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O
s projetos de administração dos cinco candidatos que concorrem oficialmente à eleição de reitor da USP, marcada para 25 de outubro em primeiro turno e 8 de novembro em segundo, apresentam muitos pontos coincidentes. A bioquímica Suely Vilela, atual pró-reitora de Pós-Graduação; o economista Hélio Nogueira da Cruz, atual vice-reitor; o geógrafo Adilson Avansi de Abreu, atualmente pró-reitor de Cultura e Extensão Universitária; o engenheiro Antonio Marcos Massola, coordenador da Coordenadoria do Espaço Físico (Coesf); e o sociólogo Sedi Hirano, diretor da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH), propõem maior internacionalização da Universidade, o fortalecimento da função social da instituição, a recuperação do papel dos órgãos colegiados, a garantia constitucional de recursos e a busca de novas fontes, federais e internacionais, de financiamento. Os pretendentes à sucessão do reitor Adolpho José Melfi estão empenhados em debater seus programas com a comunidade acadêmica, na capital e nos campi do interior, obedecendo a um calendário que vai até 21 de outubro.

Suely

Se for eleita, Suely Vilela será a primeira mulher a administrar a USP, mas ela prefere que não a olhem pelo gênero, mas pelo que pode fazer pela Universidade. Defende um modelo de gestão dinâmica, buscando resultados. E os resultados pretendidos incluem dar voz ativa aos colegiados (Conselhos Centrais e Conselho Universitário) e também às congregações, de tal modo que possam definir políticas para a instituição e possibilitar maior integração entre as unidades. Defende ainda uma linha de descentralização associada com a desburocratização, com auxílio de uma comissão específica para racionalizar procedimentos administrativos e acadêmicos. Na internacionalização, a professora titular do Departamento de Análises Clínicas, Toxicológicas e Bromatológicas da Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto inclui atividades de extensão, como teleconferências para profissionais do exterior, notadamente da América Latina. Na sua opinião, a USP Leste constitui um modelo de inclusão social, sem recurso a vagas privilegiadas e sem prejuízo do mérito, e os números demonstram isso: 28% dos alunos são da região, 47% provêm da escola pública, 21% são afrodescendentes, 39% vêm de famílias com renda até cinco salários mínimos. Seu projeto sugere também criar um grupo de planejamento estratégico para atuar no ensino médio e sugerir políticas que garantam a permanência do aluno até o final do curso.

Hélio

Hélio Nogueira da Cruz preparou uma carta aberta em que anuncia as razões para entrar na disputa da Reitoria e apresentar uma síntese de seu projeto administrativo. O economista sugere à comunidade uspiana que busque e leia o documento no site da USP (em secretaria geral) e observe que as prioridades estão dispostas em seis itens (ou eixos), sendo que os três primeiros – aprofundar sua trajetória para universidade mundial; aprofundar a inserção acadêmica internacional; aprofundar a integração com a sociedade – explicitam o rumo que a Universidade deve seguir para atingir seus objetivos fundamentais, isto é, resolver os problemas da sociedade através da pesquisa e da geração de conhecimento. Os itens seguintes detalham as estratégias de ação: planejar de forma descentralizada; promover a sustentabilidade econômico-financeira e política; e aprimorar recursos humanos e infra-estrutura. No item relativo à inserção acadêmica internacional, o candidato diz que isso se fará “aprofundando o cosmopolitismo e ampliando o número de docentes, estudantes e pós-doutorandos estrangeiros”. E acrescenta: “Estimularemos a ampliação dos convênios de intercâmbio de professores e alunos de graduação e pós-graduação. Apoiaremos convênios de duplo diploma de graduação.
Transformaremos a USP em núcleo de iniciativas continentais de formação de mestres e doutores. Apoiaremos iniciativas visando à formação de especialistas em países estrangeiros ou regiões do mundo de particular importância para o Brasil. Aprofundaremos os laços com a comunidade acadêmica da América Latina e países de língua portuguesa”.

Avansi

Reformular a relação entre o legislativo da Universidade (os Conselhos Centrais e o Conselho Universitário) e o executivo (a Reitoria) é um dos pontos do projeto administrativo do professor Adilson Avansi de Abreu, por entender que a USP vai bem no campo da pesquisa, mas enfrenta problemas de planejamento a longo prazo. Os planejadores, segundo ele, devem levar em conta o cenário do Brasil daqui a 15 ou 20 anos e para isso deve haver uma definição de diretrizes estratégicas com base nos órgãos colegiados. “Uma gestão reitoral deveria se pautar pela subordinação a um planejamento estratégico de longo prazo”, insiste. Se a Universidade é pública, deve atuar em parceria privilegiada com a esfera pública, particularmente com os órgãos ligados a Secretarias de Estado. E a primeira parceria, segundo Avansi, deve ser com o ensino fundamental e médio, porque isso tem a ver com o acesso do aluno ao ensino superior. O candidato entende que o Conselho Universitário, inovando na metodologia de trabalho, deveria se manifestar sempre, propondo temas relevantes para a Universidade. A constitucionalização dos recursos financeiros para as universidades públicas é outro item que destaca, sugerindo que se adote o sistema que vale para a Fapesp: o destino de uma parcela não só do ICMS, como ocorre hoje, mas de uma parte de toda a carga tributária do Estado, a fim de evitar crises quando a arrecadação desse imposto diminui. Mas é sobre a internacionalização que o candidato faz um discurso mais erudito, referindo-se ao modelo de integração criado na comunidade européia, iniciada há 70 anos com o Processo de Bolonha e a criação da Comunidade do Carvão e do Aço. O modelo europeu valoriza as atividades extraclasse, o ensino de línguas, os diplomas duplos e ainda oferece financiamento às instituições que aderirem a ele. Um exemplo a ser seguido.

Massola

Na sua proposta, o professor Antonio Massola, ex-diretor da Escola Politécnica, diz que considera o cargo de reitor da USP como o de executor das decisões da comunidade, respeitando os anseios e as diretrizes emanadas dos órgãos colegiados centrais. Portanto, acrescenta, “a função do reitor é de coordenação, de integração, mais do que de mando ou poder”. Garante que com esse ponto de vista exerceu cargos executivos na administração central da Universidade nos últimos 20 anos. Considera imprescindível a um plano de gestão ter as metas bem definidas para serem alcançadas. E insiste: “Não julgo correto o reitor definir as metas por sua conta; elas devem refletir o pensamento norteador de toda a comunidade universitária através de projetos considerados desafiadores e que tenham execução bem estabelecida e com condições fixadas”. A seguir, fixa alguns pontos “que devem ser aprimorados nos Conselhos Centrais”: a USP deve manter o seu caráter de referência nacional no ensino e pesquisa e aumentar seu comprometimento com o desenvolvimento da sociedade brasileira (ação já expandida a outros Estados); a Universidade deve ser mais proativa e cooperativa junto a órgãos governamentais, em todos os níveis, e às entidades organizadas da sociedade; o profissional por ela formado, em todos os níveis, deve ter liderança na sua área de conhecimento, com atitude de sempre aprender, e competente no relacionamento humano.

Hirano

O último a se apresentar candidato, Sedi Hirano acredita que seu desempenho à frente da FFLCH, que enfrentava séria crise quando assumiu a diretoria, o credencia a postular o cargo de reitor. Também o move a vontade de valorizar a maior unidade da instituição, a que deu origem a todas as outras. “A USP nasce articulada com a sociedade. Precisamos potencializar essa característica”, diz o professor especializado em Teoria Sociológica Clássica, pregando, como ação mais relevante, a ênfase na pesquisa, que produz conhecimento original e se expande e reverte em benefício da sociedade. Tudo começa, segundo ele, por um bom curso de graduação, e os alunos, assim formados, podem atender inclusive ao mercado. No entanto, Hirano não se entusiasma com o mercado, observando que a Universidade não está para servir a empresas, especialmente quando isso significa monopolizar o conhecimento. Internacionalizar a USP é acentuar um perfil iniciado com a missão francesa, depois italiana e alemã, que formaram uma geração de intelectuais – Florestan Fernandes, Antonio Candido, Octávio Ianni, Francisco de Oliveira, entre outros – cujas obras alcançaram repercussão mundial. O candidato tem experiência pessoal nesse campo, lembrando que ajudou a formar mais de 50 mestres e doutores, e tem orientandos de Harvard (mestrado) e Berkeley (mestrado e doutorado). Na sua opinião, a USP Leste também é um retorno às origens da antiga Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras, que integrava o ensino de ciências e de humanidades.


 

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O Jornal da USP é um órgão da Universidade de São Paulo, publicado pela Divisão de Mídias Impressas da Coordenadoria de Comunicação Social da USP.
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