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© Cecília Bastos

O Jornal da USP está chegando nesta edição a uma marca da qual pouquíssimas publicações universitárias – para dizer o mínimo – podem se orgulhar. Quem observar atentamente o fio-data da primeira página do jornal verá um número redondo, quase cabalístico: 800. O Jornal da USP acaba de chegar à sua 800ª edição em 21 anos praticamente ininterruptos de publicação. É um número a se comemorar, sem dúvida. Mas também é uma oportunidade de reflexão a respeito do papel da Universidade, do próprio jornalismo universitário e, por que não?, das próprias mutações que o País enfrentou nessas últimas duas décadas. Sempre se afirmou – e esse é verdadeiramente o mote do JUSP – que o jornal é uma janela aberta da Universidade para a sociedade. Ou seja, é a partir dele – hoje ao lado de outras mídias da Coordenadoria de Comunicação Social – que a sociedade que dá sustentação à universidade pública, gratuita e de qualidade trava conhecimento acerca do que se desenrola intramuros acadêmicos, além de saber o que pensam seus pesquisadores a respeito dos assuntos mais candentes nos níveis nacionais e internacionais.

O Jornal da USP não é um house organ, como alguns ainda teimam em suspeitar, posto que sua finalidade não é simplesmente noticiar fatos relevantes ou curiosos da Universidade, sem questionamento. Pelo contrário. O JUSP é uma publicação acadêmica voltada para os problemas sociais, universitários e culturais, procurando fazer, isto sim, uma discussão e uma reflexão sistemáticas sobre aspectos que chamam a atenção da opinião pública – seja ela interna ou externa à Universidade. Mas, é claro que o Jornal da USP é, sem trocadilho, um jornal da USP, como bem apontou a pesquisadora Carla Risso em sua dissertação de mestrado apresentada na Escola de Comunicações e Artes (ECA) em 2005, intitulada A Universidade em manchete. Com isso, é justo que suas preocupações e suas pautas se atenham muitas vezes aos afazeres e interesses da Universidade, à qual está umbilicalmente ligado.

Mas esse perfil para além do house organ foi conquistado aos poucos e com um trabalho profissional que, ao longo dos anos, acabou por referendar a importância da publicação. Quando nasceu, em 1985, pelas mãos do então reitor Hélio Guerra Vieira, ele até estava próximo do jornal chapa-branca que alguns insistem em enxergar ainda hoje. Era, como apontou Carla Risso em sua dissertação, destinada prioritariamente aos docentes, havendo inclusive espaço para etiqueta com nome e endereço do destinatário. Era mensal – isto é, pretendia-se mensal, posto que sua periodicidade inicial era errática – e o espaço para discussões e interpretações era praticamente nulo.

© Jorge Maruta
A redação do Jornal da USP: há 21 anos a serviço da sociedade

Essa situação só foi mudar a partir de 1989, quando uma redação eminentemente profissional e voltada exclusivamente ao fazer jornalístico começou a empreender uma face ao jornal que hoje todos conhecem. O JUSP ultrapassou os muros da Universidade e hoje não chega apenas aos campi da capital e do interior, mas alcança público dos mais diversos, desde parlamentares, secretarias e ministérios, redações de jornais – onde, segundo afirmou certa vez um ex-diretor de redação do Jornal da Tarde, é disputado “a tapas”– a leitores de todas as latitudes e ideologias. Nesse aspecto, como em tantos outros, o Jornal da USP está cumprindo seu papel – divulgar e mostrar para a sociedade a Universidade de São Paulo em sua totalidade, com seus acertos, perplexidades e dúvidas a serem questionadas e compreendidas.

Mundo mutante – Nesses seus mais de 21 anos de existência e 800 números, o Jornal da USP presenciou mudanças sintomáticas em vários aspectos da sociedade brasileira e, também, do mundo. Afinal, quando foi criado o jornal, o Brasil estava recém-chegado ao chamado “estado democrático de direito”, com um presidente civil empossado em Brasília, depois de mais de duas décadas de generais-presidentes. Mas eram tempos bicudos: inflação incontrolável, bois gordos sumindo do pasto, a Universidade ainda sem a autonomia da qual hoje tanto se orgulha e que é tão importante para sua existência e sobrevivência. A Guerra Fria, apesar da glasnost e da perestroika de Gorbatchóv, ainda fazia pairar sua cimitarra atômica sobre a cabeça de todos e havia um profundo estado de insegurança. Mas as coisas, como a história conta e todos com mais de 30 anos de idade sabem, mudaram. O Muro de Berlim caiu, a URSS se esboroou em vários Estados independentes, o comunismo virou feudo exclusivo e anacrônico de norte-coreanos e de Fidel, o Brasil elegeu seu primeiro presidente por vias diretas em 1989, apeou-o do poder três anos depois diante de muitas denúncias de falcatruas e a vida seguiu, democrática e incisivamente, como deve ser. Ah, sim: e sem inflação.

Por outro lado, o mundo vivenciou a mais intensa revolução tecnológica dos últimos tempos. O mundo, a “aldeia global” vaticinada por Marshall McLuhan nos anos 60, virou praticamente uma vila diante do incremento da internet, que tornou a vida on-line uma realidade e as distâncias, uma proximidade virtual.
A tudo isso o Jornal da USP observou com atenção e curiosidade, trazendo para as suas páginas as explicações, ponderações e interpretações de estudiosos uspianos, que procuravam explicar aos leitores – e à sociedade em geral – em que mundo mutante estávamos vivendo. E ainda estamos.

Ao longo de seus 800 números, o Jornal da USP passou por oito reitores, seis governadores de Estado, cinco presidentes e um sem-número de inovações tecnológicas, sociais, culturais e políticas. Começamos nossa caminhada em uma estrada pavimentada pelo idealismo e a vontade de fazer algo diferente em letra de imprensa. Hoje, trafegamos em uma estrada virtual que faz a redação, a Universidade como um todo estar integrada efetivamente ao mundo. A missão, no entanto, está apenas no começo. Com seus 800 números e 21 anos de idade, o Jornal da USP chega à sua maioridade. E tem muito ainda a fazer e muito a informar a seus leitores – no final das contas, a razão de existência de qualquer publicação.

© Jorge Maruta

 

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O Jornal da USP é um órgão da Universidade de São Paulo, publicado pela Divisão de Mídias Impressas da Coordenadoria de Comunicação Social da USP.
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