Internacionalizar e criar mecanismos efetivos de cooperação à pesquisa
na USP é uma das metas da Pró-Reitoria de Pós-Graduação.
No 3o Seminario Iberoamericano de Posgrado de la Rede Iberoamericana
de Estudios de Posgrado, realizado no Panamá entre os dias
4 e 5 de setembro, foram determinadas as diretrizes básicas
para o funcionamento da rede, ampliando a interlocução
entre os pró-reitores e as universidades participantes.
A rede é formada pelos pró-reitores de Pesquisa e
Pós-Graduação de universidades ibero-americanas.
Além do Brasil, estiveram presentes pró-reitores
e representantes de Chile, Cuba, Colômbia, Costa Rica, Venezuela,
México, Panamá, Peru, Espanha e Guatemala. Em 2007
a USP sediará o quarto seminário.
O foco principal do evento, que deu origem a essas reuniões, é a
tentativa de colocar espaços disciplinares entre as universidades.
Segundo o pró-reitor de Pós-Graduação
da USP, Armando Corbani Ferraz, a rede pretende criar mecanismos
de interlocução através de áreas temáticas
entre as universidades. “Definimos algumas áreas de
interesse de imediato entre as universidades e cada uma se disponibilizou
a trabalhar dentro delas. A idéia é compartilhar
experiências dos docentes para ter uma colaboração
ibero-americana para as pesquisas.”
Saúde e produção animal, estudos latino-americanos
e geografia foram as três primeiras áreas de conhecimento
estabelecidas para o início da cooperação
entre os países. De acordo com Corbani, a USP está participando
das três áreas. Cada tema é uma rede disciplinar
associada, que tem uma coordenação e um grupo de
trabalho, envolvendo o programa de pós-graduação
de cada universidade associada à rede. “Estamos iniciando
os diálogos para nos articularmos, conversarmos e trocarmos
experiências, formando um modus operandi”, ressalta.
Cabe a cada grupo de pesquisa montar estruturas de cooperação
internacional, o que inclui levar em consideração
a mobilidade dos docentes e estudantes, como também captar
recursos para a realização de tudo isso. Corbani
comenta que a idéia é ter financiamento completo
para que se possa ter recursos para o translado dos docentes e
estudantes, diárias, hospedagem e, além disso, promover
pesquisas dentro desses grupos. “Queremos formar uma rede
não só de capacitação, mas também
com recursos próprios. Criaremos uma certa base instalada
no local com financiamento para o grupo de pesquisa, que pode ser
através de organismos de fomento locais ou internacionais.
A abrangência do projeto é muito grande.”
Corbani: ampliar a excelência |
Bolsa-sanduíche – A USP já possui dois tipos
de programas de pós-graduação que trabalham
com a internacionalização das pesquisas. São
o programa de co-tutela e a bolsa-sanduíche. O primeiro é realizado
com França e Itália, sendo mais correto chamá-lo
de co-diplomação. Nesse caso o estudante de doutorado
estagia no Brasil ou em um daqueles países, por um período
aproximado de um ano, contando com um orientador aqui e outro no
país parceiro. Para isso existe um convênio, que associa
o projeto de sua tese de doutorado com as regras existentes. O
diploma é emitido nas duas universidades envolvidas, com
validade nacional dos dois diplomas. Corbani comenta que esse tipo
de convênio também está sendo estudado para
ser implementado em toda a Rede Ibero-americana de Estudos de Pós-Graduação. “Esse é um
tipo de cooperação que podemos tentar fazer também
dentro do espaço da rede. O único cuidado que tem
que se ter é a reciprocidade integral. Além disso,
as universidades e os grupos associados têm que ser de mesmo
nível de qualidade institucional.” Outro tipo de programa mais comum é a bolsa-sanduíche.
O estudante de doutorado faz estágio em outro país
num período de 6 meses a 1 ano, em cooperação
com outro grupo de pesquisa num país que tenha associação
complementar com a área da pesquisa. A palavra-chave é a
complementação das pesquisas realizadas em outros
países, comenta Corbani. “Essa bolsa é muito
mais fácil, não envolve a complexidade da emissão
de um diploma. No caso o pós-graduando estará somente
cooperando com um grupo de pesquisa, volta ao país de origem
e termina seu trabalho na universidade. Não é emitido
nenhum diploma para isso. O que vale é a troca de experiências.”
Na análise do pró-reitor de Pós-Graduação,
a cooperação que a rede está começando
a criar vai dar uma grande mobilidade às pesquisas de todos
os países envolvidos. “A USP vai ficar muito transparente
para o ambiente ibero-americano e a nossa internacionalização
ficará cada vez melhor. Na verdade, quando se coloca a Universidade
num espaço desse, está-se disponibilizando a pesquisa
científica instalada nas nossas unidades para ser realizada
de forma cooperativa, com os países ibero-americanos”,
explica.
Mas, para que essa cooperação se dê de forma
plena, é preciso alguns ajustes na questão dos créditos
das disciplinas. Há universidades que aceitam os créditos
realizados tanto em disciplinas quanto em outras atividades, mas
existem instituições que não aceitam completamente
isso. “A intenção é construir essa rede
de cooperação sem infringir a autonomia de cada uma
das entidades envolvidas, de cada um dos programas. Não é uma
tarefa fácil, mas já se avançou muito”,
reflete Corbani.
A USP, nesses casos de cooperação internacional, é uma
instituição muito maleável, segundo o pró-reitor. “Aceitamos
integralmente os créditos das disciplinas quando temos convênios
realizados de co-tutela. Quando os convênios são de
participação do estudante em bolsa-sanduíche,
a nossa legislação já permite a aceitação
de 20% dos créditos a serem realizados fora do programa.”
A busca por uma maior aproximação da USP com outras
instituições de ensino superior ibero-americanas
tem como meta mostrar a capacidade que a Universidade tem para
trabalhar num ambiente internacional de qualidade. Corbani explica
que a USP atingiu um patamar, depois de muitos anos de trabalho,
em que ela se expõe de forma mais abrangente internacionalmente. “Na
classificação dos rankings internacionais, a USP
desponta como a primeira universidade latino-americana. Isso traz
responsabilidades. Temos que demonstrar que podemos estar nesse
ambiente internacional com as nossas pesquisas. Uma vez que se
aparece nas estatísticas, não é para diminuir
o nível alcançado, mas sim buscar a excelência.
Todos os nichos têm que ser procurados”, acrescenta.
Para isso a USP tem duas tarefas pela frente, segundo o pró-reitor.
Uma delas é manter uma relação de proximidade
já construída ao longo do tempo com os países
que desenvolvem maciçamente a ciência, como é o
caso dos Estados Unidos e dos países da Europa. A outra
tarefa é a proximidade com países em desenvolvimento. “Temos
que melhorar nossa proximidade de cooperação”,
diz. “Ela ainda representa apenas 3% dos estudantes na pós-graduação.”
Para que se aumentem as pesquisas em cooperação internacional,
a primeira medida tomada pela Pró-Reitoria de Pós-Graduação
será incentivar os grupos de pesquisa para que se articulem
internamente e comecem a procurar fundos para essa ação.
Para isso será disponibilizada aos diretores de unidades,
presidentes de comissões e coordenadores de programa uma
relação de organismos nacionais e internacionais
de fomento à pesquisa e mobilidade de professores e alunos.
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