Em clima argentino

Uma metrópole de personalidade própria. Assim se pode explicar Buenos Aires, a capital argentina, conhecida por seus cafés, pelas avenidas largas, pela arquitetura européia e pelos moradores extremamente charmosos. E pelo tango, é claro, a música que melhor caracteriza o clima de paixão que parece dominar a cidade. Quem se decidir por Buenos Aires para passar esse verão, não pode perder algumas das principais atrações da cidade, mas lembre-se de que o verão

Foto crédito: Nilton Fukuda

portenho chega a ser tão quente quanto o brasileiro. Na Recoleta, bairro elegante e sofisticado, as atrações vão dos cafés e antiquários a museus e o Cemitério da Recoleta, onde estão enterrados personagens históricos argentinos, entre eles Evita Perón. Quem estiver por ali não pode perder a feira na Plaza Francia, que acontece aos sábados e domingos, bastante freqüentada por turistas atraídos pelas peças em prata, cerâmica, couro e artesanato. No bairro há também dois dos principais museus de Buenos Aires: o Museu Nacional de Belas Artes, que conta com obras de vários

artistas nacionais e internacionais, como Monet, Renoir, Goya, El Greco, entre outros; e o Museu de Arte Latino-Americana de Buenos Aires (Malba), que nasceu do acervo do colecionador argentino Eduardo Constantini, com obras como Abaporu de Tarsila do Amaral ou Autorretrato con chango y loro da mexicana Frida Kahlo. Os museus recebem também exposições temporárias, ciclos literários e projeções cinematográficas. A Feira de San Telmo, no bairro de mesmo nome, é reduto para quem gosta de tango e antiguidades. Acontece sempre aos domingos e suas barracas reúnem desde bijuterias, gramofones, garrafas para água com gás a roupas de época, além de casais dançando tango nas ruas. Perto de San Telmo fica La Boca, um bairro da periferia que atrai turistas pelas ruas de casas pintadas em cores vivas, como o Caminito, uma passagem de uma quadra bem no coração do bairro, onde os visitantes podem ver artistas de rua que retratam o cotidiano da cidade e tangueiros. Outro bom lugar para fazer compras é a rua Florida, no centro da capital. Ali, junto à avenida Córdoba, está a Galería Pacífico, um prédio centenário com paredes que exibem obras de arte, porque antes abrigava uma galeria de arte. Destaque para as lojas de grife e especializadas em artigos de couro. Também no centro, na esquina das avenidas 9 de Julho e Corrientes, está o famoso Obelisco, monumento construído em 1936 para comemorar os 400 anos da cidade. O centro abriga ainda teatros, livrarias e cafés, como o Teatro Colón, que merece uma visita guiada, mesmo se não puder assistir a nenhum espetáculo. Perto dali, a Avenida de Mayo parte da Plaza de Mayo e chega até o Congresso Nacional. No caminho está o Café Tortoni, mais um dos símbolos da cidade, que antigamente era freqüentado por personalidades da literatura e da política. O café conserva a mesma estrutura e decoração de décadas atrás e há apresentações de tango todas as noites. Para aproveitar a fama da boa comida argentina, principalmente do churrasco, o bairro de Puerto Madero é uma seleção de bons restaurantes, com preços mais altos, com vista para os diques do Rio da Prata. Os passeios mais calmos, para caminhar ou apenas aproveitar a paisagem, ficam por conta dos parques espalhados pelos Bosques de Palermo, a maior área verde da cidade. Entre os destaques estão o Rosedal, jardim com várias espécies de rosas, localizado no coração do parque, ao lado dos lagos; e o Jardim Japonês, com numerosos bonsais, lagos com peixes, venda de plantas e uma casa de chá. Buenos Aires também atrai muitos turistas pelas casas noturnas e bares, mas a noite só começa a esquentar depois da meia-noite, então se prepare para ficar acordado. Há muitos sites e guias turísticos sobre a capital argentina. Uma boa dica é o site www.mibsasquerido.com.ar, que tem versão em português. Para a Argentina em geral, outro site é www.visitingargentina.com/esp.

 

A rota do vinho

Saindo de Buenos Aires, quase uma linha reta e cerca de 1.100 quilômetros depois, se chega em Mendoza, cidade conhecida pela beleza da paisagem e pelos vinhos. Aos pés da Cordilheira dos Andes, o clima seco, o terreno pedregoso e a mudança de temperatura entre o dia e a noite são as principais características da região e são qualidades essenciais para o plantio da uva. Não é à toa que a região concentra as melhores vinícolas, ou bodegas, da Argentina. Ali se plantam uvas das variedades tempranillo (considerada a primeira trazida da Espanha por Pedro de Castillo, fundador da cidade em 1561), chardonnay, cabernet sauvignon e malbec, considerada a especialidade, entre outras. Hoje são mais de mil bodegas e várias agências de turismo da cidade oferecem pacotes com visitas guiadas por pelo menos duas vinícolas e degustação no final, por cerca de 30 pesos por pessoa. Quem preferir pode fazer o passeio de carro, já que muitas bodegas ficam abertas para receber os turistas, mas antes de sair, escolha bem os lugares e se informe sobre a necessidade de fazer reserva. Entre as vinícolas premiadas estão: Catena Zapata, Salentein, La Agricola, Norton, Finca Flichman e Familia Zuccardi. Em algumas vinícolas, os visitantes podem ver a plantação, a colheita, a retirada do suco, a fermentação, conhecer os barris onde é feito envelhecimento e o processo de engarrafamento do vinho. Depois partem para o ritual de degustação, com tipos de vinhos diferentes, para aguçar os cinco sentidos, mas principalmente o paladar. O visitante também aprende como segurar a taça de maneira correta, a diferença entre as cores, aromas e gostos de vários tipos de uva. No final, há sempre uma lojinha estrategicamente localizada para quem quiser levar uma lembrança para casa, com vinhos a metade do preço praticado no Brasil. De janeiro a março, a cidade celebra a Fiesta Nacional de la Vendimia, uma das maiores festas dedicadas ao vinho do mundo, que inclui desfile de carros alegóricos nas principais ruas da cidade e a escolha da rainha. Na cidade ainda há várias opções de passeios pelos parques e praças, como o Parque San Martín, criado em 1896, que hoje tem uma área de cerca de 400 hectares e abriga mais de 500 espécies vegetais, todas trazidas de outras regiões (já que a área de Mendoza é originalmente desértica), e a Plaza Independencia, localizada na região central da cidade, com muitas árvores e uma fonte iluminada à noite. Tanto a cidade de Mendoza quanto a província de mesmo nome também atraem turistas interessados em esportes radicais. A proximidade da Cordilheira possibilita atividades como rafting e trekking, no verão, e cavalgadas na neve, no inverno. Destaque para a região de termas de Cachueta, Postrerillos e Puente del Inca, no caminho para o Chile. Dica de site para Mendoza: www.argentinaesmendoza.com.ar.

 

Do outro lado da montanha

A cidade de Mendoza está mais perto de Santiago do Chile do que de Buenos Aires. Se for visitar a região dos vinhos argentinos só falta mesmo atravessar o sobe-desce das montanhas da Cordilheira e os cerca de 450 quilômetros que a separam da cidade com a melhor qualidade de vida da América Latina. Santiago é uma cidade limpa, segura e, na maior parte do tempo, calma. Ao contrário da capital argentina, a vida noturna por ali não é agitada todos os dias da semana e se concentra de quinta a sábado, quando muita gente sai para as ruas e bares, principalmente dos bairros de Bellavista, Providencia e Nuñoa. Nos outros dias, vale a pena visitar os museus, passeios, centros culturais e parques espalhados pela cidade. Dentro do Parque Metropolitano de Santiago, está o Cerro San Cristóbal, um ótimo lugar para passear pelos jardins ou apenas observar a bela paisagem. Ali o visitante pega o antigo funicular, espécie de bonde, depois um teleférico até chegar ao topo, de onde tem uma excelente vista da cidade. No parque há muitas opções de passeio, entre eles o Jardim Japonês. Outra opção é o Parque Florestal, na borda do rio Mapocho, que cruza a cidade e leva ao Museu de Belas Artes e à ponte Pio Nono. O museu abriga um acervo de mais de 5 mil peças, feitas a partir do século 16, entre pinturas, esculturas, gravações e desenhos de artistas de todo o mundo. Já no centro da cidade as principais atrações são os edifícios históricos. A Plaza de las Armas é o coração de Santiago e o marco zero do Chile. A seu redor estão importantes construções, entre elas a Catedral Metropolitana, o edifício dos Correios e o Museu Histórico Nacional, em que se pode ver a história do Chile a partir de mais de 70 mil peças, do período pré-colombiano ao século 20, com móveis, armas e pinturas de arte sacra, entre outras. Já na Plaza de la Constitución está localizada o Palacio de la Moneda, um casarão construído no século 13 e recentemente reformado, que hoje abriga a sede do governo chileno. Na praça, a cada dois dias acontece a troca da guarda, um desfile impecável dos carabineiros ao som de uma banda. No Mercado Municipal, o visitante pode encontrar diferentes produtos típicos do Chile, em especial frutos do mar. Para as compras, aproveite a Calle Bella Vista, onde se podem ver os artesãos trabalhando em peças em cobre, prata e pedra lápis-lázuli, em dezenas de lojas, e a feira de artesanato de Santa Lucia, em frente ao morro Santa Lucia e na estação de metrô de mesmo nome, um bom exemplo da arte popular do país. O trânsito na cidade é conhecido por ser caótico como o de São Paulo, então aproveite o céu limpo e as temperaturas altas do verão para andar a pé ou de bicicleta, já que a maioria das atrações turísticas fica no centro.

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