Quando
Cindy Lumi Taguchi, 9 anos, estudante da 4a série do Colégio
Dumont Villares, começou a imaginar como seria a França,
o seu pensamento foi atravessando devagarinho o oceano. “A
professora de artes havia pedido para fazer um desenho com o tema ‘Eu
imagino Lyon, eu imagino Rhône-Alpes, eu imagino a França’.
Pensei em tantos lugares bonitos, como a Torre Eiffell e o Arco
do Triunfo, que tinha visto nas fotografias. Mas aí imaginei
que em Rhône-Alpes deveria ter uma natureza linda, com um
céu muito azul, árvores e campos verdes. Pintei uma
paisagem. E o meu desenho foi um dos escolhidos para viajar para
a França. E agora está de volta ao Brasil.”
O estudante Stallone Alves Pereira, 16
anos, também observava
o vidro de perfume que pintou. “Eu nem acredito estar vendo
o meu desenho nesta exposição. Bem que sonhei em
ir com ele para Lyon, mas não deu. Imagino tantas coisas
bonitas sobre a França, mas resolvi criar algo que simbolizasse
a elegância da sua cultura. Aí fiz este perfume com
uma miniatura da torre Eiffel dentro do vidro.” Stallone
estuda no Colégio Pedro Fernandez, de Porto Feliz (SP). “Esse
desenho é o meu primeiro que vai para fora do Brasil. E é um
grande incentivo para me dedicar à arte.”
Com orgulho, Cindy, Stallone e outros
estudantes de São
Paulo e do interior do Estado viram, na manhã do dia 28
de outubro, sábado, os seus desenhos expostos e premiados
no teatro do Colégio Santa Cruz, no bairro de Pinheiros,
em São Paulo. A mostra é o resultado de um evento
muito especial que teve início em junho do ano passado,
integrando as comemorações do Ano do Brasil na França.
E mobilizou alunos de cerca de 32 escolas do ensino fundamental
e médio.
Esse projeto é uma iniciativa da Maison de L’Amerique
Latine em Rhône-Alpes (Malra), e teve como meta estimular
a participação de crianças brasileiras e francesas
na integração entre os dois países através
da arte. Ou seja, foi solicitado às escolas do Brasil para
que estimulassem os seus alunos a desenharem a França dos
seus sonhos. Só a Escola de Aplicação da USP
enviou cerca de 150 trabalhos, que se juntaram a outros 1.500 desenhos. “Os
estudantes pintaram uma França cheia de luz. A França
da gastronomia, da moda, dos perfumes, do Museu do Louvre, da Torre
Eiffel. Porém, com a descontração e o bom
humor próprios da gente brasileira”, explica Olga
Miranda, uma das coordenadoras desse evento no Brasil. “Os
jovens artistas também não se esqueceram do Pequeno
Príncipe de Saint- Exupéry e do cinema dos irmãos
Lumière, que são personagens nascidos em Lyon.”
Ao mesmo tempo em que os estudantes brasileiros
sonhavam e desenhavam, na França os estudantes da mesma idade imaginavam o Brasil.
E conseguiram captar e expressar a alegria da paisagem da floresta
amazônica com tucanos, macacos, índios. Também
demonstraram a sua vontade de conhecer o Rio de Janeiro, pintando
o Cristo Redentor, o Pão de Açúcar e o carnaval.
Fizeram, ainda, questão de homenagear o futebol do Pelé.
Agora todo esse mosaico de cores está representado em uma
seleção de 128 imagens, que vão ser expostas
em várias escolas. “Será uma mostra itinerante”,
explica Olga. “Esses desenhos foram selecionados e premiados
com um diploma especial pela Malra. O evento no Brasil foi um sucesso
porque enviamos para a França cerca de 45 quilos de desenho
e telas. O Estado de São Paulo apresentou cerca de 1.600
trabalhos, a maior contribuição do País para
este projeto, e o Paraná enviou cerca de 1.400 desenhos”. Gestos – A Maison de L’Amerique Latine começou
suas atividades há seis anos e vem promovendo diversas atividades
culturais por toda a América Latina. Já desenvolveu
esse mesmo evento entre os estudantes do Peru, El Salvador, Venezuela
e Costa Rica. “Estamos orgulhosos da forte relação
que se estabelece entre o Brasil, os Estados de São Paulo
e Paraná e a região de Rhône-Alpes”,
declarou a presidente Marie Chantal Cassagnou. “Essa coisa
simples de fazer as crianças brasileiras desenharem sobre
o tema ‘Eu imagino a França’ e uma criança
francesa, sobre o tema ‘J’imagine le Brésil’ são
gestos para o futuro. Nós semeamos para isso. Graças
a essa corrente de amizade que se estabeleceu entre os dois países,
uma troca impressionante de desenhos de crianças pôde
surgir. Fico muito feliz por esta manifestação sensível
entre dois continentes.”
Na cerimônia de inauguração da exposição,
o cônsul da França em São Paulo, Jean Marc
Gravier, lembrou que o ensino do francês nas escolas do ensino
fundamental e médio é muito importante. “A
cooperação entre a França e o Brasil desenvolve
atualmente vários programas que permitem a jovens brasileiros
que dominam o francês estudar na França, e eu encorajo
cada aluno a prosseguir em seus esforços e os pais, a continuar
a apoiar esse aprendizado.”
Gravier disse que a programação do Brasil na França
foi um evento que permitiu um conhecimento maior sobre a cultura
brasileira. E antecipou que, em 2008 e 2009, o governo francês
irá promover o ano da França no Brasil através
de uma programação intensa, com o objetivo de estreitar
os laços culturais, políticos e, especialmente, de
amizade entre os dois países.
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