foi uma das novidades do seminário,
que atraiu centenas de pessoas
O
lançamento da Revista de Cultura e Extensão marcou
o 6o Seminário de Cultura e Extensão Universitária
da USP, realizado nos dias 30 e 31 de agosto nos seis campi da Universidade.
A revista, que será trimestral, traz artigos, entrevistas
e notícias comentadas, voltadas principalmente para temas
ligados à transmissão de serviços da academia
para a sociedade. É um espaço de discussão
de idéias, de narrativa de experiências e práticas,
com diferentes pontos de vista e reflexões críticas
sobre as ações culturais e as atividades de extensão,
ressalta o pró-reitor de Cultura e Extensão Universitária
da USP, professor Adilson Avansi de Abreu. Todos estão
convidados a submeter seus trabalhos sobre a temática da
revista nesse novo ambiente de diálogo.
A professora Maria Teresa Gambardella, docente do Instituto de Química
de São Carlos e coordenadora do grupo responsável
pelo projeto editorial da revista, explica que, a partir da análise
dos relatórios acadêmicos dos professores apoiados
pelo Fundo de Cultura e Extensão Universitária, verificou-se
que se tratavam de projetos de grande repercussão, muitas
vezes desconhecidos no âmbito da própria unidade. Daí
a idéia de utilizar a revista para a divulgação
dessas experiências bem-sucedidas.
Diversidade
No campus de São Paulo, o seminário foi realizado
no Anfiteatro Camargo Guarnieri, na Cidade Universitária.
O evento contou com a presença do secretário de Cultura
do Estado de São Paulo, João Batista de Andrade, que
falou sobre o que o governo espera da Universidade no que se refere
a políticas públicas no setor da cultura. Empossado
há três meses, Andrade disse que tem pensado muito
no papel da universidade como campo para uma maior reflexão
sobre o entendimento do que é a diversidade cultural brasileira,
fundamental para se compreender o País. Antes de propormos
ações, precisamos entender como se dá a questão
cultural brasileira. Para isso estou convocando mais pessoas ligadas
à Universidade para compor o Conselho da Secretaria e ajudar
nessa reflexão.
Depois foi a vez de a professora Elisabete Saraiva apresentar o
Museu de Ciências da USP, que busca integrar as ações
científicas com o objetivo de divulgar as atividades das
ciências exatas, humanas e naturais, a tecnologia e as artes.
Temos como mecanismo de ação uma comunidade
virtual, através de um site, exposições temáticas
itinerantes, formação de rede, palestras, cursos e
oficinas.
O programa Nossa Gente na Net, do campus de São
Carlos, foi apresentado pelo professor Vanderlei Bagnato, do Instituto
de Física, que falou da utilização da televisão
como mecanismo de difusão cultural para a cidade de São
Carlos, tão carente de atividades nessa área,
como ressaltou. Utilizando o sistema de televisão a cabo,
o Centro de Pesquisa em Ótica e Fotótica criou alguns
programas, como o Nossa Gente, que reconstitui a memória
da cidade, o Jornal Científico,
apresentado por alunos de Jornalismo, que vai ao ar semanalmente,
ao meio-dia, e o Vídeo Ciência, que através
de entrevistas com personalidades do mundo científico aborda
temas da atualidade. A atividade televisiva tem boa aceitação
e vem atendendo a um público estimado em 60 mil telespectadores,
informou Bagnato.
Espaço
de expressão
A educomunicação também se fez presente no
evento. O professor da Escola de Comunicações e Artes
(ECA) da USP Ismar de Oliveira Soares apresentou o Programa Educom.rádio,
mostrando como foi importante levar a linguagem radiofônica
para as 455 escolas municipais de São Paulo, entre 2001 e
2004. O projeto capacitou mais de 11 mil pessoas, entre professores,
alunos e membros da comunidade, observou Soares.
Para complementar as atividades do Núcleo de Comunicação
e Educação (NCE) da ECA, estiveram presentes dez alunos
da Escola Municipal de Ensino Fundamental Amorim Lima, que foram
capacitados para trabalhar com o rádio em sua escola. As
crianças, entre 10 e 12 anos de idade, circularam no evento
com um gravador na mão, entrevistando e obtendo dados para
o programa de rádio que haviam roteirizado em equipe.
Uma das alunas, Mariana Portis, afirmou que a atividade com rádio
na sua escola tem feito com que ela seja uma pessoa mais comunicativa
e interessada em vários assuntos. Por causa da rádio
estou querendo saber mais dos assuntos do dia-a-dia. Outra
aluna, Miriã Renata, se encanta com a possibilidade de entrevistar
as pessoas e saber mais sobre elas. Na Rádio Amorim
Lima a gente aprende a ver as pessoas de outra forma, se interessando
mais pelo que fazem. É muito legal.
O prefeito do campus de São Carlos, professor Dagoberto Dario
Mori, apresentou as atividades de divulgação cultural
daquele campus, que vem desenvolvendo vários projetos, como
Música na Praça (apresentação de bandas
musicais), Tom Maior (música erudita aos sábados),
Universidade Aberta à Terceira Idade, Semana de Arte e Cultura
de São Carlos, 23ª Volta Olímpica e mais uma
dezena de iniciativas. O seminário terminou com a apresentação
da Orquestra Sinfônica da USP, sob a regência do maestro
Carlos Moreno.
A
mostra
Uma novidade do evento foi a Mostra de Tecnologias da USP
na Sociedade, que reuniu, em frente ao Anfiteatro Camargo
Guarnieri, representantes de mais de 30 unidades da Universidade,
que expuseram seus trabalhos de cultura e extensão nas mais
diversas áreas. Várias escolas públicas estaduais
visitaram a mostra e puderam ver de perto o que se pode fazer com
conhecimentos de física, química, comunicação
e medicina para ajudar a solucionar os problemas da sociedade.
A Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), de Piracicaba,
trouxe para São Paulo o que tem feito de mais moderno e avançado
na área de avicultura e engenharia florestal. Com um mostruário
de galos e galinhas-dangola verdadeiros, o doutorando Marco
Aurélio Neves da Silva explicou que o Projeto Frango Feliz
trabalha com quatro linhagens genéticas adaptadas ao sistema
caipira de criação de galinhas. A equipe do Departamento
de Genética da Esalq dá assistência aos produtores,
aos assentamentos rurais e às escolas técnicas, aconselhando-os
a utilizar essa nova linhagem, que tem como benefício o melhoramento
da galinha-dangola para a formação do frangola,
uma ave com um maior potencial de crescimento do que o frango comum.
Com isso os produtores obtêm uma ave maior, com um melhor
potencial de carne de frango e produção de ovos. Essa
tecnologia propicia que o frango não seja criado sob confinamento,
pode ser um frango de qualidade criado no fundo do quintal,
disse Silva.
Entender melhor como é a adaptação, o crescimento
e o potencial de uso do eucalipto é a proposta do Projeto
Tume, do Departamento de Ciências Florestais da Esalq. Esse
projeto propõe o teste de uso múltiplo de eucaliptos,
para que o agricultor conheça as diferenças e possa
escolher o mais adequado a suas demandas e os plante de acordo com
o zoneamento ambiental das propriedades, uma vez que no Brasil são
utilizadas menos de dez espécies dessa planta. O Tume utiliza
20 espécies com potenciais madeireiros para lenha, carvão,
celulose, mourões, postes, tábuas, vigas, móveis,
óleo essencial, mel, shiitake e ornamentação.
Utilizar os resíduos sólidos que ficam no fundo dos
tanques de tratamento de esgoto foi outra proposta do Departamento
de Ciências Florestais apresentada no evento.
O campus de Bauru também esteve presente levando experiências
da Faculdade de Odontologia de Bauru (FOB) e do Hospital de Reabilitação
de Anomalias Craniofaciais, o popular Centrinho. Ao manter um campus
avançado em Rondônia, os alunos da USP de Bauru prestam
atendimento em odontologia e fonoaudiologia em escolas de várias
cidades do Estado, como Monte Negro, Tabajara, Demarcação,
Gleba do Rio Preto e Gleba Monte Negro. Outras atividades são
desenvolvidas pelo Departamento de Fonoaudiologia, que, além
de atender os pacientes que procuram o sistema odontológico
e fonoaudiológico da FOB e do Centrinho, presta serviços
em creches e escolas de Bauru, assim como em postos de saúde.
A Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto (Forp) representou
o campus mostrando o Projeto Xingu. Através desse projeto,
a cada dois meses uma equipe formada por seis alunos de graduação,
sob a orientação de dois docentes, se dirige ao Parque
Indígena do Xingu para promover a saúde bucal. Segundo
a professora Kranya Diaz Serrano, essa atividade tem sido de grande
relevância na formação do cirurgião-dentista.
Ao extrapolar os muros da Universidade, os alunos passam a
ter outra perspectiva da profissão, que não só
a do consultório fechado entre quatro paredes.
Pesquisas e atividades de cultura e extensão não faltaram
no evento. Também estiveram presentes o Museu Paulista, Estação
Ciência, Parque Cientec, Escola de Educação
Física e Esporte, Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Centro
Universitário Maria Antonia, Escola Politécnica, Faculdade
de Odontologia, Faculdade de Saúde Pública, Faculdade
de Medicina, Faculdade de Ciências Farmacêuticas, Museu
de Zoologia, Museu de Arte Contemporânea, Instituto de Geociências
e a Coordenadoria Executiva de Cooperação e de Atividades
Especiais (Cecae), mostrando para a sociedade o que desenvolvem
em suas salas de aula e laboratórios.
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