Educação Ambiental e Cidadania

Efeito Estufa

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Para reflexão:

O que é efeito estufa?

Você já pensou porque o interior do carro com os vidros fechados se aquece tão rapidamente? O sol emite radiações em todos os comprimentos de onda, mas a maior parte está dentro da faixa da luz visível (de 380 a 750 nm – Figura 1), que passa pelo vidro para dentro do carro. Parte dessa energia é absorvida pelos materiais no interior do carro e parte é refletida de volta. Essa energia refletida é a radiação infravermelha (de 4 a 40 µm), que por ter um grande comprimento de onda não passa pelo vidro, ficando aprisionada. Sendo assim fica fácil deduzir que haverá um armazenamento de energia dentro do carro provocando um aumento na temperatura, pois nem toda a energia que entrou sairá. Esta pode ser considerada uma analogia para o efeito estufa global.
            Gases como o gás carbônico (CO2), o metano (CH4) e o vapor d'água (H2O) funcionam como uma cortina de gás que vai da superfície da Terra em direção ao espaço, impedindo que a energia do sol absorvida pela Terra durante o dia seja emitida de volta para o espaço. Sendo assim, parte do calor fica “aprisionado” próximo da Terra (onde o ar é mais denso), o que faz com que a temperatura média do nosso planeta seja em torno de 15°C. A esse fenômeno de aquecimento da Terra dá-se o nome de efeito estufa. Se não existisse o efeito estufa a temperatura média na Terra seria em torno de –15°C e não existiria água na forma líquida, nem vida.
 

Figura 1: Espectro da luz solar.

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Por que a preocupação com o efeito estufa?

        Se o aquecimento da Terra pelos gases estufa permite que o nosso clima seja mais ameno, então por que nos preocupar com o efeito estufa? O grande problema é que o efeito estufa está aumentando muito rapidamente neste último século, pois está havendo uma alta emissão de gases como gás carbônico, metano e óxido nitroso para a atmosfera. A principal fonte de gás carbônico é a queima de combustíveis fósseis (carvão, gasolina, diesel) e as queimadas das florestas. Nestes últimos 140 anos, a temperatura do nosso planeta aumentou em média 0,76 oC. Pode parecer pouco, mas esse aumento já foi suficiente para abalar o clima do planeta.
            Pesquisadores do Reino Unido observaram que o aumento da temperatura naquele país fez com que a atividade microbiana do solo aumentasse, aumentando assim a emissão de CO2 que estava retido no solo.
           O chamado IPCC, Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (Intergovernamental Panel on Climate Change), conta com a participação de cerca de 2500 cientistas e técnicos que tem como objetivo avaliar e relatar as variações climáticas e impactos ambientais de forma objetiva e compreensível. As avaliações do IPCC são utilizadas mundialmente pelos tomadores de decisões (no nível político) e cientistas. As projeções do órgão são dependentes de como todos os países e pessoas individualmente atuarão para minimizar as emissões de gás carbônico. Portanto, as projeções são variáveis, e o aumento de temperatura para o final do século XXI pode ser em média de 1,8 (na melhor das hipóteses) a 4,0 oC (no pior cenário). O nível do mar pode subir de 18 a 59 cm. Além do aumento da temperatura global também foi registrado que o nível do mar subiu em média 17 cm no século XX, levando a grandes inundações de terra. Uma população inteira de uma Ilha do Pacífico checou a ser evacuada, fazendo com que seus habitantes perdessem seus lares e suas identidades culturais. (Elevação do nível do mar força evacuação de Ilha-Nação)

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Quais são os principais gases de efeito estufa?

O gás carbônico não é o único gás capaz de impedir que a radiação infravermelha emitida da Terra escape. Na verdade este contribui com cerca de 53 % do total dos gases estufa, sendo que outros gases produzidos pelas atividades humanas também contribuem para o efeito estufa: metano (17%); CFCs (12%), e óxido nitroso (6%), entre outros (Tabela 1). Além de estar em maior porcentagem, a concentração do gás carbônico vem aumentando rapidamente nas últimas décadas.

A Tabela 1 mostra que nem todos os gases de efeito estufa absorvem igualmente o calor. Veja que uma molécula de metano absorve com uma eficiência 23 vezes maior os raios infravermelhos que uma molécula de gás carbônico. Já uma molécula de CFC-12, gás que foi muito utilizado em geladeiras, tem um poder de aquecimento por molécula, 8.100 vezes maior que o gás carbônico. A maior fonte de óxido nitroso está nos processos naturais devido às atividades biológicas no solo e nos oceanos, mas a manipulação do solo pelo homem, principalmente devido o uso de fertilizantes vem aumentando a emissão desse gás para a atmosfera. O ozônio nas camadas mais baixas da atmosfera (a troposfera) além de ser um gás extremamente nocivo para a saúde humana, também tem um elevado poder de aquecimento. A água tem grande capacidade para armazenar calor, mas não se enquadra nos ‘gases de efeito estufa’ propriamente dito porque a quantidade de água na atmosfera depende dos outros gases. Isto é, quanto maior a temperatura da atmosfera, maior a evaporação da água dos rios, oceanos e de outros reservatórios. Sendo assim, se a concentração dos gases de efeito estufa aumentar devido a ação do homem, o aumento do vapor de água da atmosfera será uma conseqüência disso.

Se a emissão de gás carbônico continuar aumentando na mesma velocidade dos últimos anos, a temperatura do planeta poderá aumentar tanto que os desastres previstos são muito grandes. Por exemplo, o gelo das regiões polares poderá derreter, causando inundações de grande parte da costa dos continentes, sendo que cidades litorâneas inteiras poderão desaparecer. As correntes oceânicas poderão ser afetadas de forma a alterar a distribuição de calor na Terra, grandes regiões agrícolas poderão se tornar desertos, e tempestades violentas poderão ocorrer com mais freqüência por causa das variações climáticas.

 

Tabela 1: Concentração na atmosfera atual dos principais gases de efeito estufa, seus tempos de vida médio, fontes, Potencial de Aquecimento Global (P.A.G.) e sua contribuição para o aquecimento que se observa atualmente.

A Figura 2 mostra que nos anos 50 a concentração de CO2 na atmosfera era cerca de 315 ppmv (parte por milhão em volume – porque se trata de ar), e em apenas 5 décadas houve um aumento de cerca de 16%. Esse aumento tão rápido e tão intenso nunca foi observado na história do planeta. O zigue-zague observado na Figura 2 é por causa do aumento de CO2 na atmosfera durante o outono-inverno devido à baixa atividade fotossintética, já no período de primavera-verão a fotossíntese é mais eficiente, diminuindo então a concentração de CO2 na atmosfera. O aumento de CO2 de um ano para outro é controlado pela atividade humana, principalmente devido à queima de combustível fóssil.

                                                                                                            

Figura 2: Variação na concentração de CO2 na atmosfera medida no Observatório de Mauna Loa no Havaí localizado a 3.500 m de altitude.

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O que é o protocolo de Kyoto?

A preocupação com o efeito estufa é tão grande que 141 países assinaram um acordo internacional que visa diminuir a emissão de gás carbônico para a atmosfera. Este acordo foi chamado de “Protocolo de Kyoto” (cidade no Japão onde se concluiu o documento). O protocolo de Kyoto, que entrou em vigor em fevereiro de 2005, diz que os países desenvolvidos (que fazem parte do acordo) se comprometem a reduzir até 2012 a emissão de gases de efeito estufa em pelo menos 5%, de acordo com os níveis de 1990. Em outras palavras, cada país avalia o quanto emitia de gases estufas no ano de 1990 e deve passar a emitir 5% menos dentro do prazo estipulado. Os Estados Unidos, que são os maiores emissores de gases de efeito estufa do mundo (respondendo por 36 % do total mundial) não ratificaram (não transformaram em lei) o acordo. Juntos, EUA, Rússia, Alemanha, Grã Bretanha e Japão respondem por 70% das emissões acumuladas de gases de efeito estufa.
            É importante enfatizar que este protocolo foi apenas o início de um esforço mundial para minimizar as emissões de gases de efeito estufa. Hoje se fala em acordos mundiais 'pós Kyoto", pois já há muitas evidências sobre a necessidade de se diminuir drasticamente tais emissões.

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Como podemos saber qual era a concentração de CO2 na atmosfera há milhares de anos atrás?

Imagine que a neve que caiu sobre a Antártida há milhares de anos ainda está lá soterrada, pois esta não derreteu desde então. Se a neve for escavada e trazida para a superfície, é possível cortar o gelo em fatias, determinar sua idade, e recuperar os gases que estavam na atmosfera há milhares de anos atrás. Os cilindros de gelos escavados são chamados de ‘testemunho’ e são extremamente valiosos como fonte de informação sobre o clima na Terra no passado, visto que à medida que a neve precipita, esta carrega consigo (deixa preso) os gases presentes na atmosfera. Ao derreter esse material em condições controladas, os gases que estavam presos na neve foram liberados e analisados, tornando possível determinar a composição da atmosfera na época em que a neve caiu, sendo possível avaliar o clima do planeta no passado. A Figura 3 mostra a concentração de gás carbônico e de metano na atmosfera até 420 mil anos atrás e faz uma correlação com as variações de temperatura nesse período. O bloco de gelo que é retirado é chamado de testemunho, e a este bloco em particular (retirado em partes) foi dado o nome de "testemunho de Vostok". Note que quando a temperatura sobe, a concentração dos gases também aumenta, mostrando a forte correlação entre essas variáveis. Alguns céticos dizem que a oscilação de gases na atmosfera é um efeito natural visto que há milhares de anos isso já foi observado, porém os resultados da análise do testemunho de Vostok (Figura 3) mostra que apesar da concentração de gases de efeito estufa terem variado grandemente durante a história do planeta (resultando nos chamados períodos glaciais e interglaciais), nunca houve um aumento tão abrupto e tão intenso na concentração de CO2 como se está sendo observado hoje.

TESTEMUNHO DE GELO: VOSTOK: volta ao tempo em 420 mil anos

 

 

Figura 3: Relação entre as concentrações dos gases CO2 e CH4 com a variação da temperatura nos últimos 420 mil anos.

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Como o CO2 pode ser naturalmente retirado da atmosfera?

        Os oceanos absorvem grande parte do gás carbônico da atmosfera por dois motivos: um porque o gás se dissolve na água (lembre-se que 2/3 do planta é coberto por água) e outro porque as pequenas algas marinhas durante o processo de fotossíntese consomem CO2. Os oceanos podem ser considerados como o grande “consumidor” do CO2 atmosférico. Porém, vale lembrar que é possível dissolver maiores quantidades de um gás em águas mais frias. Se a temperatura das águas dos oceanos aumentarem, como conseqüência do efeito estufa, sua capacidade de absorver o CO2 da atmosfera irá diminuir.
            As florestas também são muito importantes para a absorção de CO2, principalmente quando estão crescendo, pois estas também transformam o CO2 atmosférico em matéria orgânica sólida por meio da fotossíntese, “limpando” a atmosfera. Portanto, um aumento no número de árvores plantadas (e não derrubadas) pode ajudar a diminuir a concentração de CO2 na atmosfera. No processo de queima de florestas, o gás carbônico que estava armazenado durante anos e anos na forma de plantas, é emitido de volta para a atmosfera em minutos.

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O que eu posso fazer para diminuir minha emissão de CO2 para a atmosfera?

A natureza está fazendo a parte dela. E você, está fazendo a sua?

Você conhece a regra dos 3 Rs? A regra dos 3 Rs significa: Reduzir; Reutilizar e Reciclar. Qualquer um dos “Rs” só irá acontecer se houver um programa de EDUCAÇÃO da população. Use a regra e seja um cidadão “de bem” com a natureza.

Cada um de nós é responsável pela emissão de uma parcela de CO2 para a atmosfera, pois consumimos produtos industrializados e usamos carros ou ônibus para nos locomover. Um norte americano ou europeu, em média, é responsável pela emissão de 5 toneladas de CO2 por ano, enquanto que em países não industrializados, essa média cai para 0,5 tonelada. Portanto, para contribuir menos para o efeito estufa basta consumir menos (reduzir o consumo!!). Mas como fazer isso numa sociedade com tantos apelos ao consumo?
            Para cada tonelada de papel reciclado, de 10 a 20 árvores são poupadas. Isto representa uma economia de recursos naturais, as árvores não cortadas continuam absorvendo CO2 pela fotossíntese, e gasta-se a metade da energia para reciclar o papel que para produzi-lo pelo processo convencional. Uma latinha reciclada economiza em energia o equivalente ao consumo de um televisor ligado por 3 horas. Veja que quando falamos em economia de energia, isto representa uma economia de combustível que seria queimado pela indústria, que implica numa redução na emissão de gás carbônico para a atmosfera, que implica numa diminuição do efeito estufa. O Brasil é o país que mais recicla as latas de alumínio (refrigerante, cerveja) no mundo, chegando a 96% em 2004.

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Veja alguns dados sobre reciclagem (Fonte principal www.multilixo.com.br)

Reciclagem de plástico

Reciclagem de vidros

Reciclagem de metais

Com a reciclagem do lixo consegue-se:

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Aqui vão algumas dicas para você se tornar um cidadão que preserva o meio ambiente:

  1. Não aceite sacolas plásticas se dá para carregar sua compra sem ela, ou se vai jogar fora depois.
  2. Só aceite outra sacola plástica se aquela que você tiver nas mãos já estiver totalmente cheia.
  3. Escreva dos dois lados do papel.
  4. Sempre que puder consuma bebidas que vem em recipientes retornáveis.
  5. Evite comprar alimentos com muita embalagem.
  6. Economize energia e água.
  7. Ande mais a pé e de bicicleta.
  8. Eduque seu filho, amigo, vizinho.
  9. Recicle papel, latas, vidros, e plásticos.

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