O professor Franco Maria Lajolo, da Faculdade de Ciências
Farmacêuticas (FCF), encabeça a lista tríplice
para o cargo de vice-reitor da USP. No primeiro escrutínio
da eleição, realizada em reunião extraordinária
do Conselho Universitário na tarde do dia 14 passado, na
Reitoria da USP, Lajolo recebeu 166 votos, contra 109 do segundo
colocado, professor Luiz Nunes de Oliveira, do Instituto de Física
de São Carlos (IFSC). Dos 300 integrantes do colégio
eleitoral membros do Conselho Universitário e dos
Conselhos Centrais da USP , votaram 257. Os estudantes de
graduação decidiram em assembléia não
participar do processo, assim como os representantes dos funcionários.
Os alunos da pós-graduação não tinham
orientação definida: alguns votaram e outros não
compareceram.
Para entrar na lista tríplice, era necessário alcançar
maioria absoluta, ou seja, 129 votos. Todos os professores titulares
em atividade na USP podem ser indicados ao cargo, mas apenas Lajolo
e Nunes assumiram a candidatura e fizeram campanha. Como participei
do processo de elaboração do programa e das idéias
da professora Suely Vilela, a Universidade votou num afinamento
entre reitora e vice-reitor, disse Franco Lajolo logo após
a apuração do primeiro escrutínio. Isso
mostra o acerto do projeto e das medidas iniciais que a gestão
começa a tomar, e vamos estar juntos para ajudar nesse caminho
(leia ao lado a opinião do professor sobre outros temas da
Universidade).
A exemplo da escolha do reitor, a do vice também é
feita pelo governador do Estado a partir de uma lista tríplice
encaminhada após o pleito na Universidade. O processo eleitoral
teve continuidade com a segunda votação, na qual Luiz
Nunes de Oliveira recebeu 141 votos. Um terceiro escrutínio,
em que não há necessidade de maioria absoluta, foi
realizado para completar a lista, e o professor Alberto Carlos Amadio,
da Escola de Educação Física e Esporte (EEFE),
foi o mais votado, recebendo 56 indicações. Pró-reitor
de Pesquisa na gestão de Adolpho Melfi (2001-2005), Nunes
de Oliveira afirmou que estará à disposição
da reitora para qualquer atividade que ela precisar. Para
ele, o professor Franco Lajolo é uma pessoa que merece
o maior respeito da Universidade. Tenho certeza de que
fará um excelente trabalho, e já disse isso diretamente
a ele, concluiu.
A
votação na Reitoria, no dia 14: Lajolo obteve 166
votos em primeiro turno, obtendo o primeiro lugar na lista tríplice
Integração
Para Suely Vilela, o período em que vem trabalhando sem vice
o mandato do anterior, Hélio Nogueira da Cruz, encerrou-se
no dia 17 de dezembro do ano passado mostrou que é
muito difícil gerenciar e atender a todas as demandas da
Reitoria sozinha. O fato de o professor Lajolo ter participado
da elaboração do programa da gestão, acredita,
favorecerá a integração e a realização
de um trabalho conjunto. A reitora delegará ao vice a liderança
do debate sobre as fundações de apoio na Universidade,
além da continuidade do comando da Comissão Permanente
de Avaliação (CPA) e de um papel importante no Grupo
de Planejamento Estratégico, cuja estruturação
está a cargo do professor Glaucius Oliva, do IFSC.
Suely Vilela também defende mudanças na escolha de
reitor e vice, que poderiam ser eleitos por chapa. Esse é
um dos temas sobre os quais deve se debruçar a comissão
formada para discutir mudanças no Estatuto da USP. Na tarde
da quarta-feira da semana passada, dia 15, a reitora entregou a
lista tríplice ao secretário estadual de Ciência
e Tecnologia, João Carlos de Souza Meirelles. Até
o fechamento desta edição, o nome do novo vice-reitor
ainda não havia sido confirmado pelo governo.
Currículo
Franco
Maria Lajolo é graduado em Farmácia e Bioquímica
pela USP, onde também realizou o doutorado em Ciências
dos Alimentos. Concluiu seu pós-doutorado no Massachusetts
Institute of Technology, nos Estados Unidos. É professor
titular desde 1977 na área de Ciência e Tecnologia
dos Alimentos. Já foi pró-reitor de Pós-Graduação,
entre 1992 e 1993, diretor da FCF e presidente da Comissão
de Atividades Acadêmicas do Conselho Universitário,
de 2002 a 2005.
Suas linhas de pesquisa abordam as proteínas, a bioquímica
e a biologia molecular do amadurecimento das frutas e os chamados
alimentos funcionais. Em 2001 Lajolo recebeu o prêmio André
Tosello, da Sociedade Brasileira de Ciência e Tecnologia de
Alimentos (SBCTA). O professor também coordena a Comissão
de Alimentos Funcionais da Agência Nacional de Vigilância
Sanitária, ligada ao Ministério da Saúde, e
é conselheiro nato da SBCTA, que já presidiu entre
1995 e 1998.
Unidades
devem ter retorno sobre avaliação
Logo
após ter seu nome confirmado como mais votado no primeiro
escrutínio da eleição do dia 14, o professor
Franco Lajolo concedeu uma breve entrevista ao Jornal da USP,
cujos principais trechos estão a seguir:
Jornal
da USP O senhor defende que o vice-reitor tenha
um papel mais ativo na administração central?
Franco Lajolo O vice já tem um papel
ativo dentro da equipe de gestão da Universidade. A
reitora e o vice são importantes canais de comunicação
com toda a comunidade universitária e dividem tarefas,
embora algumas delas caibam especificamente ao vice. A idéia
é termos uma equipe em que todos se envolvem como um
time.
JUSP
A liderança da CPA será uma de suas prioridades?
Lajolo A coordenação da CPA é
uma das atribuições do vice-reitor. A avaliação
institucional já foi feita pela segunda vez na Universidade,
e futuramente será planejado o terceiro ciclo. A curto
prazo, a reitora quer que se dê resposta a esse processo.
A avaliação foi feita, temos os planos de metas
e as necessidades das unidades, e agora vamos procurar dar
resposta a esses anseios. Na pós-graduação,
a Universidade não deve estar atrelada apenas à
Capes, mas deve ter também suas metas e sua visão
interna. A graduação também pode ter
uma avaliação mais ampla, que vá além
da departamental.
JUSP
Quais são as suas outras prioridades?
Lajolo Uma questão que me é muito
cara é a integração da Universidade.
Vários centros e atividades ainda não estão
muito articulados. Na minha área, por exemplo, temos
muita gente na área de alimentos e de nutrição
esparsa por várias unidades, e com isso perde-se a
capacidade de geração de pesquisas significativas
e formação de mais alunos. Poderíamos
integrar todas essas ações até de forma
virtual. Fazemos muito mais redes para fora da Universidade
do que para dentro. Esse é um dos pontos importantes
para a gestão da professora Suely, ao lado de outras
que já começam a ser implementadas, como a internacionalização,
o debate sobre a inclusão social, a desburocratização,
o auxílio para os professores que estão iniciando,
o novo tratamento para a Secretaria-Geral etc.
JUSP
O fato de o senhor ser da área da farmácia,
assim como a reitora, pode ser considerado uma saudável
coincidência?
Lajolo Eu poderia fazer uma piada dizendo que
sem farmacêutico não há remédio.
Na verdade, tive um percurso mais suprapartidário
na Universidade: estive, por exemplo, na Pró-Reitoria
de Pós-Graduação, na Comissão
Especial de Regimes de Trabalho e na Comissão de Atividades
Acadêmicas. As minhas posições nos cargos
administrativos, assim como as da professora Suely, sempre
foram a favor da Universidade, tratando-a com toda a importante
pluralidade que ela tem. A Universidade
já enxerga além das
questões corporativas.
JUSP
Uma das atribuições que a reitora
disse que daria ao vice seria coordenar a elaboração
de um marco regulatório sobre as fundações
de apoio na USP. Qual a sua opinião sobre elas?
Lajolo Acredito que a discussão sobre
as fundações foi feita de maneira muito emocional.
Devemos retomá-la de forma técnica. Temos que
manter o que há de bom nas fundações
e eliminar o que há de ruim. Elas precisam trabalhar
dentro das regras da legislação estadual, dentro
da ética da Universidade, sempre pensando em trazer
o que é privado para o público, e não
vice-versa
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