PEITO DE FANTASMA

Por Felipe Chibás Ortiz.

Vim
do centro de mim mesmo
para pulsar cicatrizes,
que começam no verso
e terminam no insondável,
mais atrás de tuas retinas.

O que não aconteceu
transcende vírgulas e pontos,
espreita após uma inicial.

A parede transpira
tua imagem de anjo ajoelhado
e teus olhos, verdadeiros progenitores desta loucura,
confirmam sua vocação de vertigem,
através das voltas e reviravoltas do crânio;

Mas eu sei
que tuas pintas integram a bolha da nostalgia
e sob os sinos de teus dentes
estão os raios escuros das tristezas,
que chovem sobre minha pele,
enquanto você se desfaz
nessas cartas delirantes
ainda não escritas,
porque neste peito de fantasma
pendura o sagrado
que vem de você,
quando Mayakosky e Van Gogh
ascendem por teus pés.

Escrito originalmente em: 30/10/1990 – 9h52
Poema publicado no livro Enquanto tece sua teia a aranha de cristal La Habana: Editora Abril, 1996, de Felipe Chibás Ortiz.