MEMÓRIAS FERROVIÁRIAS DE ARARAQUARA

Por Marcelo Cardoso.

Durante as minhas pesquisas por São Paulo passei recentemente por Araraquara, município no centro do estado. Além de ser uma região economicamente rica e estar perto de grandes cidades, como Ribeirão Preto, Araraquara tem uma conexão muito forte com a história ferroviária paulista.

Dos trens, sobrou muito pouco. Hoje as máquinas que transportavam passageiros não cruzam mais Araraquara. Restou, na verdade, o Museu Ferroviário Francisco Aureliano de Araújo, alojado nas dependências da antiga Estação da Ferrovia, um prédio de 1912.

O imóvel está conservado por dentro, mas o seu entorno carece de uma reforma. O visitante pode até caminhar pela linha desativada e fotografar parte de uma composição, mas apenas se não tiver problemas com o mato, que precisa ser aparado.

No site da Prefeitura Municipal de Araraquara há a informação de que em 2011 foi concluída “uma reforma significativa em relação ao restabelecimento das características originais” do local.

No entorno do museu uma constatação: reformas são necessárias. (Foto: Marcelo Cardoso)

Logo na entrada do museu se avistam os guichês onde eram vendidos os bilhetes – ou passagens – pela Companhia Paulista e pela Estrada de Ferro Araraquara. Aliás, um local “instagramável” devido ao ar nostálgico que se pode alcançar ao fotografar.

Guichês da bilheteria foram recuperados mantendo um ar “original”. (Foto: Lenize Cardoso)

No pavimento superior há muitas fotografias, entre elas, de dezenas de mulheres que, já naquela época, se formaram no Curso de Ferroviários e trabalharam ativamente para fazer parte da história das ferrovias paulistas.

O visitante também vai encontrar ferramentas, relógios, bilhetes, documentos oficiais, livros e outras relíquias que ajudam a contar a “biografia” das estradas de ferro.

Há um painel com uma longa “linha do tempo” bem interessante que mostra a história das ferrovias desde os anos 1930, incluindo dados mundiais e do Brasil. As informações nos ajudam a entender alguns motivos que determinaram o desinvestimento neste transporte.

Para não perder a hora, os passageiros olhavam o relógio do século 19. (Foto: Lenize Cardoso)

“Linha do tempo” ajuda a entender alguns motivos que determinaram o desinvestimento nas ferrovias. (Foto: Marcelo Cardoso / Museu Ferroviário)

O passeio é interessante para quem gosta de história, de trens e de ferrovias ou, simplesmente, se interessa pela cultura regional. Vale, também, para nos lembrar que o Brasil poderia ter uma malha ferroviária bem mais desenvolvida em vez de investir fortemente em rodovias.

Para conhecer mais:

Prefeitura Municipal de Araraquara. Museu Ferroviário de Araraquara, 2022. Disponível em: http://www.araraquara.sp.gov.br/governo/secretarias/cultura/paginas-cultura/museu-ferroviario-de-araraquara. Acesso em: 27 jan. 2022.

Marcelo Cardoso ( http://lattes.cnpq.br/1651419386274359 ) atua e trabalha há mais de 30 anos como jornalista. É professor universitário e pesquisador com interesse em áreas que envolvem a Comunicação, o Áudio, a História e o Esporte.