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Durante seis meses, 90 pessoas – entre professores, funcionários e alunos – se debruçaram sobre os problemas de tecnologia da informação na USP e concluíram que, na aquisição de softwares e equipamentos, aprendizado eletrônico, segurança, rede, capacitação de pessoal e outros itens, a Universidade precisa investir anualmente no mínimo R$ 28 milhões. As soluções para informática na Universidade integram o Plano Estratégico para Tecnologia da Informação na USP, lançado dia 22 no Instituto de Física. Trata-se de um estudo realizado por 11 grupos de trabalho, formados pelo Conselho Supervisor da Coordenadoria de Tecnologia da Informação (CTI). “Os problemas mais urgentes dizem respeito a redes de informática, aprendizado eletrônico e sistemas corporativos”, afirma o professor Gil da Costa Marques, coordenador da CTI.

A rede de informática USPnet funciona atualmente com a tecnologia sem fio Wifi, que permite o tráfego de dados através de sinal de rádio. Ela apresenta limitações de distância e, assim, o acesso à rede se dá através de pontos que recebem e rebatem os sinais. Sua largura de banda é pequena, acarretando baixa capacidade e velocidade na comunicação dos dados. “No momento, o impasse é substituir a tecnologia Wifi por uma que dê a cobertura mais abrangente e com a maior segurança possível, com rapidez e precisão. Acreditamos que o futuro está na tecnologia Wimax, mas precisamos fazer uma escolha criteriosa, porque sua troca demanda muito investimento”, diz Marques.

A decisão sobre a tecnologia a ser utilizada pela USPnet será tomada até o ano que vem, segundo o professor. “Ela permitirá maior mobilidade de acesso. Poderá ser acessada de um laptop, de qualquer ponto. Mas esse tipo de tecnologia permite, a rigor, ligações telefônicas via computador, por exemplo, e nisso entra a questão da segurança e do acesso. Seria necessário habilitar um número menor de pessoas para utilizá-la, mas isso, numa universidade, é complicado. Temos hoje, na USP, em torno de 100 mil pessoas e a maioria utiliza a rede.”

Há soluções disponíveis no mercado para restringir os acessos em redes sem fio e que contam com grande número de usuários. Trata-se do sistema de gerenciamento de identidades. É a solução utilizada em grandes corporações. Segundo Marques, essa é uma questão típica de rede corporativa e vem sendo tratada pelo Departamento de Informática (DI), ligado à Reitoria.
Os temas estudados pelos grupos de trabalho nomeados pelo Conselho Supervisor da CTI dizem respeito a aprendizado eletrônico, projetos especiais, computação de alto desempenho, aquisição de software, aquisição de hardware, treinamento e capacitação, sistemas corporativos, telefonia, governança de tecnologias da informação, rede de dados e segurança computacional.

Investimentos – Do total dos R$ 28 milhões necessários anualmente para operacionalizar todas as mudanças previstas no plano estratégico de tecnologias da informação, só a rede computacional USPnet demandaria investimentos de R$ 10 milhões ao longo de quatro anos, ou R$ 2,5 milhões ao ano, segundo Marques.

Outra área que precisa de reformulação é a de telefonia. Pelos estudos da CTI, o setor demanda um orçamento anual de R$ 2 milhões. De acordo com Marques, há uma tendência mundial de que as comunicações telefônicas sejam realizadas através de uma rede convergente. Isto é, o sinal analógico de telefonia é digitalizado e trafega pela rede computacional juntamente com dados e imagens. Essa tendência convergente ainda não pode ser incorporada pela USPnet porque nem todas as redes locais (aquelas utilizadas pelas unidades de ensino e pesquisa) têm capacidade para abrigar os programas demandados pela convergência, de acordo com Marques.

“As redes locais não são de responsabilidade da CTI. No caso das unidades de ensino e pesquisa, cada administrador dessas unidades é responsável pelo gerenciamento e investimentos em sua rede. Esse é outro sério problema de tecnologia da informação na USP, porque há uma enorme diferença entre as redes locais de cada unidade. Algumas são excelentes, outras estão realmente na idade da pedra. Conseqüentemente, isso influi na segurança e nas taxas de transmissão de dados de todo o sistema”, explica o professor.

Segundo Marques, o sistema convergente de telefonia demanda “equipamentos inteligentes”, capazes de diferenciar voz, dados e imagem. Para isso, seriam necessários novos roteadores, novas suítes e outros equipamentos na rede computacional, que permitam aumentar a largura da banda.

Para treinamento e capacitação de pessoas para dar suporte de informática seriam necessários R$ 1,7 milhão anualmente, diz o estudo. “É preciso gente qualificada para cuidar de tudo isso”, lembra Marques.
Segundo o plano estratégico da CTI, a troca de equipamentos de informática em toda a Universidade demandaria R$ 7 milhões ao ano. “A USP possui aproximadamente 30 mil computadores, entre servidores, desktops, notebooks e outros. Grosso modo, a cada quatro anos esses equipamentos se tornam obsoletos. Precisaríamos de uma política mediante a qual renovássemos o parque de informática a cada quatro anos. Para isso, seriam necessários R$ 7 milhões por ano.”

O professor cita o aprendizado eletrônico como outro ponto em que a CTI deverá concentrar esforços nos próximos anos. O conjunto de ferramentas necessários à Universidade para promover esse tipo de aprendizado passa pelo gerenciamento de conteúdos, de cursos, comunidades e repositórios de material didático. Além disso, outra preocupação será a constituição de uma infra-estrutura adequada à produção de material digital. “Precisaremos de salas adequadas, ou miniestúdios, para garantir a produção de material didático de muito boa qualidade, que ficará disponibilizado on-line.”

O estudo concluiu ainda que a Universidade precisa de um comitê que dite regras de uso dos equipamentos. “Precisamos de um sistema que gerencie todos os ativos (hardwares) e tudo o que é instalado nesses equipamentos (softwares). O ideal de um sistema superinteligente é que ele saiba tudo o que existe instalado em cada computador. A Universidade precisa ter um controle de tudo o que roda nos equipamentos, de tudo o que pode e não pode ser instalado.” Segundo o professor, esse comitê servirá ainda para definir políticas de ameaças, spams, problemas de vírus e qual o grau de participação de cada unidade nessa política de gerenciamento da rede.

 


 

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O Jornal da USP é um órgão da Universidade de São Paulo, publicado pela Divisão de Mídias Impressas da Coordenadoria de Comunicação Social da USP.
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