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s 1.408 eleitores que compareceram às urnas espalhadas por todas as unidades da USP escolheram, na terça-feira da semana passada, dia 25, os oito nomes que vão compor a lista de candidatos ao cargo de reitor da Universidade. A disputa em segundo turno será no dia 8 de novembro. Entre os cinco professores que lançaram candidatura e fizeram campanha, a colocação foi a seguinte: Hélio Nogueira da Cruz obteve 659 votos; Suely Vilela, 645 votos; Antonio Marcos de Aguirra Massola, 490 votos; Adilson Avansi de Abreu, 366 votos; e Sedi Hirano, 155 votos.

No primeiro turno, todos os professores titulares podiam ser votados. Dos cerca de 700 professores titulares existentes na USP, 142 receberam pelo menos um voto. Os três com maior número de sufrágios completam a lista de oito candidatos para o segundo turno. São eles: Francisco Antonio Rocco Lahr, diretor da Escola de Engenharia de São Carlos (EESC), que teve 28 votos; Walter Colli, do Instituto de Química (IQ), com 27 votos; e Marcos Cortez Campomar, diretor da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade de Ribeirão Preto (Fearp), com 16 votos. Campomar teve o mesmo número de votos de Ricardo Toledo e Silva, da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU), mas ficou à frente por ter maior tempo de carreira docente na USP – 30 anos, contra 26 de Toledo e Silva.

Para Marcos Campomar e Francisco Rocco Lahr, que não lançaram candidatura nem fizeram campanha, a indicação foi uma surpresa. “Eu já havia ficado em nono lugar quando da eleição de Jacques Marcovitch (em 1997), e naquela época também fui surpreendido”, diz o diretor da FEA de Ribeirão Preto. Campomar declarou seu voto no primeiro turno e diz que essa postura aberta e direta, sempre na defesa de posições definidas, pode ter influenciado as pessoas que escolheram seu nome. Já o professor Rocco Lahr atribui os votos a pessoas de diferentes campi que o conheceram especialmente nos últimos 14 anos, período em que tem trabalhado de forma mais intensa nos órgãos centrais da USP. “Sinto-me como um coadjuvante nesse processo que tem cinco protagonistas, todos de grande mérito e qualidade”, diz. Ambos garantem que não aspiram à Reitoria, não farão campanha e manterão no segundo turno o voto dado no primeiro. O professor Walter Colli, que integra a comissão eleitoral deste ano, não foi localizado pela reportagem para se manifestar sobre a indicação.

O colégio eleitoral é composto, no primeiro turno, pelos integrantes do Conselho Universitário e dos Conselhos Centrais e os representantes das congregações. Das 1.658 pessoas aptas a votar, compareceram 1.408, uma abstenção de pouco mais de 15%. O alto número de votos em branco é explicado pelo fato de que cada eleitor podia optar por até três nomes. Muitos preferiram escolher apenas um candidato, e portanto, eram computados dois votos em branco nessas cédulas.

Cenário diferente

O dia de votação, que se estendeu das 9h às 13h em 38 locais – as 37 unidades da USP na capital e no interior e a Reitoria, em São Paulo –, transcorreu de forma tranqüila e sem incidentes. Um mandado de segurança impetrado pela Associação dos Docentes da USP (Adusp) pedia a suspensão do pleito, mas a liminar foi negada pela Justiça (leia o texto na página seguinte). Para o reitor Adolpho José Melfi, que votou logo cedo e conversou com a reportagem da Rádio USP, o pleito reproduzia o clima de todo o processo eleitoral, “que foi conduzido em alto nível, com os candidatos participando ativamente dos debates em muitas unidades”.

A apuração se iniciou por volta de 19 horas, na Reitoria, depois do recebimento das urnas vindas do interior. À medida que as urnas chegavam e eram conferidas, todas as cédulas iam sendo misturadas numa grande caixa, de modo que não era mais possível saber a que unidade pertenciam. Foram montadas quatro mesas apuradoras, cada uma recebendo mais de 300 cédulas. O anúncio do resultado final foi feito pouco depois das 22 horas e ficou a cargo do presidente da comissão eleitoral, professor Antonio Junqueira de Azevedo, da Faculdade de Direito.

A partir de agora, o cenário da eleição muda bastante, a começar pelo tamanho do colégio eleitoral. No segundo turno, votam somente os membros do Conselho Universitário e dos Conselhos Centrais, num total de cerca de 290 pessoas. A listagem dos eleitores está disponível na página eletrônica da Secretaria Geral da USP (www.usp.br/sg). A lista ainda não é definitiva, mas será atualizada até poucos dias antes da eleição. O sorteio da ordem dos nomes na cédula será realizado na terça-feira, dia 1º. Na terça da semana que vem, dia 8, a votação se estenderá das 13h30 até as 14h30, exclusivamente na Reitoria, em São Paulo.

Para integrar a lista tríplice a ser encaminhada ao governador Geraldo Alckmin, que indicará o novo reitor, o candidato deve obter maioria absoluta – ou seja, metade mais um dos votos. Se não houver três nomes nessa condição, será realizado um segundo escrutínio, com início dez minutos após a proclamação do resultado do escrutínio anterior, também obedecendo à necessidade de maioria absoluta. Caso seja necessário um terceiro escrutínio, a escolha do(s) nome(s) restante(s) para a lista tríplice será feita com qualquer votação.

 


Hélio Nogueira da Cruz, Suely Vilela, Antonio Marcos de Aguirra Massola, Adilson Avansi de Abreu e Sedi Hirano: os mais votados no primeiro turno das eleições para a Reitoria da USP


Avaliação


Na visão dos professores que lançaram candidatura, o segundo turno representa praticamente uma nova eleição, que levará a novas composições na busca pelos votos. Ainda assim, para o professor Vahan Agopyan, diretor da Escola Politécnica da USP, “o primeiro turno é uma medição importante, pois verifica a popularidade e a ascendência dos candidatos entre um grande número de eleitores, dando, portanto, uma boa visão do que a maioria da comunidade uspiana pensa a respeito deles”.
O mais votado no primeiro turno, o vice-reitor Hélio Nogueira da Cruz, afirmou estar satisfeito com o resultado e agradeceu à comunidade que o apoiou. “O segundo turno é um outro colégio eleitoral e temos que nos preparar para essa nova frente. Estamos muito dispostos a lutar nessa nova batalha”, diz.

Para a pró-reitora de Pós-Graduação, professora Suely Vilela, sua votação – pela qual também agradeceu – expressa o seu “comprometimento com a Universidade de São Paulo”. “O segundo turno é um outro momento, é uma outra eleição. Vamos dar continuidade ao trabalho para começar a buscar os votos.”

O professor Antonio Marcos de Aguirra Massola, coordenador da Coordenadoria do Espaço Físico da USP (Coesf), afirma não ver “prós nem contras” no resultado do primeiro turno. “Foi a manifestação de um colégio eleitoral que certamente levou em consideração o que viu em cada candidato”, pondera. Massola também acredita que o segundo turno é uma eleição diferente e espera que o eleito receba o apoio dos demais candidatos.

O pró-reitor de Cultura e Extensão Universitária, professor Adilson Avansi de Abreu, preferiu não se manifestar mais concretamente sobre o resultado. “Uma coisa são os números brutos, outra é ver a maneira como eles foram articulados. Vou primeiro avaliá-los para depois me posicionar”, disse.

O diretor da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH), Sedi Hirano, havia viajado para um congresso em Caxambu (MG) e não foi localizado pela reportagem. Até o fechamento desta edição, não havia sido confirmada a possibilidade de realização de debates para o segundo turno.



Tempo de eleição: no dia 25 de outubro, eleitores votaram na Reitoria e nas unidades, a fim de escolher os oito candidatos que disputarão o segundo turno das eleições para reitor da USP, marcado para 8 de novembro


“O mínimo necessário”

Esta é a íntegra da sentença do juiz Marcos Pimentel Tamassia, sobre o pedido de liminar impetrado pela Associação dos Docentes da USP (Adusp).
“O artigo 207 da Constituição Federal assegura às universidades a autonomia administrativa. Dessa forma, mesmo hipoteticamente, lei ordinária federal alguma poderia impor à autarquia Universidade de São Paulo minúcias a respeito de seu processo eleitoral de escolha do reitor, em especial prescrevendo regras em desacordo com o que determina o Regimento da Universidade. Tal matéria tampouco estaria compreendida na competência da União para legislar sobre diretrizes e bases da educação.

Mesmo que assim não fosse, a redação do artigo 56, parágrafo único, da LDB, demonstra que a percentagem de 70% de docentes nos órgãos colegiados e comissões é a mínima necessária para assegurar a observância do princípio da gestão democrática. Dessa forma, o Regulamento da USP e o corrente processo eleitoral parecem estar de acordo com o artigo 206 da Constituição Federal, artigo 254, inc. II, da Carta Paulista e artigo 56 e parágrafo único da Lei 9.394/96, tendo sido recepcionado pelos mencionados diplomas legais.

Alem disso, o ato administrativo ora impugnado está amparado por presunção de legitimidade e legalidade, não indicando a inicial elementos que possam reverter tal presunção, conforme o acima exposto.

Denego, pois, a liminar.
Notifique-se a autoridade coatora para que preste as necessárias informações no prazo legal.
Posteriormente, remetam-se os autos ao Ministério Público.
São Paulo, 25 de outubro de 2005
Marcos Pimentel Tamassia, juiz de Direito.”


Francisco Rocco, Walter Colli e Marcos Campomar: escolhidos para compor a lista dos oito reitoráveis


Juiz nega liminar para suspender votação

O juiz Marcos Pimentel Tamassia negou no dia 25 o pedido de liminar impetrado pela Associação dos Docentes da USP (Adusp), que solicitava a suspensão do processo eleitoral na Universidade. A decisão de contestar a eleição na Justiça foi tomada por assembléia geral da Adusp no dia 20.

A associação sustenta que a composição do colégio eleitoral desrespeita o índice de participação de docentes previsto na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), de 70%. No segundo turno, cerca de 85% dos eleitores são professores, na maioria titulares. A partir do recebimento da notificação do mandado de segurança, no dia 21, a Procuradoria Geral da USP encaminhou à Justiça as informações sobre os procedimentos eleitorais. Na sentença, o juiz afirma que “a redação do artigo 56, parágrafo único, da LDB demonstra que a percentagem de 70% de docentes nos órgãos colegiados e comissões é a mínima necessária para assegurar a observância do princípio da gestão democrática” (leia ao lado a íntegra da sentença).

As entidades de docentes, funcionários e estudantes também utilizaram outras formas de manifestação em relação ao pleito, o que se materializou, por exemplo, em votos de protesto destinados a nomes como o professor Florestan Fernandes, falecido em 1995. Esses votos foram anulados. Um dos dirigentes do Diretório Central dos Estudantes (DCE), Rodolfo Vianna, reiterou que uma assembléia estudantil aprovou indicativo de anulação de voto para os representantes discentes na eleição, por entender que o processo é “ilegítimo” e não corresponde à compreensão de “gestão democrática” defendida pela entidade.

Na Faculdade de Odontologia de Bauru (FOB), foi realizada, no dia 24, uma consulta prévia envolvendo funcionários e estudantes, num total de 210 eleitores. O candidato mais votado na consulta foi o indicado para receber o voto dos representantes das categorias no primeiro turno. De acordo com José Roberto Brejão, representante dos servidores não-docentes, a iniciativa é uma forma de proporcionar “direito à manifestação” àqueles que não integram o colégio eleitoral.

 

 

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O Jornal da USP é um órgão da Universidade de São Paulo, publicado pela Divisão de Mídias Impressas da Coordenadoria de Comunicação Social da USP.
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