O
tema do título deste artigo, selecionado para a campanha
publicitária visando à posse responsável de
animais, gerou polêmica e pode ter desagradado alguns, porém
seu mérito não foi questionado tendo em vista os inúmeros
conflitos registrados relativos aos animais abandonados na USP.
Os animais abandonados no campus da Cidade Universitária
causam inúmeros eventos envolvendo alunos, funcionários
e professores. Tais eventos geram situações desconfortáveis
para toda a comunidade e contemplam, de forma geral, as seguintes
ocorrências: maus-tratos aos animais, incluindo envenenamento
por substâncias químicas e morte por agressão
física, assim como ataque de animais, estressados e famintos,
à comunidade. Animais errantes também podem constituir
um reservatório para diversas doenças transmissíveis
ao homem, as chamadas zoonoses. Dentre as principais zoonoses que
acometem populações urbanas atualmente estão
a toxoplasmose, a leptospirose, a febre maculosa e a raiva.
Assim sendo, o abandono de animais coloca em risco a integridade
física dos animais assim como a da comunidade, e constitui
crueldade que avilta o homem e faz sofrer, desnecessariamente, o
animal. No que se refere à legislação nacional,
a Lei nº 9605/98 Lei de Crimes Ambientais eleva
as condutas abusivas perante os animais ao patamar de crime e não
mais de contravenção, punindo o responsável
pelo ato ilegal com detenção de três meses a
um ano e multa, seguindo tendência mundial. No Município
de São Paulo existe a Lei Municipal nº 13.131/2001 (Projeto
de Lei nº 116/2000, do vereador Roberto Trípoli) e seu
Decreto Regulamentador nº 41.685/2002, que disciplina a criação,
propriedade, posse, guarda, uso e transporte de cães e gatos
no Município. Essa lei descreve alguns cuidados básicos
que o proprietário de animais deve ter, entre eles: registrar
o animal (RGA), prover alimentação, abrigo, vacinação
e esterilização, uso de coleira e guia etc. Dessa
forma, ações visando a promover maior discernimento
da população relativo à posse de animais são
de fundamental importância.
A campanha educativa em andamento tem por objetivo diminuir o número
de animais errantes no campus da capital por meio da conscientização
da população em geral e da comunidade USP. Para tanto,
estão sendo difundidas informações sobre a
importância da castração e da adoção
como formas efetivas de controle populacional, das vacinações
como forma de controle de zoonoses e das implicações
criminais que acarretam os atos de maus-tratos e abandono de animais.
Cabe enfatizar que atitudes de abandono e maus-tratos não
devem ser tolerados e devem sempre ser denunciados. Em caso de abandono
dentro da USP, denuncie à Guarda Universitária (3091-4222).
A Campanha de Posse Responsável de Animais foi organizada
e desenvolvida pela Prefeitura do Campus da Capital da USP e o Centro
Acadêmico Moacir Rossi Nilsson da Faculdade de Medicina Veterinária
e Zootecnia (FMVZ), em parceria com a Escola de Comunicações
e Artes (ECA) e a ONG Arca Brasil, com apoio da Secretaria da Saúde
do Estado de São Paulo, do Centro de Controle de Zoonoses
da Cidade de São Paulo e do Instituto Butantan. Essa campanha
obteve significativa visibilidade, inclusive conquistando a atenção
da mídia convencional (Jornal da Tarde, Folha de S. Paulo,
Rádio Bandeirantes, TV Cultura, revista Clínica Veterinária
e revista Vet News). A USP Leste também será beneficiada
com a iniciativa. A divulgação da campanha nesse novo
campus está prevista para o próximo semestre.
Apesar de a campanha promovida na USP atingir um público
grande, a disseminação da Campanha de Posse Responsável
por toda a cidade de São Paulo é de extrema importância.
Anualmente, o Centro de Controle de Zoonoses da Cidade de São
Paulo recolhe cerca de 25 mil animais (de acordo com o Boletim Informativo
de 2004, número 37, da Anclipeva), dos quais a grande maioria
(80%) acaba sendo destinada à eutanásia. Infelizmente,
a demanda de animais levados ao centro ultrapassa muito a capacidade
de hospedagem de que a unidade dispõe, não restando
outra alternativa a não ser o sacrifício. Essa realidade
cruel a que são submetidos cães e gatos domésticos
é devida, principalmente, ao abandono de animais nas ruas
pela população. Esses animais abandonados reproduzem-se
indiscriminadamente, aumentando cada vez mais a população
de animais errantes e disseminando com mais facilidade um número
enorme de doenças e de ectoparasitos (pulgas e carrapatos).
No dia 23 de maio passado foi oferecido um coquetel na Sala do Conselho
Universitário, no prédio da Reitoria da USP, referente
ao lançamento oficial da campanha. Estavam presentes representantes
do Fundo de Cultura e Extensão Universitário da Pró-Reitoria
de Cultura e Extensão Universitária e as empresas
que apoiaram a campanha: Nestlé-Purina e Schering-Plough
Coopers. Também estavam presentes o professor Flávio
Prado e a professora Arani Nanci Bonfim Mariana, presidente e vice
do Conselho Regional de Medicina Veterinária, respectivamente;
o professor Zohair Saliem Sayegh, presidente da Sociedade Paulista
de Medicina Veterinária; a senhora Constantina Melfi, esposa
do reitor da USP, Adolpho José Melfi, o vereador Roberto
Trípoli, atual presidente da Câmara Municipal de São
Paulo, e os diretores das seguintes unidades: Faculdade de Ciências
Farmacêuticas (FCF), Escola de Comunicações
e Artes (ECA), Coordenadoria de Comunicação Social
(CCS) e Diretório Central dos Estudantes (DCE). O evento
também foi prestigiado pela Academia de Polícia, Escola
de Educação Física e Esporte (EEFE), Centro
de Práticas Esportivas da USP (Cepeusp), e representantes
do Centro de Controle de Zoonoses da Cidade de São Paulo,
além da Secretaria da Saúde do Estado e de representantes
de ONGs de proteção animal, como Arca Brasil e Fórum
Nacional de Proteção Animal.
A divulgação da campanha foi realizada com o emprego
de 20 mil folhetos informativos, 500 cartazes fixados nas unidades
e pontos de ônibus dentro da USP, anúncios no Jornal
da USP, cinco outdoors que permanecerão expostos por 20 dias
e comerciais na Rádio USP de São Paulo, Ribeirão
Preto e São Carlos, na TV USP e no site www.usp.br/vidadigna.
Nádia
Araci Bou Chacra é professora da Faculdade de Ciências
Farmacêuticas (FCF) da USP e uma das coordenadoras da Campanha
de Posse Responsável de Animais. Ricardo Stanichi Lopes e
Eduardo Pontes são alunos da Faculdade de Medicina Veterinária
e Zootecnia (FMVZ) da USP e organizadores da campanha.
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