A diretora do Arquivo, Liliane: documentos revelam mudanças da cidade

 
 
 
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Fotos: Francisco EmoloProjetos arquitetônicos de relevância para a história urbana da cidade de São Paulo, como o do Teatro Municipal de São Paulo, e o do estádio Paulo Machado de Carvalho, o Pacaembu, receberão arquivamento adequado graças a uma parceria entre a Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) da USP e o Arquivo Histórico Municipal Washington Luís. A parceria dará inicio à informatização de 70 mil documentos da Série das Edificações Particulares e o Fundo Particular Severo e Villares, pertencentes ao acervo do Arquivo Municipal, submetidos à aprovação da Prefeitura entre 1906 e 1920.

O conjunto documental, muito consultado por arquitetos e pesquisadores, abrange o período de transformações urbanas transcorridas na cidade de São Paulo entre o final do século 19 e início do século 20. Essa proposta nasceu de um projeto encaminhado à Fapesp, dentro do Programa de Políticas Públicas, e tem como objetivo facilitar a consulta e preservação dos documentos pesquisados.

O acervo terá descrição documental em catálogo informatizado, reprodução fotográfica e digital dos desenhos e a agilização da pesquisa será feita por meio de banco de dados, relacionado a um banco de imagens, a ser consultado via internet (com imagens em baixa resolução). “Para maior segurança e divulgação da coleção, o projeto propõe a duplicação dos originais, em cromos e DVDs, imagens TIF 300 dpis, e uma série de publicações e exposições com o intuito de divulgar e despertar a atenção da comunidade para a riqueza desse acervo sobre a cidade de São Paulo e sua arquitetura”, observa Beatriz Piccolotto Siqueira Bueno, coordenadora do projeto.

Beatriz ressalta que a digitalização vai agilizar a pesquisa. “O pesquisador vai poder listar a produção, o período ou o assunto que lhe interessa, chegando aos dados rapidamente, além de ter a imagem atrelada ao banco de dados.”

Fotos: Francisco EmoloMuita história – Liliane Schrank Lehmann, diretora do Arquivo Histórico, conta que há muita história para se contar entre as plantas arquitetônicas mantidas pela instituição. “Nas primeiras construções da cidade de São Paulo, havia uma preocupação do cidadão em construir sua casa colocando o banheiro do lado de fora da construção, pois não era hábito ter esse cômodo pertencente ao corpo principal da casa.” Beatriz explica que o banheiro entra nas residências somente a partir do final do século 19. “No começo as casas mais simples tinham apenas uma latrina.”

Outra peculiaridade do acervo são plantas da década de 20 cujas construções, hoje, se encontram tombadas. “Os documentos permitem entender como se deu o processo de urbanização da cidade, quando tudo se concentrava no Centro, e depois se espalhou. Na época, a avenida Paulista era muito longe do centro, ficava numa área de fazenda”, ressalta.

Detalhes do mobiliário e da fachada compõem o acervo arquitetônico do Mercado Municipal. Beatriz conta que essa documentação está completa, incluindo todo o mobiliário das bancas de produtos, como peixarias, frutarias e padarias.

O projeto, que também é coordenado pelo professor Nestor Goulart Reis, da FAU, finaliza no dia 23 de abril a fase de captação de informações sobre a metodologia a ser usada para a inserção no banco de dados e reprodução fotográfica e digital dos desenhos. Conta com um conjunto de nove bolsistas de treinamento técnico, sendo a maioria historiadores e fotógrafos formados pela Faculdade de Fotografia do Senac. Os bolsistas cumprirão 25 ou 40 horas semanais.

Apoio informativo – O Arquivo Histórico Municipal Washington Luís é uma entidade de direito público vinculada ao Departamento do Patrimônio Histórico da Secretaria Municipal de Cultura. Opera como órgão especializado de apoio informativo à administração e à pesquisa social, desenvolvendo atividades voltadas para o gerenciamento de arquivos municipais e para a preservação da memória de São Paulo.

O acervo é formado por conjuntos documentais que vão do século 16 até processos públicos de 1921. Conta com aproximadamente 4,5 milhões de documentos textuais e gráficos que registram atos do poder público, entre eles os fundos da Câmara Municipal de São Paulo, intendências municipais, Prefeitura municipal, comissão do 4o Centenário da Cidade e fundos particulares, entre eles o do Escritório Técnico Severo e Villares. A série Edificações Particulares apresenta 429 volumes encadernados com ofícios, despachos, plantas, desenhos e projetos arquitetônicos, que datam de 1870 a 1905.

Entre 1906 e 1920 são 780 caixas, contendo aproximadamente 68 mil processos de edificações particulares. Nesses processos estão incluídos os projetos arquitetônicos que merecerão reprodução fotográfica e digital. “A série documental está ordenada por ano de construção e por logradouro em ordem alfabética, mas dado o seu volume, seu estado de conservação e acondicionamento e, principalmente, por não ter tido seu tratamento arquivístico completado, somente uma parcela ínfima das informações para os estudos sobre o Município é acessada”, explica Beatriz.

A FAU dispõe de profissionais qualificados e laboratórios com equipamentos, já adquiridos, para reprodução fotográfica e digital de coleções de desenhos, bem como o Laboratório de Programação Gráfica (LPG), com duas impressoras Heildelberg, para viabilizar séries de publicações futuras. “Com esses recursos”, afirma Goulart Reis, “será possível reproduzir fotograficamente e digitalizar o acervo, duplicá-lo por medida de segurança e organizar a publicação de uma série de álbuns temáticos com as imagens e uma série de exposições, para levar os conteúdos ao grande público, por exemplo, nas estações de Metrô.”

 

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O Jornal da USP é um órgão da Universidade de São Paulo, publicado pela Divisão de Mídias Impressas da Coordenadoria de Comunicação Social da USP.
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