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A Universidade de São Paulo, preocupada com a formação de professores e interessada na melhoria da qualidade do ensino fundamental e médio, está introduzindo este ano inovações no programa de licenciatura, que vinham sendo discutidas desde 2001, quando da criação pela Pró-Reitoria de Graduação da Comissão Permanente de Licenciatura, para atender ao Conselho Estadual de Educação. De acordo com a diretora da Faculdade de Educação, professora Sonia Penin, que na gestão anterior foi pró-reitora de Graduação, o espírito da proposta é aproximar mais a Universidade das escolas de educação básica, especialmente as da rede pública de ensino. Concretamente, haverá algumas mudanças no estágio que os alunos de licenciatura fazem nas escolas e no tipo de relacionamento dos docentes da Universidade, e da própria Universidade, com essas escolas e seus professores.

Segundo a diretora, até agora os estágios previstos nos cursos de licenciatura sofriam de certa pulverização, pois cada aluno escolhia a escola na qual quisesse atuar, com o inconveniente de que nem ele nem a Universidade podiam se responsabilizar pelo que ocorria na unidade escolhida, nem estabelecer vínculo mais firme com ela. Agora, o programa, discutido pela Pró-Reitoria e pela Faculdade de Educação com todas as unidades da USP que trabalham com licenciatura, prevê a seleção de algumas escolas-campo de estágio que, em convênio com a Secretaria da Educação do Estado e com secretarias municipais de Educação próximas da USP, receberão os estagiários. Outra inovação importante introduzida pelo programa é a figura do educador. São professores da rede especialmente selecionados com a missão de fazer o meio de campo entre a Universidade e as escolas básicas do estágio.

Os estágios supervisionados serão feitos preferencialmente em escolas e instituições ligadas a um projeto de trabalho elaborado por uma equipe de professores envolvidos com cursos de licenciatura. A proposta é que, gradativamente, as disciplinas e os professores passem a organizar seus programas e atividades para licenciatura, a partir de uma perspectiva de formação de professores integrada a uma preocupação temática e a uma atuação nas escolas conveniadas, de preferência compartilhadas com docentes de diferentes áreas.

De acordo com a diretora da Faculdade de Educação, pretende-se potencializar os estágios, que são atividades com duração aproximada de 300 horas/curso, de tal modo que o aluno de licenciatura aprenda, não apenas a técnica de dar aulas, mas que conheça tudo o que acontece nas escolas do estágio, em todos os níveis. A integração desejada será, portanto, entre Universidade, seus professores e alunos e a escola da rede, seus alunos e professores. Mais ainda: existem na USP diferentes licenciaturas (Geografia, Física, Letras etc.) e, pelo novo programa, seus professores, alunos e os educadores se organizarão para, em conjunto, cuidar do desenvolvimento das escolas supervisionadas. Para coordenar tudo isso e fazer funcionar foi formada a Comissão Interunidades da Licenciatura (CIL), composta por docentes de diversas unidades, aos quais se pede que apresentem projetos.

Praça do Relógio USP - Créditos: Cecília Bastos
A professora Sonia Penin, diretora da Faculdade de Educação da USP: inovações na licenciatura

Custos – Claro que as inovações no curso de licenciatura terão seus custos. Sonia Penin informa que esses cálculos já foram feitos pela comissão. Na apresentação das inovações incluídas no sistema de licenciatura, está dito que “um programa articulado de formação de professores necessita, para sua implementação, de recursos humanos, materiais, e de apoio institucional, além da instauração de mecanismos para acompanhamento sistemático de sua evolução e contínua avaliação”. Pressupõe, ainda, “a contratação de docentes educadores e técnicos, assim como o estabelecimento de uma infra-estrutura capaz de fornecer o apoio necessário para o desenvolvimento das ações programadas”. 2007 será o ano de implementação do programa, diz Sonia, que, quando pró-reitora de Graduação, desenvolveu, junto com a Secretaria da Educação do Estado, o Pró-Universitário. O programa consistia em horas extras para alunos do terceiro ano do ensino médio, um reforço e esforço para aproximar os alunos da rede pública da Universidade. A professora havia observado que a maioria dos estudantes que visitavam a USP eram de escolas particulares, e o programa visava exatamente a inverter essa tendência.

Agora, na administração do governador José Serra, a atenção dos educadores volta-se para essa questão e para o aprimoramento do ensino público fundamental, inclusive com a proposta de certo apadrinhamento de escolas da rede pública pelas universidades oficiais do Estado. A diretora da Faculdade de Educação concorda com a idéia, embora observe que os excelentes colégios públicos de antigamente, do tipo Caetano de Campos, acolhiam majoritariamente alunos da elite paulistana. As condições sociais de São Paulo mudaram muito e se faz necessário atender, com ensino de qualidade, à demanda de toda a população. É isso que a USP e em particular a Faculdade de Educação estão procurando fazer. A diretora da Faculdade de Educação integra o Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior (Sinaes), do Ministério da Educação. Está lá na condição de pessoa de notório saber, a convite do ministro Fernando Haddad.

 

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