Na
quarta reunião de negociação salarial entre
o Conselho de Reitores das Universidades Estaduais Paulistas (Cruesp)
e o Fórum das Seis – que integra os sindicatos de docentes
e funcionários da USP, Unesp e Unicamp –, na quinta-feira
da semana passada, dia 1º, na Reitoria da USP, não foi alterada
a proposta de reajuste salarial apresentada anteriormente pelos
reitores. O reajuste é de 2,55% – porcentual correspondente
à inflação dos últimos doze meses medida
pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas
(Fipe) –, dividido em duas parcelas, sendo a primeira, de
0,75%, já incorporada aos salários de maio. A segunda,
de 1,79%, será paga em setembro e terá retroatividade
a maio caso a arrecadação do Estado chegue a R$ 40,6
bilhões.
“Os reitores da Unesp e Unicamp falaram de suas dificuldades
e reafirmaram que não há condições de
alterar a proposta em função do comprometimento orçamentário
com folha de pagamento”, explica a reitora da USP e presidente
do Cruesp, Suely Vilela. Para a professora, os números de
maio apontam para “um cenário positivo” em termos
da arrecadação do Imposto sobre Circulação
de Mercadorias e Serviços (ICMS) do Estado.
De acordo com João Zanetic, segundo vice-presidente da Associação
dos Docentes da USP (Adusp), “esperávamos que o Cruesp
saísse dos 0,75% e viesse com uma proposta que contemplasse
mais proximamente as nossas reivindicações”.
O Fórum defende um reajuste de 7%. Zanetic diz que a proposta
do Cruesp já foi rejeitada pelas categorias. “As próximas
assembléias devem manter a rejeição e articular
a greve nas três universidades”, afirma.
O indicativo da coordenação dos sindicatos é
de paralisação das categorias por tempo indeterminado
a partir desta quinta-feira, dia 8. Em relação ao
assunto, a reitora Suely Vilela salienta que vários temas
da pauta específica do Sindicato dos Trabalhadores da USP
(Sintusp) já foram encaminhados, como o reajuste de benefícios
anunciado no dia 24 de maio (auxílio-alimentação,
auxílio-creche e vale-refeição para as unidades
em que não há bandejão). “As demais reivindicações
estão sendo tratadas de forma setorizada”, diz. “Obviamente
que o diálogo está sempre aberto, mas como presidente
do Cruesp preciso defender as posições do conselho.”
Orçamento – Uma nova reunião de negociação
está marcada para esta quinta-feira, dia 8. Cruesp e Fórum
das Seis seguirão debatendo o reajuste salarial, mas o tema
central da pauta deve ser a tramitação da Lei de Diretrizes
Orçamentárias (LDO) de 2007 na Assembléia Legislativa.
O Fórum já encaminhou emenda aos deputados na qual
pede o aumento da cota-parte para manutenção das universidades
de 9,57% para 11,6% do ICMS, além de 2,1% para o Centro Paula
Souza – que mantém as 26 Faculdades de Tecnologia (Fatecs)
e 125 Escolas Técnicas (ETEs) do Estado. A entidade também
reivindica a destinação de 33% da receita de impostos
de São Paulo para a educação em todos os níveis.
“A situação grave em que estamos no Brasil é
que a educação é um direito social que está
sendo cassado”, diz o coordenador do Fórum e primeiro
vice-presidente da Adusp, Francisco Miraglia.
No projeto de lei enviado à Assembléia, o governador
Cláudio Lembo manteve o índice de 9,57% para as universidades.
O Cruesp encaminhou em abril um ofício ao governo do Estado
no qual defende o aumento do repasse para 10,0339%. Na reunião
da semana passada, os reitores aventaram a possibilidade de elevar
a solicitação para um índice de 11,19%, considerando
o custo da expansão de vagas no ensino superior público
e a incorporação das faculdades isoladas (leia o texto
ao lado). O Cruesp também quer que o governo do Estado assuma
a parcela correspondente aos inativos, cujos proventos atualmente
saem do orçamento das universidades. Os deputados vão
debater temas ligados à educação na audiência
pública da Comissão de Finanças e Orçamento,
no dia 14, e no seminário sobre financiamento da educação
pública, no dia 21. O prazo para encaminhamento de emendas
à LDO vai até 19 de junho.
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