PROCURAR POR
 NESTA EDIÇÃO
  

 




 

 

 

 

 

 

 

 

 

O livro Saúde e condição de vida em São Paulo, lançado no dia 27 de abril, na Faculdade de Saúde Pública (FSP) da USP, divulga os dados obtidos no Inquérito Multicêntrico de Saúde no Estado de São Paulo (ISA-SP), realizado por uma equipe de pesquisadores das universidades públicas paulistas (USP, Unesp e Unicamp) e da Secretaria de Estado da Saúde. A pesquisa avaliou as condições de vida, situação de saúde e uso de serviços de saúde da população de São Paulo, baseando-se em entrevistas com 6.819 pessoas entre 2001 e 2002. As informações das várias áreas temáticas foram analisadas segundo as condições socioeconômicas dos entrevistados.

O cruzamento dos dados forma um rico painel da saúde no Estado, enfocando questões como tabagismo, obesidade, hábitos alimentares e sedentarismo, sob recortes de gênero, religião, escolaridade etc. Na região metropolitana foram estudados os distritos de saúde do Butantã e a área formada pelos municípios de Taboão da Serra, Embu e Itapecerica da Serra. No interior, os municípios de Campinas e de Botucatu. Os resultados completos do ISA-SP, além de dados sobre outra pesquisa semelhante realizada apenas na cidade de São Paulo, estão disponíveis para consulta no site www.fsp.usp.br/isa-sp.

O epidemiologista Chester Luiz Galvão César, diretor da FSP e um dos autores do livro, explica que os resultados do ISA-SP vêm sendo utilizados em processos de planejamento e avaliação de serviços de saúde e na formação de recursos humanos. “Hoje há entre 15 e 20 teses em elaboração sobre temas levantados na pesquisa, nas três áreas estudadas. Mas, como nos trabalhos acadêmicos as questões levantadas geralmente são pontuais, resolvemos organizar o inquérito em livro. A disposição nesse formato nos dá a possibilidade de uma visão ampla e integral”, diz o diretor.

Cigarro e escolaridade – “Há dados que chamam a atenção, como no caso do tabagismo: mais de 80% dos fumantes paulistas adquiriram o vício do tabaco durante a adolescência. Mais de 30%, antes dos 15 anos”, afirma o professor. O inquérito é um verdadeiro retrato da saúde paulista. O tabagismo aumenta na medida em que cai a escolaridade. Os fumantes correspondem a 24% dos entrevistados. Mas, entre as pessoas com condições de moradia precárias, o índice sobe para 50%. Pessoas separadas fumam mais que as casadas.

Em relação à atividade física, foi constatado que as mulheres e indivíduos com menos escolaridade são mais ativos no cotidiano. Mas os homens com mais escolaridade praticam mais esportes. O sedentarismo é alto: mais de 50% entre os homens e 60% entre as mulheres. A ingestão de frutas e verduras é muito mais alta nas famílias cujo chefe tem maior escolaridade. Apenas 4% do universo pesquisado tem alimentação considerada saudável.

Na seção sobre estado de saúde, o destaque são os dados sobre obesidade. O problema atinge em torno de 7% dos solteiros. Sobe para 17% entre os casados. Não há diferença considerável entre homens e mulheres desses grupos. Mas, entre os separados, a obesidade cai para menos de 6% entre os homens e sobe para mais de 20% entre as mulheres. Mulheres e homens católicos têm prevalência de obesidade semelhante: em torno de 12,5%. Já entre os evangélicos, o mesmo nível se mantém entre os homens, mas as mulheres evangélicas são mais obesas: 21,6%.

Planejamento – O diretor da FSP destaca que esse tipo de pesquisa epidemiológica é muito demorado – leva um ano para a coleta e mais um para processamento dos dados. Mas pode-se considerar como recente uma pesquisa com dados obtidos em 2002, já que as mudanças são muito lentas nesses aspectos de saúde pública, como estilo de vida, mortalidade, morbidade e padrão de uso de serviços.

“Esse tipo de inquérito, nos países desenvolvidos, é muito usado para se fazer comparações com estudos periódicos e cruzar dados a longo prazo. É fundamental também para se planejar serviços e investimentos em rede básica de saúde e hospitais”, diz Chester César.

O trabalho foi financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), por meio do Programa de Pesquisa em Políticas Públicas, tendo como instituição parceira a Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo, que participou também com recursos financeiros.

 

ir para o topo da página


O Jornal da USP é um órgão da Universidade de São Paulo, publicado pela Divisão de Mídias Impressas da Coordenadoria de Comunicação Social da USP.
[EXPEDIENTE] [EMAIL]