicação da USP sobre a França: criatividade


Eu imagino Lyon,
eu imagino Rhône-Alpes,
eu imagino a França...

Foi assim, matutando sobre esse tema, que os estudantes do ensino fundamental e médio das escolas estaduais, municipais e particulares de São Paulo deram asas à imaginação. E pintaram a França dos seus sonhos. Uma França cheia de luz. A França da gastronomia, da moda, da Torre Eiffel, do Arco do Triunfo. Porém, com a descontração e o bom humor próprios da gente brasileira.

A idéia de levar essa arte para a França teve como pretexto o movimento do Ano do Brasil na França. Ou seja, a cultura brasileira vai estar presente em inúmeros espaços de Paris e outras cidades francesas. A estimativa é de que 16 milhões de pessoas prestigiem esse evento que vai levar àquele país a nossa música, dança, cinema, design, fotografia e arquitetura, entre outras programações tecnológicas, científicas e sociais.

Mas entre tantos grandes eventos, vale a participação especial dos estudantes de 5 a 17 anos. E a iniciativa nasceu da conversa amistosa entre a Maison de L’Amerique Latine em Rhône-Alpes e a Comissão Interna de Qualidade e Produtividade da Reitoria da USP, presidida por Olga Miranda. “Quando começamos a organizar esse evento entre as escolas, a nossa expectativa foi muito positiva, mesmo sabendo que são poucas as que ainda ensinam o francês”, conta Olga. “Porém, recebemos centenas de desenhos de escolas públicas e particulares e ficamos surpresos por atestar a curiosidade que a França desperta.”

O primeiro lote de desenhos – cerca de 200 – veio da Escola de Aplicação da Faculdade de Educação da USP. “É uma das que lecionam francês. Os alunos e professores prestigiaram muito essa atividade.” Uma amostra do resultado da criatividade desses estudantes pode ser apreciada nesta página do Jornal da USP. Muitos lembraram a relação Brasil-França desenhando a bandeira brasileira com a inscrição Order et Progrès. Outros pintaram a bandeira da França integrando as cores verde-amarelo. Houve ainda quem destacou a gastronomia, como Giovana Nunes e Mileny Nakahara, que desenharam garçons elegantemente vestidos, como rege a cozinha francesa, e um prato com escargots. Curioso também o desenho de Natalia Mariz, de 10 anos, com uma paisagem de colinas arredondadas, céu muito azul e a bandeira da França.

Interessante, ainda, a homenagem para Saint Exupéry, com o seu O Pequeno Príncipe. Em sua arte, Ana Carolina Spitaleri, de 17 anos, lembrou que o escritor nasceu em Lyon, cidade onde está a sede da Maison de L’Amerique Latine.


Olga Miranda: “É difícil selecionar os mais curiosos”

 

Visão de um país

Sobre a mesa de Olga Miranda, que viveu na França durante três anos, há cerca de 500 desenhos. “Olha só. É difícil fazer uma seleção dos mais curiosos”, diz, com orgulho. “Por essa razão, a meta é enviar todos eles para uma exposição em Lyon. Há ainda a proposta de reproduzir esses desenhos em um livro.”

Se depender da boa vontade de Olga, os estudantes brasileiros já viraram artistas. E famosos. A Maison de L’Amerique Latine vem promovendo diversas atividades culturais e já desenvolveu esse mesmo evento entre os estudantes do Peru, El Salvador, Venezuela e Costa Rica. “A nossa instituição foi criada em 2000”, explica Catherine Sudarskis, uma das coordenadoras dos projetos de arte da Maison de L’Amerique Latine. “Para contribuir com o movimento Ano do Brasil na França, organizaremos, entre setembro e dezembro, um programa especial, em que pretendemos mobilizar a juventude do Brasil e da França em atividades comuns. Ao mesmo tempo em que estamos pedindo para os estudantes brasileiros desenharem a sua visão da França, pretendemos pedir aos alunos franceses, da mesma idade, da região de Rhône Alpes, para desenvolverem o tema J’imagine le Brésil.”

Catherine está curiosa para ver os desenhos dos brasileiros. “Queremos saber como os estudantes transcrevem sua visão de um país pela expressão artística”, diz. “Vamos apreciar a transcrição de seu imaginário e, a partir disso, despertar no observador francês uma outra representação do mundo, a das crianças de um outro continente, e também abrir seus olhos sobre um desconhecido que muitas vezes ele ignora, o que pode levar, no melhor dos casos, a desenvolver uma curiosidade intelectual sobre o Brasil.”

Na opinião de Catherine, os desenhos despertam a curiosidade do público francês pelo prazer estético, como qualquer outra exposição, e também por ocupar um lugar diferenciado na América Latina. “É o maior, mais rico, mais povoado, diversificado e, sem dúvida, com uma história diversa, uma vez que os colonizadores não foram espanhóis e têm, portanto, uma língua diferente. Tudo isso deixa traços particulares, reações que se manifestam no desenho. Ou seja, nunca me coloquei a questão se a representação da Torre Eiffel por um espanhol ou um sueco seria diferente.”

Quando as crianças francesas imaginarem o Brasil, provavelmente vão ter muito o que desenhar. “Penso que elas vão pintar uma terra abençoada por Deus, um paraíso tropical, de muita música e alegria”, diz Catherine.

 

 

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O Jornal da USP é um órgão da Universidade de São Paulo, publicado pela Divisão de Mídias Impressas da Coordenadoria de Comunicação Social da USP.
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